Com os trabalhos de
revitalização da Avenida Eduardo Ribeiro, apareceram os antigos trilhos dos
bondes que circulavam em Manaus, mostrando para os manauaras e turistas um
pouco da nossa história que estava enterrada em nome do progresso.
A nossa cidade foi uma das
ricas do Brasil, em decorrência da maciça exportação de borracha “in natura”,
no final do século dezenove e inicio do vinte - com os cofres cheios, foi
possível embelezar a cidade nos moldes das europeias, dotando de redes de
energia elétrica e a implantação dos bondes.
Os elétricos circularam precariamente
depois da Segunda Guerra e desaparecendo no final da década de quarenta, sendo
substituídos por ônibus de madeira. O governador Plínio Coelho, ainda tentou
voltar uma linha em 1957, mas foi em vão, deixando apenas os trilhos para
contar a história.
Em nome do progresso,
foram colocados camadas de asfalto nas ruas de Manaus, enterrando os trilhos
dos bondes e as pedras de paralelepípedos e de jacaré.
Com a revitalização do
Largo de São Sebastião(Teatro Amazonas/Praça e a Igreja de São Sebastião), a
Secretaria de Cultura (SEC) recuperou e deixou amostra para as novas gerações
parte do calçamento de pedras de paralelepípedos da Rua José Clemente e dos
trilhos que circundam a Praça.
Os trilhos das esquinas da
Avenida Eduardo Ribeiro/Rua Dez de Julho e da Praça de Sebastião faziam parte de
duas linhas de bondes para o“Plano Inclinado/Fábrica de Cerveja” (Miranda
Corrêa, fabricante da cerveja XPTO), no bairro de Aparecida.
Os bondes saiam da Praça
XV de Novembro (atual estacionamento do Porto de Manaus, na antiga Booth Lines),
percorriam a Rua Rocha dos Santos (prédio da Alfândega), Rua dos Andradas, entrando
na Rua Doutor Moreira até a Praça da Polícia, depois, Rua Rui Barbosa (ao lado
Colégio Estadual) até a Rua Saldanha Marinho, Rua Costa Azevedo, Largo de São
Sebastião, a esquerda da Rua Dez de Julho, Alexandre Amorim, e Rua Wilkens de
Matos, chegando ao Plano Inclinado (na Fábrica de Cerveja Miranda Correa).
Existia outra linha mais
curta para o Plano Inclinado, com o bonde subindo a Avenida Eduardo Ribeiro,
dobrando a esquerda na Rua Dez de Julho.
Existe um projeto
engavetado na Secretaria de Cultura do Amazonas, no qual os bondes voltariam a circular
num pequeno trecho, saindo do Porto de Manaus (Roadway), subindo a Avenida
Eduardo Ribeiro até o Largo de São Sebastião, destinado, em parte, aos turistas
vindos dos transatlânticos.
Conheço os bondes apenas
por fotografias antigas e, viajo neles através dos relatos escritos nos livros
do Mario Ypiranga, Jefferson Péres, Thiago de Melo e outros escritores
amazonenses.
Por hora, contento-me em
caminhar pelos trilhos dos bondes de Manaus, que aos poucos vão sendo
desenterrados e, fico na esperança de um dia voltarem a circular pelo centro
histórico da nossa cidade. É isso ai.
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