Os atuais jovens manauaras, das
classes média e alta (antigamente, apelidávamos de “filhinhos de papai”),
pegaram o gosto por um esporte caro que, antigamente, era o mesmo praticado pela
minha “turma” pobre e remediada da Rua Igarapé de Manaus – mudaram apenas os
equipamentos, mas, continua o mesmo daqueles tempos bons!
É isso mesmo! Vamos nessa, tentar
fazer uma comparação entre a prática desse esporte dos tempos atuais e da minha
época e, também, fazer um pequeno passeio pela nossa história.
Atualmente:
Os jovens “bacanas” (incluindo a minha
filha Amanda Soares, que é odontóloga/militar), gostam de praticar o “Stand Up
Paddle” (remar em pé numa prancha) mais conhecido por “SUP” (supi).
A nossa Manaus em nome do “progresso”
aterrou os seus igarapés e poluiu os demais, deixando-os como “esgotos a céu
aberto” – forçando os jovens a buscarem lugares mais longínquos para praticarem
o “SUP” e outros esportes náuticos.
Um dos lugares preferidos por eles é a
desembocadura da “Bacia do Tarumã”- por incrível para pareça, esse local foi onde
habitava a tribo dos Manaós (Mãe dos Deuses), que deu origem ao nome da nossa
cidade Manaus, por sinal, todo manauara gosta de tratar os outros confrades,
culturalmente, por mano ou mana.
Colocam no rio os seus brinquedinhos
caros ou são alugados nas Marinas ou nos “Flutuantes” (esses são da minha época,
porém, em nova versão).
O SUP é uma prancha quase igual a dos
surfistas do Havaí. Em Manaus não temos
mar salgado, porém, o Mar Dulce é
aqui!
Tem uma quilha para orientar na
navegação, onde o camarada fica em pé e, com um remo longo de plástico e
alumínio, coloca toda a sua força muscular de sua juventude para passear e
apreciar a natureza, paquerar e descarregar a sua adrenalina!
Os militares botaram a boca no
trombone:
“A Rádio Marinha FM 99,9, avisa:
Senhores navegantes - tenham muito cuidado com os praticantes de SUP -por não
possuírem sinalização, passem em uma distância razoável, evitando provocar
marolas. Praticantes de SUP- usem coletes salva-vidas e evitem passar onde
existem cargas e descargas de barcos e navios - a segurança vem em primeiro
lugar”.
Marola é um termo utilizado pelos confrades
que já moraram no Rio de Janeiro – eu e o meu irmão Henrique Martins já moramos,
uma temporada, por lá, mas, sempre falamos banzeiro, pois somos cabocos da
gema.
No passado:
Quando não existia a tal “Manaus
Moderna” (com o aterro dos Igarapés de Manaus e do Mestre Chico) - na enchente
dos rios, as águas do Rio Negro invadiam toda aquela área que, atualmente,
compõem o “Parque Jéferson Péres” e o “Parque do Mestre Chico”, entre as Pontes
Romanas I e II e a Ponte de Ferro (Ponte Benjamin Constant)– era o local onde praticávamos
esportes náuticos!
É isso mesmo, meu jovem!
E éramos todos pobres! De bens
materiais, talvez... - porém, ricos em alegria, de amor pela nossa cidade, pela
natureza e, felizes pelo nosso Igarapé de Manaus!
O lance era o seguinte:
Cada jovem da nossa rua possuía uma
boia (pequena tora de árvore que vinha na enchente do Igarapé de Manaus e,era
adotada por cada um) – aos domingos, gostávamos de praticar o nosso esporte náutico.
Era conhecida como brincadeira de Boia,
onde ficávamos em pé se equilibrando para não cair no rio e, com um remo longo
(pedaço fino da madeira), remávamos com toda a nossa força muscular da nossa juventude,
para passear e apreciar a natureza, paquerar e descarregar a nossa adrenalina!
Era puro esporte, pois íamos remando,numa
boa,até a “Ilha do Caxangá” (ficava no atual Estaleiro Nilo Coutinho, na
Avenida Lourenço Braga).
A nossa volta era complicada, pois
todos estavam cansados e, não era fácil competir com as “voadeiras" e os barcos
regionais - além da fome, ainda tínhamos que escutar toda aquela bronca dos
nossos pais. Tempos bons!
Parodiando os militares da Marinha:
“A Rádio Cipó FM 171, avisa: Senhores navegantes:
tenham muito cuidado com os praticantes de Boia, passem em uma distância razoável
para não provocarem banzeiros, pois eles não possuem sinalização. Praticantes
de Bóia: usem câmara de pneus salva-vidas, evitem passar onde existem carga e
descarga de barcos, navios e de catraias - a segurança vem em primeiro lugar”.
É
mano velho, o SUP atual é a mesma BOIA da nossa infância e adolescência, mudaram
apenas os equipamentos e o nome, mas, continua o mesmo daqueles tempos bons!
É isso ai.
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