Sou um típico manauara, um cara que nasceu no Hospital da
Santa de Casa de Misericórdia e morador do centro histórico há seis decádas,
porém nunca tinha adentrado num local conhecido como Reservatório de
Castelhana, no cruzamento da Avenida Constantino Nery com o Boulevard Álvaro
Maia, mas tudo tem a sua primeira vez e, a minha foi de total decepção por ter
encontrado esse prédio histórico em total abandono.
Segundo os historiadores e pesquisadores do nosso patrimônio
histórico, a visão de um prédio do século dezenove nos remete a uma ruína da
beleza particular, na qual deve ser valorizada e mantida na mais sublime forma,
sem que a interferência humana venha ser-lhe prejudicial ao ponto de lhe descaracterizá-la.
Deixá-lo no abandono torna-se um patrimônio vazio, sem
identidade e característica própria, fazendo com que a sua importância e
histórias sejam apagadas levando consigo as lembranças da sociedade.
O prédio foi construído para ser um reservatório das águas
vindas do Igarapé da Cachoeira Grande, em 1886.
Como podemos ver na fotografia acima, o prédio de pequeno formato, tendo como características de sua fachada como uma fortaleza gótica. Foi construído sobre um terreno mais elevado que o nível da rua e escavado para o primeiro pavimento.
No terreno onde está o pequeno prédio da Estação de
Castelhana encontra-se uma obra fenomenal do arquiteto Severiano Mário Porto,
um imenso reservatório de águas que lembram uma vitória-régia.
Encontramos também por lá um Centro de Referência de Assistência
Social (CRAS) da Prefeitura de Manaus.
O prédio está totalmente abandonado, com janelas e portas
quebradas; o telhado está para desabar e interior podre. É uma pena.
Como é um imóvel tombado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN não pode deixar ficar como estar: em total
abandono.
Quem é o responsável pela Estação de Castelhana? O governo
federal? O governo estadual? A prefeitura de Manaus? A empresa Águas de Manaus?
Não sabemos!
Somente sei afirmar que todos são irresponsáveis:
O governo federal que concedeu o tombamento e nada faz para
revitalizá-lo.
O governo estadual que não move uma palha para não deixar o
prédio tombado tombar literalmente.
O governo municipal que ocupa uma grande área no terreno e
nada faz para recuperar um prédio histórico.
A empresa Águas de Manaus, uma concessionária que recebeu
todo esse patrimônio “de mão beijada” e nada faz, com uma total falta de
respeito aos moradores e a história da nossa cidade. Temos o maior rio de água
doce do mundo e ainda falta água nos lares amazonenses, imaginem se irão se preocupar com a nossa história.
A Estação de Castelhana foi a primeira reserva de água de
Manaus para ser distribuída para os moradores da nossa cidade, depois construíram
o Reservatório do Mocó e Ponta do Ismael.
Restou apenas esse pequeno prédio que até hoje chama muita a
atenção de muita gente que passa por aquele cruzamento. Muitos não sabem da sua
história. Outros tanto lamentam o seu abandono. Sou um deles.
É isso ai.
Fotos Coloridas: José Rocha
Fotos antigas: autor desconhecido
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