O primeiro sistema de captação de águas de Manaus foi feito na Cachoeira Grande, no bairro de São Jorge, depois, passou para a Ponta do Ismael, no bairro da Compensa, funcionando precariamente até hoje; com o crescimento da cidade, está sendo construindo outro sistema na Ponta das Lajes, no bairro do Aleixo, para servir toda a zona leste da cidade.
A Cachoeira Grande foi inaugurada em 1888, com uma represa de 105 metros de comprimento - a água era cristalina e potável. Desaguam por lá vários igarapés, sendo principais os Igarapés do Mindú e dos Franceses, outrora, todos serviam de balneários para os manauenses se refrescarem nas tardes quentes de verão amazônico.
A fotografia antiga mostra como era bonito o local, aparecendo vários prédios, a represa e algumas pessoas vestidas a caráter, passeando pelo entorno. O progresso desenfreado e a insensibilidade das pessoas acabaram com tudo, o igarapé virou um esgoto a céu aberto - o que restou do empreendimento foram as ruinas do imponente prédio, no estilo medieval.
Quem desejar conhecer o local deve descer um beco, no inicio da Ponte de São Jorge, andar pelas casas tipo palafitas e lamentar muito pelo estado em que se encontra o imóvel. Apesar de tudo de ruim que os homens fizeram, ele faz parte da nossa história, não podemos permitir a destruição total da nossa memória. A Prefeitura de Manaus ainda pode revitalizar o prédio, indenizar todos os moradores do local, fazer um passeio público e inclui-lo como parte do Parque dos Bilhares, mas, falta vontade política do atual prefeito de Manaus.
Depois da destruição da Cachoeira Grande, resolveram criar o complexo de produção da Ponta do Ismael, situado no bairro da Compensa, com a retirada da água bruta diretamente do Rio Negro. O tratamento da água é realizado no mesmo local e, atualmente, atende a 79% da população de Manaus.
Em médio prazo deverá mudar de local, pois existem muitos moradores próximos ao local de captação, além da construção da ponte Manaus/Iranduba que irá contribuir em muito para a deterioração da qualidade da água do Rio Negro.
A foto antiga mostra um belo prédio, chamado de Edifício da Estação de Bombeamento D’água, construído às margens do Rio Negro, a enchente de 1953 chegou até a sua calçada; ao passar por lá tomei um grande susto, foi a primeira vez em que vi o prédio, lamentavelmente, totalmente abandonado, cheio de mato, uma parte do teto já desabou -, ele fica bem atrás do sistema de captação do lado direito (veja a fotografia atual).
Não acredito que a Águas do Amazonas tenha interesse em preservá-lo, pois não conseguem nem colocar água nas torneiras de todos os manauenses, imagine recuperar um prédio antigo.
A Cosama pertence ao governo do Estado do Amazonas – não sabemos quais os motivos que levaram o então governador Amazonino Mendes (vixe!), a vender em 2000, ou melhor, dar de mãos beijadas para uma empresa francesa, a concessão por vinte anos, para gerir todo o sistema de captação e distribuição de águas em Manaus.
O Rio Negro, considerado o maior rio de água doce do planeta, passa no quintal da cidade de Manaus, no entanto, a Águas do Amazonas cobra caro pela água, fornece um produto de péssima qualidade, além de não atender a todos, falta muita água nas nossas torneiras.
Com a incompetência da Águas do Amazonas, o Governo do Estado foi forçado a implantar o Programa Águas para Manaus (Proama), na Ponta das Lajes, com um investimento de 250 milhões de reais. Muito dinheiro público investido na obra – será que vão dar de novo de mãos beijadas para os franceses?
Esta obra está interditada, em decorrência de uma movimentação do terreno, comprometendo dois pilares de sustentação. O local fica próximo ao Encontro das Águas, mais um bom motivo para evitar a construção do Porto das Lajes, pois não se justifica poluir um local onde será retirada a água para o povo beber.
É isso ai.
Fotos: Ponta do Ismael – J Martins Rocha
Edifício da Estação de Bombeamento – IBGE /Tibor Jablonsky
Ponta das Lajes - http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1035263&page=234
3 comentários:
Sou morador do bairro de São Jorge hà 30 anos(desde a minha infância),o curioso é que quando eu era criança,os adultos falavam para mim que aquelas ruínas no igarapé,era o castelo do "Ronca",ou seja,uma alusão ao termo "do tempo do ronca".Hoje tento passar para as pessoas o que realmente é aquelas ruínas,aliás, eu tenho notado que derrubaram mais uma parte dela,tomara que seja somente impressão minha,pois algumas casas já foram retiradas pelo governo e a visão é mais ampla do local.Valeu pela sua contribuição histórica amigo Rocha!abraços!
Olá Rocha,parabéns pela suas manifestações como cidadão em prol de Manaus. Pena que não nos encontramos quando estive ai em 2009/2010 realizando um trabalho de comunicação e educação ambiental com foco na água. Sou o gestor da ONG Universidade da Água. Veja este projeto que ainda não desistimos de realizar: http://www.uniagua.org.br/public_html/website/default.asp?tp=1&pag=cont_250111.html
Um abraço Gilmar Altamira
Beleza tem cachoeiras do taruma e do mindu ponta da bolivia vamo la eu acredito ainda em milagres vou fazer minha parte.
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