terça-feira, 30 de agosto de 2011

RIO HAMZA


O Rio Hamza é uma das descobertas mais importantes da última década e, foi realizada pela professora amazonense Elizabeth Tavares Pimentel, trata-se de um imenso rio que passa por debaixo do Rio Amazonas, numa profundidade calculada em 4.000 metros.


Os resultados preliminares desse trabalho de descoberta foram demonstrados no 12º. Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, realizado em agosto de 2011, no Rio de Janeiro.


A Elizabeth Tavares é professora da UFAM e coordenadora dos Cursos de Ciências Matemática e Física do Instituto de Educação, Agricultura e Meio Ambiente, localizado no Município de Humaitá. Faz também o seu doutorado no Observatório Nacional (uma das mais antigas instituições de pesquisas, sediado no Rio de Janeiro).


A ilustre professora fez as suas pesquisas em conjunto com o cientista Valiya Mannathal Hamza, da Coordenação de Geofísica do ON, preferiu não entrar para a história como seu nome, fez uma homenagem ao cientista e orientador da pesquisa, dando o seu nome ao rio descoberto.


As suas pesquisas foram fundamentadas nas análises de dados de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobrás, nas décadas de 1970 e 1980, na Região Amazônica. 


Para ser ter uma ideia da dimensão desse rio, a pesquisadora fez a seguinte comparação com o Rio Amazonas:


RIO                   VAZÃO M3/S          LARGURA KM         VELOCIDADE
AMAZONAS            133                          1-100                     0,1 a 2 m/s
HAMZA                3.090                      200-400                10 a  100 m/a

O Hamza perde somente na velocidade, ele é quase parando, com 10 a 100 metros por ano, mas, nos quesitos vazão e largura dispara em muito em relação ao Rio Amazonas.

Apesar dessa descoberta ter um peso internacional, a pesquisadora esbara na falta de verbas para dar continuidade ao seu trabalho. A Universidade Federal do Amazonas declara não possuir verbas, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, ajudou no início e agora declara que não dispõe de recursos para atender a demanda solicitada; somente o Observatório Nacional tem ajudado. 

A água potável será um quesito de sobrevivência das próximas gerações, mesmo assim, estão omissos em ajudar a pesquisadora: a Suframa, UFAM, Ministério da Ciência e Tecnologia, Capes, Ministério da Saúde, CNPq, Fapeam e Petrobrás.

Enquanto milhões e milhões estão sendo desviados no ralo da corrupção, a pesquisadora não recebe R$ 76 mil para concluir o seu trabalho de campo (passagens e compra de uma sonda importada).

Parabéns a pesquisadora Elizabeth Tavares e ao observatório Nacional (ON) e, vaias para as instituições brasileiras que negaram apoio ao seu magnifico trabalho de descoberta do Rio Hamza. É isso ai.


Fontes: Jornal Diário do Amazonas - UFAM e Observatório Nacional (ON).

7 comentários:

Anônimo disse...

Sobre o “Rio Hamza”
A velocidade de deslocamento desse “rio” é, de acordo com os pesquisadores, 0,000003 m/s – ora, isso é praticamente zero, como poderiam chamá-lo de rio? isso demonstra nenhum conhecimento de hidrologia, geologia, geografia…
Não existe rio algum, e sim um extenso aquífero (rochas porosas e permeáveis contendo água), já bem conhecido pelos geólogos brasileiros, chamado Aquifero Alter-do-Chão (pode ser achado no Google). Este aquifero tem seus primeiros 500 m de agua doce, abaixo disso a água se torna salgada. Suas águas não tem ligação, em profundidade, com o Oceano Atlântico, porque existe uma barreira geológica entre os dois.
Águas subterrâneas ocorrem em quase todos os terrenos (aquíferos locais) e seu aproveitamento é feito quando a água é escassa em superfície. No Peru ou em qualquer outro lugar. Dizer que é os peruanos utilizam água do “Rio Hamza”, é um pouco de delírio.
Os bolsões de água doce no Oceano Atlântico são devidos à formidável descarga do Rio Amazonas, obviamente...
Os geólogos da Petrobrás já pesquisaram toda a geologia (incluindo as águas subterrâneas), do sub-solo da Amazônia, e, aparentemente, os pesquisadores do ON não levaram em conta esse conhecimento. Resolveram reinventar a roda… quadrada…
Acredito que eles sejam sumidades em suas áreas de estudo, mas de hidrogeologia não entendem nada.
Rita Redaelli, Geóloga
Rio de Janeiro

Anônimo disse...

Que tal se a ilustríssima geóloga Rita Ridaelli com seu altíssimo grau de conhecimento conseguisse observar a crosta terrestre??? ou pelo menos (sem forçar muito) imaginar os primeiros 1000 metros de profundidade que já estão abaixo do aquífero Alter do Chão??
Pesquisa séria é pra quem pode não pra quem quer!!
Estudante de Geofísica

Anônimo disse...

Estamos impressionados com o nivel de conhecimento em Geologia e Matemática da Dra. Rita Radaelli e posse de seus conhecimentos sobre trabalhos realizados na região Amazônica. Temos certea de que essa illustre Geóloga vai descobrir um rio maior (>6000km) do que aquela descoberta pela minha aluna Elizabeth Pimentel.

Valiya Hamza
Geofísico
Rio de Janeiro

Anônimo disse...

Carta Aberta sobre o “Rio Hamza”

Uma ideia subjetiva foi apresentada durante o 12º Congresso
Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, no Rio de Janeiro,
e divulgada na mídia no mês de agosto de 2011: "abaixo do Rio Amazonas, no interior das rochas a 4.000 metros de profundidade, haveria um “rio subterrâneo” com 6.000 km de comprimento e 400 km de largura”.

Tal trabalho seria apenas criticável no âmbito da ciência, se restrito aos círculos acadêmicos. No entanto, para surpresa da comunidade geológica, a comunicação, que estava restrita ao Congresso, foi enviada, provavelmente via release, a inúmeros veículos de divulgação científica e não científica.

A divulgação de um resultado de pesquisa simplista, que usou dados concretos para chegar a conclusões improváveis, inclusive usando definições incorretas, prejudica a divulgação da ciência e desinforma o público. Proveniente de um grupo de pesquisa do Observatório Nacional, a informação correu mundo sob o nome "Rio Hamza", em alusão a um dos envolvidos na pesquisa. Entretanto, trata-se de uma conclusão precipitada de uma tese de doutorado baseada em dados indiretos - medidas de temperaturas de poços para petróleo perfurados a partir dos anos 1970. Além disso, a conclusão não foi avaliada por pesquisadores independentes e contém uma série de imprecisões de interpretação e de linguagem, ferindo conceitos arraigados nas Geociências.

Continua...

Anônimo disse...

Continuação...

O rio Amazonas atravessa, de oeste para leste, sucessivamente cinco grandes bacias sedimentares, denominadas Acre, Solimões, Amazonas, Marajó e Foz do Amazonas. Em geologia, “bacia sedimentar” significa uma depressão que, ao longo do tempo, recebe diferentes materiais sedimentares (areia, lama, etc) de uma ou mais fontes. Essas bacias estão preenchidas por uma sucessão de camadas de rochas sedimentares com milhares de metros de espessura. Quando porosas, as rochas contêm água subterrânea, situação comum em bacias sedimentares. Se, além de porosas, as rochas forem permeáveis (os poros interconectados), em geral há fluxo de água subterrânea, normalmente com velocidades medidas em cm/ano. A situação também é normal em bacias sedimentares e os diversos aquíferos das bacias atravessadas pelo Rio Amazonas são conhecidos e vem sendo estudados há tempos pelos geólogos brasileiros.

Uma explicação aceita pela ciência geológica brasileira é de que o “Rio Hamza”, “descoberto” pelos geofísicos do Observatório Nacional, não é um rio, mas um possível fluxo muito lento no interior de um aquífero formado por rochas sedimentares porosas e permeáveis. Mesmo como figura de linguagem, o termo “rio subterrâneo” utilizado por aqueles pesquisadores está absolutamente incorreto para o caso em questão, visto que esse termo é usado, e apenas com cautela, nas situações em que águas fluem através de cavernas. A água não é doce – a essa profundidade trata-se de uma água supersaturada em sais solúveis, ou seja, uma salmoura. Não está comprovada a continuidade do aquífero profundo por 6.000 km, nem se faz ideia se há descarga de suas águas para outras bacias sedimentares próximas. É uma temeridade afirmar, como se fez na Tese em debate, que a água deste aquífero exerceria alguma influência na salinidade de águas marinhas próximo à foz do atual rio Amazonas. A existência de “bolsões de água doce” no Oceano Atlântico próximo deve-se à tremenda descarga do Rio Amazonas, cujas águas invadem o mar por muitos quilômetros desde sua foz.

A forma equivocada de divulgação de resultados de pesquisa, ainda preliminares, abala a credibilidade da pesquisa brasileira, como neste caso, em que a “descoberta” de um falso "rio subterrâneo" foi alardeada de maneira precipitada e sensacionalista.

Os signatários desta carta aberta vêm, de forma responsável, contestar as conclusões tomadas como certas, mas que na verdade carecem de qualquer sentido técnico à luz da ciência geológica que se pratica no Brasil e no mundo.

Prof. Dr. Celso Dal Ré Carneiro (UNICAMP)
Prof. Dr. Eduardo Salamuni (UFPR)
Prof. Dr. Luiz Ferreira Vaz (UNICAMP)
Prof. Dr. Heinrich Theodor Frank (UFRGS)
Apoio: Federação Brasileira de Geólogos - FEBRAGEO

Anônimo disse...

Agradecemos aos Professores Celso Dal Rey Carneiro, Eduardo Salamuni, Luiz Ferreira Vaz e Heinrich Teodor Frank e com apoio declarado da FEBRAGEO (abreviado aqui como CSVFF) pelos comentários. Isso abre oportunidade para esclarecer mais uma vez as questões referentes ao fluxo subterrâneo na região Amazônica.
O trabalho de Pimentel e Hamza (abreviado aqui como PH) apresentado no último Simpósio da Sociedade Brasileira de Geofísica não trata de provas diretas sobre a existência de um “rio” subterrâneo. Apresenta indícios de um fluxo subterrâneo na região Amazônica. Não utilizamos o termo “aqüífero”, pois isso implica uma região onde se acumula a água subterrânea e que permanece em estado relativamente imóvel. Caso ocorra movimentos de recarga natural nos aqüíferos também deverá ter zonas de descargas naturais. Os dados analisados por PH não apontam um aqüífero com águas estacionárias, mas um pacote sedimentar onde há fluxos de recargas verticais em toda extensão da calha Amazônica. Essa observação implica em fluxos laterais na parte basal das bacias sedimentares desta região. O trabalho se baseia em grande parte nos dados adquiridos pelo PETROBRÁS e o modelo hidrogeológico utilizado é consagrado na literatura relevante. Esse método já foi utilizado nos estudos de movimentos de águas subterrâneas em dois locais no Brasil e os resultados foram publicados em revistas científicas conceituadas.
A divulgação na mídia nacional sobre “Rio Hamza” não foi por iniciativa dos autores PH. Decorreu inicialmente como parte de divulgação das atividades científicas institucionais. A rede internet e os meios de comunicação em massa se encarregam com divulgação de cunho popular, sendo que há exageros e erros. Um exemplo é a citação sobre a vazão do Rio Amazonas como sendo 133m3/s em vez de 133.000m3/s.
O primeiro parágrafo dos comentários de CSVFF dispensa resposta, pois trata de assuntos elementares de livros texto. O segundo parágrafo começa com afirmação em nome da “ciência geológica Brasileira”, implicando que CSVFF já tomaram posse desta área científica. Não há indícios que a divergência de opinião é unanimidade entre os integrantes de toda Sociedade Geológica Brasileira. É provável que esteja restrito aos grupos menos esclarecidos. De qualquer forma, deixamos esse assunto para comentários da Sociedade Brasileira de Geologia.
Os demais comentários de CSVFF giram em torno de opiniões e convicções pessoais dos autores sobre questões semânticas. Não houve questionamentos sobre o mérito científico do trabalho de PH (base de dados utilizada, modelo hidrogeológico e técnica de interpretação). Sugerimos que CSVFF publicassem os seus resultados em revistas com arbitragem científica, em vez de contentar com comentários de blogs.
O termo “RIO” possui mais de 37 definições na literatura. É utilizado para referir se há passagem do tempo (como rio de eventos), jogos de baralhos (rio da quinta cartada), riqueza (rio de dinheiro), medicina (rio de sangue), vulcanologia (rio de lavas) e hidrologia (rios de águas pluviais na superfície terrestre), entre outros.
A tentativa de CSVFF de associar o uso do termo “rio subterrâneo” exclusivamente ao fluxo de águas nas cavernas aponta conhecimento geológico limitado sobre o assunto. O uso do termo “absolutamente incorreto” aponta falta do devido rigor científico nas afirmações de CSVFF. Opiniões dessa natureza são conhecidas no meio científico como a do “Sapo do Poço”.
Há três modos de transporte de umidade na região amazônica, descritos como rios voadores ou atmosféricos (depende das condições atmosféricas e padrões climáticas), rios da superfície (decorrente de drenagem pluvial) e rios subterrâneos (fluxo de águas em meios geológicos permeáveis).

Continua ...

Prof. Dr. Valiya M Hamza (ON/MCT)

Anônimo disse...

Continuação ...

As questões sobre salinidade não foi tratada no trabalho de PH, pois não realizamos análises químicas das águas e estudos geoquímicos. Este é assunto de pesquisa também em hidrogeologia. CSVFF declara que as águas profundas na região Amazônica é salmoura. Na ausência de citações de trabalhos científicas ou evidencias diretas consideramos que essa declaração é derivada de convicções pessoais, sem fundamento científico.
Salmouras surgem nos meios geológicos como conseqüência de tempos de permanecia de águas no meio poroso maior que o tempo necessário para ocorrência das reações químicas de dissolução. No caso de águas em movimento, o tempo curto de permanência dificulta as reações químicas de dissolução. Por esta razão, as águas profundas em movimento no meio geológico apresentam salinidades relativamente menores.
Na região de Foz do Amazonas há indícios de duas zonas de baixa salinidade. A primeira é situada relativamente próxima á área costeira e é decorrente da mistura de águas pluviais com a do mar. Apresenta altos teores de sedimentos em suspensão, transportados pelo Rio Amazonas. Na borda externa dessa zona os teores de sedimentos em suspensão são significativamente menores, apesar da presença de águas de baixa salinidade. Uma das hipóteses prováveis é a contribuição de fluxo subterrâneo nas porções mais distantes do talude continental.
Apesar da declaração ao contrário os comentários dos parágrafos finais de CSVFF configuram como irresponsáveis no meio científico, pois não abordaram as questões científicas tratadas no trabalho de PH.

Prof. Dr. Valiya M Hamza (ON/MCT)