O carapanã é o termo conhecido na Amazônia para definir o mosquito e, a papeira é igual à caxumba, aquela infecção das glândulas salivares, então, para quem não é da região norte, o nome do nosso texto significa o local onde existem mosquitos em grandes quantidades e, ficam perturbando desde o dedão do pé até a cara do caboclo! Pense num aperreio!
Pois é, mano velho, certa vez, fui convidado para a inauguração de um “Barracão do Foró”, numa comunidade chamada de “Caldeirão”, no município de Iranduba/AM, no beiradão do Rio Solimões.
Para quem não sabe ou não é do ramo, o danado do carapanã não gosta muito do Rio Negro, pois a acidez das suas águas pretas geralmente impede a sobrevivência das larvas do mosquito, agora, nas águas brancas do Rio Solimões “o bicho pega com força”, misturando, ainda, com os “piuns” e “meruins”, não tem um sacristão que consiga dormir direito.
Fui numa caravana de carros, em companhia de uma turma de colegas de trabalho, na época, eu trabalhava numa fábrica do Distrito Industrial, alguns deles possuíam parentes na comunidade.
Chegamos bem cedo, encontramos uma casa abandonada, com mato para todos os lados, fizemos uma faxina geral e, montamos o nosso “QG” no local, para nossa surpresa, encontramos na cozinha dois “pés inchados”, eles forçaram a barra e fomos obrigados a “alugar” a casa em troca de quatro garrafas de cachaça, a branquinha “marvada”, conhecida também como “veludo no gogó”, credo!
O dia transcorreu numa boa, com banhos de rio, peladas no campo de várzea, bastante peixe assado na folha da bananeira, muito forró e cerveja até o tucupi!
Quando chegou à noite, a coisa toda mudou, corri para tomar banho pelado no rio, fiquei “de bubuia”, ou seja, na flor d'água, para driblar as carapanãs, não teve jeito, as diabas chegaram em “nuvem”.
Corri para o abrigo do meu barraco, passei repelente em todo o corpo, vesti uma meião até os joelhos, calça e camisa compridas e um casaco de frio, não teve jeito, elas entravam mesmo assim.
Tomei uma dose de pinga e fui para o forró, na entrada do barracão o porteiro me deu umas carimbadas, fiquei parecendo um boi marcado, depois, fui informado que era uma forma de controle, pois eu poderia sair e voltar para o barracão sem pagar novamente o ingresso.
Parti pra cima de uma cabocla gostosa, ela exalava aquele famoso perfume de “patchouli”, fiquei logo arretado, não tinha a mínima ideia como tirar uma mulher interiorana para dançar, mesmo assim, fui buscar no fundo do baú, mandado logo ver:
- A senhorita, me dar o prazer desta contradança? Ela respondeu: - Vixi! Fiquei um pouco desconcertado, dei um tempo e, partir novamente: - Vamos dança esta parte? Ela: - Vixi! É agora, José? Parti para o ataque final: - Olha aqui gatinha, vamos remexer os esqueletos, botar no toco, dançar até o Sol raiar, colar o cabo do meu remo na tua coxa, topa? Ela: - Vixi!
Sem chances para o garotão da cidade, o jeito foi pegar umas dicas com o dono do barracão, o cara simplesmente me mandou ficar perto de uma “cunhã” e ficar observando como é feito o pedido para dançar – chegou um cabocão e mandou o recado:
- Quer já? Ela respondeu: - Então, engata já! Porra, tão simples assim? Não deu outra, parti pra cima da minha caboquinha, fiz o pedido conforme a moda da casa, ela aceitou e, dançamos forró até depois da meia-noite, encostei o meu bigode no ouvido dela e botei para roçar o cabo do meu remo na “perseguida” dela – foi massa, tinha até esquecido das carapanãs desgraçadas!
A minha turma tinha montado um motel ambulante, ficava dentro de um fusquinha, a vez era tirada no par ou ímpar, primeiro, dei um banho de gato na cabrocha, fiz a dança do acalasamento e, entramos no “Fusca Motel”, com a companhia de duas centenas de carapanãs, sem falar nas três centenas que já estavam lá dentro. Pense num sufoco!
Voltei para o meu QG, atei a minha rede de dormir, quem disse que eu consegui pegar no sono, com milhares de carapanãs tocando violino no meu ouvido.
Fui para a cozinha, fazer companhia para os “pés-inchados”, contamos “lorotas” o resto da noite, tive que tomar muita pinga para ficar sedado e não sentir as picadas das carapanãs.
Quando consegui dar um cochilo, fui acordado com o canto de um Galo, ele batia as assas e detonava “Tem carapanã prá ca-ra-ra-ra-ra-lho!”. Imaginem, até o galináceo não estava aguentando!
Pela manhã fui ver o prejuízo, estava todo empolado e furado até o saco, arrumei as malas e zarpei para Manaus. Chega de carapanã dando na cara que nem papeira! Eu, hein!
Pois é, mano velho, certa vez, fui convidado para a inauguração de um “Barracão do Foró”, numa comunidade chamada de “Caldeirão”, no município de Iranduba/AM, no beiradão do Rio Solimões.
Para quem não sabe ou não é do ramo, o danado do carapanã não gosta muito do Rio Negro, pois a acidez das suas águas pretas geralmente impede a sobrevivência das larvas do mosquito, agora, nas águas brancas do Rio Solimões “o bicho pega com força”, misturando, ainda, com os “piuns” e “meruins”, não tem um sacristão que consiga dormir direito.
Fui numa caravana de carros, em companhia de uma turma de colegas de trabalho, na época, eu trabalhava numa fábrica do Distrito Industrial, alguns deles possuíam parentes na comunidade.
Chegamos bem cedo, encontramos uma casa abandonada, com mato para todos os lados, fizemos uma faxina geral e, montamos o nosso “QG” no local, para nossa surpresa, encontramos na cozinha dois “pés inchados”, eles forçaram a barra e fomos obrigados a “alugar” a casa em troca de quatro garrafas de cachaça, a branquinha “marvada”, conhecida também como “veludo no gogó”, credo!
O dia transcorreu numa boa, com banhos de rio, peladas no campo de várzea, bastante peixe assado na folha da bananeira, muito forró e cerveja até o tucupi!
Quando chegou à noite, a coisa toda mudou, corri para tomar banho pelado no rio, fiquei “de bubuia”, ou seja, na flor d'água, para driblar as carapanãs, não teve jeito, as diabas chegaram em “nuvem”.
Corri para o abrigo do meu barraco, passei repelente em todo o corpo, vesti uma meião até os joelhos, calça e camisa compridas e um casaco de frio, não teve jeito, elas entravam mesmo assim.
Tomei uma dose de pinga e fui para o forró, na entrada do barracão o porteiro me deu umas carimbadas, fiquei parecendo um boi marcado, depois, fui informado que era uma forma de controle, pois eu poderia sair e voltar para o barracão sem pagar novamente o ingresso.
Parti pra cima de uma cabocla gostosa, ela exalava aquele famoso perfume de “patchouli”, fiquei logo arretado, não tinha a mínima ideia como tirar uma mulher interiorana para dançar, mesmo assim, fui buscar no fundo do baú, mandado logo ver:
- A senhorita, me dar o prazer desta contradança? Ela respondeu: - Vixi! Fiquei um pouco desconcertado, dei um tempo e, partir novamente: - Vamos dança esta parte? Ela: - Vixi! É agora, José? Parti para o ataque final: - Olha aqui gatinha, vamos remexer os esqueletos, botar no toco, dançar até o Sol raiar, colar o cabo do meu remo na tua coxa, topa? Ela: - Vixi!
Sem chances para o garotão da cidade, o jeito foi pegar umas dicas com o dono do barracão, o cara simplesmente me mandou ficar perto de uma “cunhã” e ficar observando como é feito o pedido para dançar – chegou um cabocão e mandou o recado:
- Quer já? Ela respondeu: - Então, engata já! Porra, tão simples assim? Não deu outra, parti pra cima da minha caboquinha, fiz o pedido conforme a moda da casa, ela aceitou e, dançamos forró até depois da meia-noite, encostei o meu bigode no ouvido dela e botei para roçar o cabo do meu remo na “perseguida” dela – foi massa, tinha até esquecido das carapanãs desgraçadas!
A minha turma tinha montado um motel ambulante, ficava dentro de um fusquinha, a vez era tirada no par ou ímpar, primeiro, dei um banho de gato na cabrocha, fiz a dança do acalasamento e, entramos no “Fusca Motel”, com a companhia de duas centenas de carapanãs, sem falar nas três centenas que já estavam lá dentro. Pense num sufoco!
Voltei para o meu QG, atei a minha rede de dormir, quem disse que eu consegui pegar no sono, com milhares de carapanãs tocando violino no meu ouvido.
Fui para a cozinha, fazer companhia para os “pés-inchados”, contamos “lorotas” o resto da noite, tive que tomar muita pinga para ficar sedado e não sentir as picadas das carapanãs.
Quando consegui dar um cochilo, fui acordado com o canto de um Galo, ele batia as assas e detonava “Tem carapanã prá ca-ra-ra-ra-ra-lho!”. Imaginem, até o galináceo não estava aguentando!
Pela manhã fui ver o prejuízo, estava todo empolado e furado até o saco, arrumei as malas e zarpei para Manaus. Chega de carapanã dando na cara que nem papeira! Eu, hein!
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