sábado, 26 de abril de 2014

SAUDADES DO MEU AMIGO RODRIGO - O CARIOCA CABOCLO DE MANAUS


Nasceu na cidade de Três Rios, interior do Rio de Janeiro (alguns falam que foi na Paraíba), veio para um acaso para Manaus e, fixou residência na nossa cidade, ficou aqui por 35 anos, tornou-se um carioca caboclo.



Bem novinho foi morar no bairro da Lapa, reduto dos boêmios cariocas, próximo ao Arcos da Lapa (aqueduto do Brasil colonial e serviu como via para os bondinhos que subiam o Morro de Santa Teresa).



O Rodrigo possuía um “gogó de ouro”, cantava e encantava, caso tivesse ficado no Rio, seria reconhecido nacionalmente, em decorrência do seu excepcional talento musical – foi criado junto com os amantes da vida noturna, bem no meio dos intelectuais, políticos e músicos – a sua praia era o samba, curtiu muito os Bares cariocas como o Belmonte, Taberna e Buteko do Juca, Antonio´s e Arcos Irís.

Ele era apaixonado pelo Flamengo, a cerveja Brahma e pela Escola de Samba Mangueira – a sua marca registrada era a “Exaltação à Mangueira”, um samba/carnaval, criado em 1956 por Enéas Brites e Aluísio Costa – tornou-se um hino - quando o Rodrigo canta os primeiros refrões, todos ficavam em silêncio para ouvi-lo: 

“Mangueira teu cenário é uma beleza
Que a natureza criou, ô...ô...
O morro com teus barracões de zinco,
Quando amanhece, que esplendor,
Todo o mundo te conhece ao longe,
Pelo som teus tamborins
E o rufar do teu tambor, Chegou, ô... ô...
A mangueira chegou, ô... ô...”

Sempre foi um frágil no amor, ficava logo apaixonado, certa vez arranjou uma nega velha, ela estava afim de segurar o Rodrigo – fez altos investimentos em bebidas, montou um Bar no AP e o convidou para comemorar o evento:

- Meu amor, olha que lindo bar que eu mandei construir somente para você, aqui tem todo tipo de bebidas, gastei uma grana, não quero mais ver você nos bares da Lapa. O argumento foi forte, mas o Rodrigo não caiu no papo.

- Beleza, meu amor, só tem um probleminha: você sabe muito bem que eu sou Brahmeiro, vou descer e comprar umas ampolas. Desceu e nunca mais voltou!

Certa dia, resolveu pegar um avião e ir até Manaus, foi executar uns serviços contábeis para uma agência bancaria. No primeiro dia da sua estada em Manaus, foi ao Bar Caldeira tomar a sua “loira gelada” - da Brahma, é claro! Deu de cara com uma turma da velha guarda boémia de Manaus – foi amor a primeira vista, resolveu que não iria mais sair de Manaus.

Depois de vinte anos voltou ao Rio, não encontrou mais os velhos amigos, ficou deslocado na sua própria cidade, voltou imediatamente para a sua cidade do coração – a Manaus amada  que o aceitou como fosse um filho seu!

O Rodrigo faz muito falta daqueles momentos bons em que esteve conosco (foi chamado para cantar e encantar no andar de cima): tomando a sua Brahma, cantando o seu amor a Mangueira e ao Mengo e, convivendo maravilhosamente bem com os seus amigos manauaras. É isso ai!
Foto: Jose Rocha