Dediquei vinte anos da
minha vida profissional, na labuta diária numa empresa do ramo comercial de
Manaus e, em meados do ano passado, fui descartado, pois segundo os seus donos,
eu estava ultrapassado e acomodado, chegando a hora da renovação dos seus
quadros – por estar fora do mercado de trabalho em decorrência da idade, passei
todo esse tempo tentando uma recolocação, mas, foi tudo em vão – o jeito foi
investir os parcos recursos num negócio próprio e, depois de longo e tenebroso
inverno, volto ao batente.
Todo início é muito
difícil, são problemas de toda ordem no novo empreendimento, com quebras de
equipamentos, vencimentos de validades, pouquíssima clientela, erros na compra
e, por ai vai, sem contar o desânimo inicial em que todo empreendedor passa –
mas, apesar de todos os pesares, não desistirei, serei persistente, pois não
tenho outra saída, terei que levantar vôo puxando os próprios cabelos (ainda
bem que não sou careca).
Nesses anos de trabalho
formal, nunca tirei uma férias sequer – dizem os médicos que todo trabalhador,
depois de um ou dois anos no máximo de labuta, deve se afastar do batente por
um mês, pois o organismo cria toxinas prejudiciais ao corpo, o que pode
acarretar sérios problemas a saúde e ao desenvolvimento pleno do trabalho
profissional e, as férias é um santo remédio, pois depura tudo, voltando à
normalidade.
Por ter ficado tantos e
tantos anos sem férias, acho que estava até o tucupi de toxinas! Em compensação,
fui forçado a tirar quinzes meses de descanso laboral - ainda bem que, consegui
dez deles com uma remuneração especial.
Acabou a moleza e a
remuneração – agora em diante, todos os centavos serão advindos do suor do meu
rosto. Não será fácil, bem sei, mas, o meu nome é “Trabalho” e o sobrenome
“Hora Extra”.
Os conhecimentos
adquiridos nos bancos escolares serão muito importantes - terei que adquirir
novos, reciclar a mente, fazer parceria com o SEBRAE, além de uma MBA, tudo
dentro do seu tempo, é claro!
Mudei-me para a Cidade
Nova II, onde abri um pequeno negócio na fronteira de Manaus com o meio rural –
estou longe dos amigos e de todos, deixei de circular um pouco pelo centro da
cidade - tudo é questão de tempo, voltarei quando tudo se normalizar – assim
espero!
E a aposentadoria?
Perguntam alguns! Sei lá por onde ela anda – respondo. Espero que Deus me
conceda mais vinte anos de trabalho e, quando passar dos setenta e cinco, irei
pensar no caso.
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