quinta-feira, 21 de maio de 2015

AS FURADAS DO ZÉ MUNDÃO


As coisas mudaram para o Zé, ao sair da adolescência, quando surgiram os bailes em clubes, as piscinas artificiais e os shows de artistas locais e de outras plagas. Imaginem um caboclo surubim, ou seja, liso, mas cheio de pinta! Era o próprio Zé Mundão! Trabalhava muito, ganhava uma merreca no emprego e um monte de contas para pagar. Não tinha escapatória, o negócio era furar (entrar sem pagar) nos clubes para se divertir.

O Zé, apesar de ser torcedor do Fast Clube, gostava de frequentar o Atlético Rio Negro Clube, mesmo não sendo sócio dependente, porém, adorava nadar na piscina. Às vezes, misturava-se entre os só- cios e entrava pelo portão principal. Quando era barrado pelo porteiro, a única solução para entrar era escalar as árvores laterais e, assim, entrar no clube na maior caradura.

Outra vez, ao pular do mais alto do trampolim, Zé deu um impulso, tentou saltar de cabeça, mas caiu de barriga na piscina. Além da dor, sofreu a gozação dos sócios! Ficou com tanta vergonha, que não voltou mais a frequentar aquele lugar!

O clube de coração era o Nacional Fast Clube, conhecido como Rolo Compressor, nele, tinha grande admiração pelos jogadores, principalmente dos irmãos Piola.

 Para assistir aos jogos, dava uma “pernada” até o Parque Amazonense, na Vila Municipal; sem grana para comprar o ingresso, a solução era subir em árvores existentes ao redor do estádio ou partir para “furar” (a estratégia era aguardar o início da execução do Hino Nacional, quando os guardas ficavam em posição de sentido, para pular o muro).

Quando foi inaugurado o Estádio Vivaldo Lima, conhecido carinhosamente como Tartarugão, não tinha brecha para ele entrar sem pagar, o único jeito era comprar o ingresso mais barato, para a geral. Daí, pular para a arquibancada, onde podia assistir com mais comodidade a partida de futebol.

Num jogo de casa cheia, estavam em campo o Rio Negro e o Nacional, os times com mais títulos no Amazonas. Para esse jogo, o Zé pegou corda de seu colega, o Rogério português, nacionalino doente.

 A partida estava empatada em 2x2, placar que beneficiava o Barriga Preta (como era conhecido o Rio Negro), então, eles escalaram a parte detrás do placar (que era manual) e, num descuido da pessoa responsável, alteraram o jogo para 3x2 em favor do Leão da Vila (o Nacional).

Foi um alvoroço geral nas torcidas e no campo de futebol, com aplausos, vaias e xingamentos de todos os lados. Os guardas da PM foram até o local para averiguar o autor daquilo, quando, então, foram informados de que alguém da torcida do Leão tinha feito a alteração.


Os dois, com medo e arrependidos do que fizeram, correram em disparada para o portão de saída. Depois dessa, deram um bom tempo sem irem ao Vivaldão. 

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