Ele nasceu no município brasileiro de Maués, no interior do Estado do Amazonas, um local conhecido nacionalmente como a “Terra do Guaraná”, a grande maioria da população é descendeste dos índios Saterê Mauê; o nosso Bené é um legítimo “Papagaio Falante”, Mauê na língua tupi.
Ainda muito novo veio para Manaus, constituiu família, formou-se em Economia, foi professor e bancário, trabalhou durantes muitos anos no Banco do Estado do Amazonas - BEA.
Apesar de ter os traços de um típico cabocão do interior, foi apelidado de “SonSon”, um macaco que fez muito sucesso nos videogames da década de oitenta, pois, tinha as características do personagem, com uma personalidade engraçada e infantil.
Ele foi colega de trabalho do meu irmão Rocha Filho; fizemos amizade no BEASA, o clube social do BEA, foi caixa da agência do “BIG BEA”, no Boulevard Amazonas – o funcionalismo público recebia por lá, o movimento era uma loucura nos finais de mês. Na época, o governador criou o cartão “Direito à Vida” – a fila dobrava o quarteirão para receber a “babita” – não sei como o Bené não ficou doido de tanto trabalhar!
Certa vez, estava na fila um sujeito muito chato, passou o tempo todo berrando e perturbando o trabalho do Bené:- O Mazoca é que é o cara! Foi o único governador que olhou para os pobres! Viva o negão!
Depois de receber a “bolada”, foi tomar umas geladas no Bar da Castanholeira, na Rua Tapajós, quando já estava na décima ampola e, vendo a grana do “Direito à Vida” sumindo pelo ralo do miquitório, largou o verbo: - Mazoca, ladrão, safado, rouba um milhão e só dá trinta reais para os pobres! Negão escroto de merda!
O nosso Bené sempre foi chegado a uma boêmia, gosta de fazer a “via crucis” pelos botecos do centro de Manaus, iniciando no Jangadeiro, depois, o São Marcos, o Katequero e, finalizando no Bar do Armando, no Largo de São Sebastião.
Quando está prá lá de Bagdá revela o seu lado de “papagaio falante”, fala quem nem a “preta do leite”, enchendo o saco de todo mundo, não tem sacristão que aguente! Ele tem umas pérolas mais ou menos assim: - Será que ele (a) f...? Cabrito que é bom, não berra! Professor, professor! Nós é nós, conosco ninguém podemos, já dizia Nicodemus! Respeite o caboco de Maués!
Certa vez, ele torrou os bagos de toda a galera que estava no Bar Janela, na Rua Huascar de Figueiredo; o meu irmão mais velho se prontificou em levá-lo a sua residência, depois de trinta minutos, o Rocha voltou aliviado: - Deixei o Bené na porta da casa dele, somente fui embora quando ele abriu o portão - menos um chato no bar! Mal acabou de falar, para um taxi, sai um cara gritando: - Voltei, rapaziada! Era o Bené de volta! Dá pra acreditar?
Ele pode ser até biriteiro e chato, mas, demonstra ser muito pegado à sua família, tanto que passa uma temporada sem tomar uma cervejinha e, volta a frequentar a Igreja Batista, da Praça 14 de Janeiro. Santo Deus, o Bené é evangélico! Aleluia irmão! Imagine ele bem na foto: na maior seriedade, de paletó e gravata em pleno meio-dia, suando mais do que tampa de chaleira, com a Bíblia debaixo do braço, de mãos dadas com a esposa e filhos.
Depois de um tempo sóbrio, o Satanás começa a rondar a cabeça do Bené, o assédio é pesado do Demo, ele não suporta mais aquela secura na garganta, quando a turma da "loura gelada" menos espera, aparece o “papagaio falante”:
- Galera! Cheguei! Cabrito que é bom não berra! Professor, professor! Será que ela f...?
- Garçom traz uma cerveja bem gelada, de águas profundas, do fundo da mala, tipo canela de pedreiro, não importa a marca, basta ser cerveja, coloca numa camisinha, pois a noite está tão quente que urubu está voando com uma asa e se abanando com a outra, aproveita e faz um tira-gosto de pernil com queijo bola e bota para tocar o vinil do Roberto Carlos, hoje estou a fim de afagar as mágoas e encher a cara, deixa mais seis em standbay e fala para o Armando anotar tudo na minha conta, amanhã pagarei sem falta!
Esse é o nosso SonSon, o professor, o biriteiro, o evangélico - Bené, o caboclo de Maués! Eu, hein!
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