A cúpula do Teatro Amazonas
fascina a todos que visitam o Largo de São Sebastião - dizem que ela é
constituída com trinta e seis mil escamas de cerâmica, estilizando a bandeira
brasileira, sendo um das partes mais fotografado pelos turistas e amazônidas,
perdendo somente para a fachada.
Na época da inauguração do TA, em
1896, a população local não gostou nem um pouco dessa cúpula, pois a chamavam
de “aleijão, manteigueira e monstruosidade” – o jornal “A Federação”, criticava
de maneira insólita as sua policromia, insinuando a semelhança com um papagaio
- outros, comparava a cobertura de uma mesquita.
Dizem que a sua real função era
de permitir que o Pano de Boca da cena e bastidores subisse sem dobrar, sendo
içada por um mecanismo até o vão da cúpula - não sei se está correto, pois ainda não tive a oportunidade de conhecer o seu interior.
Na nossa Manaus de outrora,
quando somente existia o prédio do IAPETEC (atual INSS), essa parte superior do
TA era vista por toda cidade – os viajantes quando chegava a nossa cidade, pelo
Porto de Manaus (Roadway), a primeira coisa que avistavam era exatamente essa
parte côncava.
Segundo o historiador amazonense
Mário Ypiranga Monteiro (1909-2004), “o serviço completo de cobertura do Teatro
Amazonas foi contratado por duzentos contos de réis (Rs.200:000$000),
incluindo-se tirantes, vigas, consolos, caibros, condutores, para-raios e
montagem da cúpula. Em moeda francesa da época, correspondiam a vinte mil,
duzentos setenta e cinco francos. A cúpula foi adquirida à Casa Koch-Frères,
pela importância de trinta mil francos, constituída de telhas vidradas da
Alsácia. Terminada a montagem a 30 de novembro de 18 95, trabalho executado
pelos técnicos franceses Adhémar Lelubre, chefe, e auxiliares Belonic Candeller
e Adolphi Rigonsi. O primeiro recebeu de gratificação pela rapidez do serviço
um conto de réis (Rs.1:000$000) e os demais quinhentos mil réis (Rs. 500$000).
A pintura ornamental é de autoria de Lourenço Machado, que a fez por seis
contos, setecentos e sessenta e seis mil e novecentos vinte réis
(Rs.6:766$920). Nesse rol está incluído o arco-de-proscênio, da mesma casa vendedora
e colocado pelos mesmos técnicos. Durante a recuperação operada no governo cel.
João Walter de Andrade, muitas das telhas danificadas foram mandadas fazer no
Brasil e lá estão confundidas com as demais”.
O governador Eduardo Ribeiro,
conhecido como “O Pensador”, era militar, republicano e maçom – como a Bandeira
Brasileira possui símbolos maçônicos, ele determinou que a cúpula do TA fosse estilizada
externamente com o nosso pavilhão nacional.
Houve uma corrente para demoli-la,
tanto que foram feitos editais chamando concorrentes para os serviços de
desmontagem - o diretor das Obras Públicas, o Dr. Anísio de Carvalho Palhano,
fez a seguinte justificativa: “O vigamento da cobertura, defeituoso, não
suporta o grande peso da cúpula, de sorte que é urgente retirá-lo, como que
muito lucrará o efeito estético do edifício, livre de tal excrescência...”!
Foto: Rocha
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