Existem centenas de tipos de queijos espalhados pelo mundo, mas, os
amazonenses elegeram o queijo coalho como o numero um - não podendo faltar no
café da manhã, sendo consumido “in natura”, com pão ou enrolado na tapioca com
banana frita e tucumã – foi uma tradição herdada dos nossos irmãos nordestinos,
que vieram para a Amazônia para a coleta do látex no inicio do século passado.
O queijo é assim chamado, em decorrência de ser utilizado no seu processo
produtivo o coalho, um agente coagulante, composto por enzimas, principalmente a
quimosina - ela contém resíduos de aminoácidos que convertem parte das
partículas do cálcio do leite em coágulos, ou seja, transforma o liquido em um
gel (a qualhada) que coada e prensada, vira sólido.
As principais características do Queijo Coalho são as seguintes: Massa
branca, pouco salgada e levemente ácido, com casca quase uniforme com a massa
interna – resistente ao calor, o que faz que este possa ser assado e tostado e
consumido em forma de petiscos, em espetinhos e no tradicional “Baião-de-Dois”.
Em Manaus, existe uma tradição aos domingos, com as famílias acordando
bem cedo da manhã, para consumirem um “Café Regional”, vendido em barracas
espalhadas pela cidade, sendo as mais procuradas as localizadas nas margens das
estradas, próximas a natureza.
Nesse café não pode falta o “X-Caboquinho”, um sanduíche manauara por
excelência, onde são arrumados no pão francês ou na tapioquinha, a banana
pacova frita, o tucumã, ovo e, o QUEIJO COALHO! Não adianta substituir pelo
prato ou mussarela - sem ele, não dá o gosto da região, da mata, do rio, do
peixe, do ar, da chuva e do nosso modo de ser amazônida!
O consumo é grande, porém, ele é fabricado artesanalmente por milhares
de ribeirinhos do interior do nosso imenso Estado do Amazonas e, na
maioria das vezes não utilizam as boas práticas, ocasionado na produção um
queijo inchado, coalhada azul ou cinzenta, areia e outras impurezas na massa,
mal cheiro, gosto amargo, dentre outros.
Em de decorrência desses problemas, os órgãos sanitários restringem um pouco
a sua comercialização, dando preferência aos fabricados de forma industrial –
por outro lado, a EMBRAPA editou vários trabalhos voltados para as pequenas
famílias, mostrando o processo correto de fabricação e os cuidados com a
manipulação do leite, da higienização do ambiente, dos equipamentos, dos
utensílios e de pessoas.
Somente para fins de ilustração, o processo de fabricação do nosso
queijo é o seguinte:
Fluxograma do processo de fabricação artesanal de queijo coalho
Leite è medir e coar
Verificar a temperatura è 35 graus C
Adicionar o coalho
Deixar em repouso è 40 a 60 minutos
Cortar a coalhada è com lira nos dois sentidos (vertical e horizontal)
Mexer a coalhada
Retirar 50% do soro è para aquecer até 85 graus C
Adicionar o soro na coalhada, para fazer o cozimento, com uma temperatura
de 50º C
Adicionar o sal è 145 gramas/10 litros
Mais ou menos 16 h de repouso
Fôrma
Prensa.
Desde quando que me
entendo por gente, sempre gostei de queijos, manteigas e gualhadas. Dava uma
pernada até o nosso Mercadão Adolpho Lisboa (centro antigo de Manaus), somente
para comprar apenas uns 100 gramas de queijo coalho e manteiga. Com o tempo,
comecei a consumir o queijo prato e mussarela, mas, nunca esquecia o nosso tradicional,
o cabocão coalho.
Ficava admirando aqueles
senhores de branco, vendendo queijos nas feiras e mercados, eles sempre davam
uma minúscula prova, o cara ficava com água na boca e, não escapava da compra.
Até hoje é assim.
O tempo passa, o tempo voa
e, de consumidor voraz de queijos, passei a fatiá-los e a vendê-los – virei
queijeiro – um vendedor de Queijo Coalho na Di Rocha Frios! É isso ai.
Foto: Rocha (Mercado da Manaus Moderna)
Para conhecer mais, leia o trabalho da EMBRAPA:
http://estaticog1.globo.com/2013/09/06/queijo_coalho.pdf
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