terça-feira, 2 de agosto de 2011

COLETIVO GENS DA SELVA

*SIMÃO PESSOA

Envolvidos com o movimento de poesia alternativa (também chamada de “poesia marginal”) desde o final dos anos 70, eu, Arnaldo Garcez, com a colaboração de Aníbal Beça, Narciso Lobo, Antonio Paulo Graça, Mário Adolfo, Manuel Galvão, Rui Sá Chaves, João Bosco Ladislau e Almir Graça, elaboramos os estatutos e fundamos, em 1987, o coletivo Gens da Selva, uma entidade cultural sem fins lucrativos, com sede provisória no Bar do Armando.

O nome do coletivo fazia uma brincadeira eufônica com o famoso Jim das Selvas, herói dos quadrinhos desenhado pelo badalado Alexandre (Alex) Raymond, o mesmo que lançou Flash Gordon. Ao mesmo tempo, trazia como pedra de toque o substantivo gens (“pessoas”, em francês), reafirmando nossas raízes caboclas e nosso cosmopolitismo cultural.

O Coletivo Gens da Selva foi a primeira entidade cultural do Amazonas a receber do Ministério da Cultura o registro definitivo, que a habilitava a fazer captação de recursos junto à iniciativa privada com os benefícios da Lei Sarney (a segunda foi o Movimento Alma Negra – MOAN – do Nastor Nascimento).

Foi dessa forma que editamos o jornal Miratinga e vários livros de poesia, em 1988, e produzimos o primeiro disco do cantor Roberto Dibbo, em 1989.

Nos anos 90, o Coletivo Gens da Selva ficou mais focado na edição de livros de poesia, jornais, fanzines e recitais poéticos, deixando de lado a parte musical, mas sempre tendo como base logística o Bar do Armando.

Os shows musicais rolavam apenas durante as sessões de autógrafos de algum escritor que estivesse lançado um novo livro no pedaço.

A partir de 1999, por insistência dos biqueiros, o Coletivo Gens da Selva assumiu, definitivamente, as atividades musicais do Bar do Armando fora do período carnavalesco.

No início, as noitadas etílico-musicais foram batizadas de “Sextarmando”, porque sexta-feira era o dial mundial da “armação”.

Mais tarde ,quando os shows passaram a rolar na quinta-feira, o frege foi rebatizado de “ArmandoBrega” e, finalmente, a partir de 2001, quando a Secretaria Estadual de Cultura, por meio do secretário Robério Braga, passou a pagar um cachê simbólico para os músicos, se transformou no “Chorando na BICA”. Leia mais no seguinte endereço eletrônico: http://amordebica.blogspot.com/2011/02/o-coletivo-gens-da-selva-entra-na-bica.html

Nota do BlogdoRocha:
Tudo um dia tem o seu fim, toda essa movimentação cultural no Bar do Armando está se acabando, os sócios de carteirinha não aparecem mais por lá, outros tantos, já foram para o andar de cima. Poucos são os lançamentos de livros, praticamente não existem mais shows musicais com o cachê pago pela Secretaria de Cultural. Somente os cantores Lúcio Bahia e Anne Rocha se arriscam em cantar passando o chapéu. A coisa somente funciona quando o poeta Marco Gomes entra na Bica! O Carnaval da Bica ainda é o maior e melhor carnaval de Rua de Manaus. Quanto ao “Coletivo Gens da Selva”, continua de vento em popa, apenas a sede que mudou de lugar, com a batuta do incansável poeta Simão Pessoa. Uma das criações do Gens foi a Antologia Poética POETATU, com o numero  reunindo poemas inéditos de 17 poetas que vão desde nomes consagrados e imortais da Academia Amazonense de Letras (Anísio Mello, Tenório Telles e Zemaria Pinto), como novíssimos e novos poetas como Felipe Wanderley, Castro e Costa e Henrique Mesquita, passando pela prata da casa como Simão Pessoa, Almir Graça, Celestino Neto, Jersey Nazareno, Carlos Araújo e Marco Gomes, e músicos/poetas Célio Cruz, Cleber Cruz e Eliberto Barroncas. É isso ai.

* Simão Pessoa

Manaus, Amazonas, Brazil
Canalha exemplar, pai extremado, filho pródigo, irmão zeloso, amigo fiel, amante de quem ama, consumidor de quelônios, colecionador de discos (só samba do bom e blues tocado por negro, além de clássicos do rock, do reggae e do funk), ex-quarto zagueiro dos imbatíveis Murrinhas do Egito e Setembro Negro, hoje obeso, colecionador de gibis do Asterix, vascaíno em tempo integral.

 

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