segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

O “RESERVATÓRIO DE CASTELHANA” ABANDONADO


Sou um típico manauara, um cara que nasceu no Hospital da Santa de Casa de Misericórdia e morador do centro histórico há seis decádas, porém nunca tinha adentrado num local conhecido como Reservatório de Castelhana, no cruzamento da Avenida Constantino Nery com o Boulevard Álvaro Maia, mas tudo tem a sua primeira vez e, a minha foi de total decepção por ter encontrado esse prédio histórico em total abandono.

Segundo os historiadores e pesquisadores do nosso patrimônio histórico, a visão de um prédio do século dezenove nos remete a uma ruína da beleza particular, na qual deve ser valorizada e mantida na mais sublime forma, sem que a interferência humana venha ser-lhe prejudicial ao ponto de lhe descaracterizá-la.

Deixá-lo no abandono torna-se um patrimônio vazio, sem identidade e característica própria, fazendo com que a sua importância e histórias sejam apagadas levando consigo as lembranças da sociedade.

O prédio foi construído para ser um reservatório das águas vindas do Igarapé da Cachoeira Grande, em 1886.



Como podemos ver na fotografia acima, o prédio de pequeno formato, tendo como características de sua fachada como uma fortaleza gótica. Foi construído sobre um terreno mais elevado que o nível da rua e escavado para o primeiro pavimento.


No terreno onde está o pequeno prédio da Estação de Castelhana encontra-se uma obra fenomenal do arquiteto Severiano Mário Porto, um imenso reservatório de águas que lembram uma vitória-régia.


Encontramos também por lá um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da Prefeitura de Manaus.

O prédio está totalmente abandonado, com janelas e portas quebradas; o telhado está para desabar e interior podre. É uma pena.

Como é um imóvel tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN não pode deixar ficar como estar: em total abandono.

Quem é o responsável pela Estação de Castelhana? O governo federal? O governo estadual? A prefeitura de Manaus? A empresa Águas de Manaus? Não sabemos!

Somente sei afirmar que todos são irresponsáveis:

O governo federal que concedeu o tombamento e nada faz para revitalizá-lo.

O governo estadual que não move uma palha para não deixar o prédio tombado tombar literalmente.

O governo municipal que ocupa uma grande área no terreno e nada faz para recuperar um prédio histórico.

A empresa Águas de Manaus, uma concessionária que recebeu todo esse patrimônio “de mão beijada” e nada faz, com uma total falta de respeito aos moradores e a história da nossa cidade. Temos o maior rio de água doce do mundo e ainda falta água nos lares amazonenses, imaginem se irão se preocupar com a nossa história.

A Estação de Castelhana foi a primeira reserva de água de Manaus para ser distribuída para os moradores da nossa cidade, depois construíram o Reservatório do Mocó e Ponta do Ismael.

Restou apenas esse pequeno prédio que até hoje chama muita a atenção de muita gente que passa por aquele cruzamento. Muitos não sabem da sua história. Outros tanto lamentam o seu abandono. Sou um deles.

É isso ai.
Fotos Coloridas: José Rocha
Fotos antigas: autor desconhecido



Nenhum comentário: