O Zé Mundão gostava muito de
pescar, principalmente, nos logos e rios próximos a cidade de Manaus – na
realidade, não curtia muita o ato de pescar, mas o passeio e o contato com a
natureza e, um dos lugares preferidos era o Lago
do Careiro.
Ele tinha um amigo, o Pedrão, um negão apaixonado por
pescarias, ele o incentivava a pescar naquela região, pois tinha uma base por
lá, no Flutuante do Mirandolino, um
pescador profissional que nos finais de semana dava suporte aos amadores.
Certa vez, formaram um grupo
de amigos e foram até o Careiro, chegaram por volta das cinco da tarde de um
sábado, pois a ideia era pescar à noite no lago – o acesso era muito difícil
durante o dia, imagine na parte noturna – por já conhecer o trajeto, o Zé
Mundão ficou receoso em entrar na mata.
O caboco Mirandolino tinha
um flutuante típico da Amazônia, com uma sala ampla, um quarto, banheiro fora
da casa, pouquíssimos móveis e uma família numerosa, uma verdadeira escadinha. Exatamente
quando a equipe estava se preparando para a pescaria, a esposa do Mirandolino resolveu
fazer uma “Caldeirada de Acari-Bodó”,
exalando um cheiro inconfundível, dando uma enorme água na boca do Zé Mundão,
que se rendeu e preferiu ficar, aguardando aquele manjar!
Depois de curtir o bodó, foi
passear de canoa com os dois filhos mais velhos do caboco – era uma noite de
lua cheia, com boa visibilidade – de repente, apareceu no céu um objeto
estranho, ele achou que era um balão gigante, mas um dos garotos falou:
-
É o “chupa-chupa”!
- Caramba! É muito esquisito esse objeto voador, ele é
redondo, as suas luzes refletem no rio, não faz barulho nenhum e deve estar as
uns cento e cinquenta metros de altura da gente!
Um dos meninos falou bem
baixinho:
-
Fica calado Zé Mundão, pois se a gente for descoberto, eles irão nos levar para
a nave!
Ficaram assustados e
voltaram para a base – o Zé ficou deitado numa pequena balsa de madeira,
olhando para o céu estrelado e, lá pela madrugada deu um vento forte, com uma
chuva pesada – ficou preocupado com os meus amigos que estavam no lago.
Lá pelas quatro da madrugada
o grupo chegou ao flutuante – eles estavam visivelmente deformados (inchados) e
com febre alta – o Pedrão falou do ocorrido:
-
Zé Mundão, você se safou dessa, passou por lá um objeto estranho no céu,
ficamos apavorados, depois, veio uma forte chuva, caindo das árvores bolos de
formigas de fogo, provocando diversas ferraduras por todo o corpo da gente.
Estava feliz por não ter
ido:
-
Fui salvo pela cadeirada do Bodó! Vi também esse objeto voador, ainda bem que
vocês viram, pois quando eu for contar na cidade, podem dizer que é “história
de pescador”!
Depois dessa, nunca mais
tiveram coragem de pescar no Lago do Careiro!
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