sexta-feira, 10 de abril de 2020

40 ANOS DO PROJETO JARAQUI





O Fórum Permanente de Debates sobre a Amazônia, fez o lançamento oficial do Projeto Jaraqui, no dia 14 de março de 1980, no Auditório da Faculdade de Estudos Sociais  da Universidade do Amazonas, onde foi realizado uma mesa redonda debatendo a temática “proposta para uma política florestal para a Amazônia”,  contando com a presença de professores, acadêmicos, intelectuais, ecologistas e pessoas preocupadas com a problemática da Região Amazônica.

Na proposta inicial, o Projeto Jaraqui teria um período mínimo de quatro anos e contaria com o apoio financeiro da Universidade do Amazonas (UA), Banco da Amazônia (BASA), Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, as Ciências e a Cultura (UNESCO).

A proposta inicial do projeto teria as características:

1. PARLAMENTO POPULAR E NÚCLEO DE SOLIDARIEDADE ao desenvolvimento adequado e autêntico da Amazônia, com a participação indispensável de representantes de todos os segmentos e camadas sociais;

2. Levar aos diversos segmentos da comunidade regional a discussão dos problemas amazônicos conhecimentos empíricos dos nativos e dos neo-nativos;

3. Estimular programas e projetos científicos e comunitários;

4. Suscitar uma autocritica e uma possível tomada de posição sociocultural, econômica e estético-filosófica as sociedades urbanísticas.

O projeto teve o nome do peixe Jaraqui, o mais pescado, comercializado e consumido no Estado do Amazonas, com o seu paladar famoso em arrebatar os visitantes do nosso torrão. Ele é a principal fonte de proteína animal para a maior parte da população. Foi um nome justo, pois o Jaraqui é um dos ícones maior da nossa cultura.

No dia 16 de março de 1980, às 10 horas de um domingo, aconteceu o primeiro encontro do Projeto Jaraqui em público. Aconteceu na Praça Heliodoro Balbi (Praça da Polícia), tendo como tema “A Defesa da Amazônia”.

Estiveram presentes ao primeiro ato público o poeta Thiago de Mello, professores da Universidade do Amazonas, políticos e pessoas ligadas a movimentos em defesa da Amazônia.

Os oradores se pronunciaram particularmente contra o anteprojeto enviado ao Parlamento Federal pelo Ministério do Interior, que definia a politica de exploração econômica da floresta Amazônica, em decorrência de excluir pontos fundamental importância para a preservação da floresta, aprovados pela Comissão de politica florestal para a Amazônia brasileira.

Compareceram poucas pessoas ao evento, o que foi encarado pelos organizadores como “absoluta falta de informação do povo com relação aos problemas da Amazônia”.

Na ocasião foi defendida a ideia de que o Projeto Jaraqui deveria ser levado aos estabelecimentos de ensino, a fim de que o estudante seja conscientizado da importância da Amazônia.

Na semana seguinte o Projeto Jaraqui ouviu a experiência popular. Um senhor de 72 anos de idade, chamado Francisco Cariatá, um cortador de seringa no Purus e Japurá, esteve na Praça e fez a seguinte declaração: “Os constantes desmatamentos da floresta amazônica levarão Manaus a ter uma temperatura, no futuro, por volta dos quarenta graus”. 

O futuro é agora, o desmatamento continua e a previsão daquele homem interiorano se concretizou: em setembro, em pleno verão amazônico, em Manaus, faz mais de quarenta graus, na sombra!

No segundo encontro o Senador Evandro Carreira propôs a utilização de um satélite artificial para policiar a devastação da Amazônia. O professor  Frederico Arruda, um dos membros do Fórum,  conclamou novamente todos os amazonenses e participantes da mobilização para conquistar a preservação da Amazônia, bem como, convidou a comunidade para estar presente a um ato público em frente da Igreja da Matriz na quarta-feira seguinte.

O Projeto Jaraqui passou trinta anos parado, quando foi resgatado por alguns políticos e professores da UFAM, em particular sob a coordenação do professor e antropólogo Ademir Ramos, um militante dos Movimentos Sociais, acadêmico da Universidade Federal do Amazonas, um dos fundadores do Movimento dos Professores do Estado, bem como do Movimento Indígena e das Comunidades de Base, um atuante nas lutas sociais e pela afirmação da Democracia no Brasil.

O assessor político Paulo Onofre e o então Vereador Mário Frota, também ajudaram na volta do novo Projeto Jaraqui, sendo aquele o coordenador do Festival de Marchinhas do Jaraqui e da Banda de Carnaval do Jaraqui.

É isso ai. Parabéns pelos 40 anos do Projeto Jaraqui. Espero que nova geração de manauaras leve em frente este projeto para o futuro.

Fontes: Jornais A Critica e Commercio

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