Segundo noticiou o nosso
amigo Jose
Ribamar Mitoso, o artista plástico Roberto Cravo foi para o andar de cima.
Tive a oportunidade de
vê-lo passar pela última vez, no Largo de São Sebastião, como eu estava com
pressa, não parei para bater um papo com ele. Uma pena!
Existe uma talha que está
exposta faz muito tempo no Bar do Armando, foi um trabalho do Cravo, baseado em
um desenho do Hanneman Bacellar, onde aparece o poeta Frankenstein escrevendo
os seus versos com a sua perna de piroca!
Fiz esse foto colagem faz
algum tempo atrás, aparecendo o livreto de poesias do “Poetatu” e a rainha da
BICA, a Petrolina.
Os artistas não morrem,
ficam eternizados em suas obras!
MORREU O ARTISTA PLÁSTICO
ROBERTO CRAVO: AO CRAVO, UMA ROSA!
Texto do José Ribamar
Mitoso.
Roberto Cravo foi, é e será o artista plástico mais enraizado na cultura indígena-cabocla da floresta Amazônica. Com o entalhe em madeira, sua principal expressão, transformava a matéria-prima da floresta em arte para envergonhar quem a transformava em carvão ou commodities.
Sua
resistência política, como artista, mulato, homossexual e comunista do
Partidão, era sua forma artística: a floresta recriada, expressando nos restos
de madeira recolhidos o inconformismo e a revolta contra a floresta devastada
pelo capitalismo, mas também a elegância, a alegria e a decisão de ser um
combatente a favor da liberdade total.
Há
seis meses, em um domingo de sol, visitei sua casa-atelier no bairro operário
Nova Cidade, junto com seu vizinho e meu compadre Jackson Andrade.
Fizemos
o que sempre fazíamos quando nos encontrávamos para celebrar a vida e
aproveitamos para ver o sítio arqueológico Aruake, perto de sua casa e nas
bordas da Reserva Duke. Roberto celebrou seus 70 anos de vida! Ensinou nos
países da Pan-Amazônia aquela que seria sua vocação estética visual mais
profunda!
Com
suspeita de malária, febre alta, não consegui encontrar nenhuma foto do meu
camarada na web. Mas encontrei esta declaração poética de amor, em forma de
réquiem, escrita pelo meu primo teatrólogo Wagner Melo. E com ela me despeço
para um dia reencontrá-lo na fluente luz universal! Viva a Revolução, Roberto
querido!
"Meu
amigo querido que há tanto perguntava onde andará? O último artista fiel à
resistência. Quantas vezes Manaus te assassinou? Quantas vezes te suicidaram.
Quantas portas te bateram na cara? Que as portas do céu estejam abertas pra te
receber com toda a pompa que um artista do teu quilate sempre mereceu na terra
e que você jamais recebeu". (Wagner Melo).
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