quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

OS GOVERNADORES TOP DO ESTADO DO AMAZONAS


Com a posse do novo governador do Estado do Amazonas, o professor José Melo, ele entra na história como o 47º do período Republicano, sai um e, entra outro, mas, somente três são lembrados até hoje: Eduardo Gonçalves Ribeiro (com construções de prédios públicos como o Teatro Amazonas), Álvaro Botelho Maia (o único governador que morreu pobre, apesar de anos no poder) e Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo (o mentor dos políticos que ainda hoje estão no poder no Amazonas).


Eduardo Gonçalves Ribeiro (São Luís (MA), 18 de setembro de 1862 – Manaus, 14 de outubro de 1900).

Foi militar e político, governando o Amazonas de 2 de novembro de 1890 a 5 de maio de 1891 e de 27 de fevereiro de 1892 a 23 de julho de 1896.

Era conhecido pelo apelido de “Pensador”, em decorrência de ter participado ativamente dos movimentos republicanos e ter editado o jornal "O Pensador", no Maranhão.

O homem era um megalomaníaco, mandou fazer o Teatro Amazonas, o Reservatório do Mocó, a Ponte Benjamim Constant (Terceira Ponte da Avenida 7 de Setembro), o Palácio de Justiça e inúmeras outras obras, transformando Manaus na conhecida “Paris dos Trópicos”; dinheiro não faltava, quanto mais gastava, mais os cofres enchiam, advindos dos impostos da comercialização da borracha.

Alguns historiadores amazonenses relatam que o Governador Eduardo Ribeiro foi assassinado, ao tomar um copo de leite contendo veneno, outros afirmam que o seu charuto continha algumas ervas letais; o local também diverge, a maioria relata que foi na sua chácara (na Av. Constantino Nery, atual Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro), porém a minoria afirma que o homem caiu morto no Largo de São Sebastião (casa que abrigou a Construtora Rayol, atual Café do Largo).

A boca pequena comentava pela cidade que, o homicídio foi encomendado pela família Nery. O médico que examinou o corpo, afirmou alto e em bom tom: - Este homem foi assassinado! Desapareceu da cidade, alguns dias depois; dizem que foi ameaçado de morte - na realidade, a morte do governador foi em circunstancias ainda não bem esclarecidas.


Álvaro Botelho Maia (nasceu em 9 de fevereiro de 1893, no seringal “Goiabal”, rio Madeira, município de Humaitá – Manaus, 4 de Maio de 1969).

Profissões: jornalista, servidor público, advogado, escritor e professor. Era considera “O Príncipe dos Poetas Amazonenses”.

Mandatos políticos: Interventor do Amazonas – 1930 a 1933, Deputado Federal - 1933 a 1935, Governador do Amazonas – 1935 a 1937, Interventor no Amazonas - 1937 a 1945, Senador -1945 a 1951, Governador do Amazonas - 1951 a 1954, Senador – 1967 a 1969.

Segundo o seu amigo Erasmo Lino Alfaia “O que havia realmente de mais forte em Álvaro Maia era a bondade, o sentimento das coisas, a capacidade de não esquecer as suas raízes, de não perder-se do que fora um dia, do seu passado e das suas afeições mais queridas. Tinha a humildade dos gênios e era um padrão de honestidade, com quem tanto aprendi. Quando rareavam os amigos, sofreu o máximo que um homem público pode sofrer. Não se queixava, compreendia. O ostracismo político o engrandeceu na alma. Recebi inúmeras cartas suas – nenhuma revolta, amargura nenhuma nelas encontrei. Nessa ocasião pude sentir melhor o homem digno na exemplaridade de sua conduta na limpidez de sua amizade. Agradeço a Deus por me conceder o privilégio dessa amizade inexcedível. As glórias justas conquistadas por Álvaro Maia, nunca ele as soube explorar em proveito próprio, pois morreu na estreiteza do ambiente de um pobre ermitão.”

Morreu Álvaro Maia à 01h15min da madrugada de 4 de maio de 1969, num apartamento do Pavilhão Santana, da Santa Casa de Misericórdia de Manaus, acometido de infarto do miocárdio na manhã da véspera. Assistiram ao desenlace o médico assistente, Dr. Osvaldo Said, acompanhado pela enfermeira Ruth Helena, pela Srtª Maria Helena Paiva Monte (prima) e Dr. Erasmo Alfaia (amigo). Imediatamente a notícia se espalhou e começaram a chegar ao hospital os amigos do morto, que foi velado no hall do Palácio Rio Negro desde o alvorecer. O sepultamento de Álvaro Maia se deu ao fim da tarde de 5 de maio, no Cemitério São João Batista, acompanhado por grande massa humana, sentida e emocionada”. (Dados biográficos de Álvaro Maia, de autoria do Dr. Djalma Batista, publicado no livro “Álvaro Maia – Poliantéia – 1984”).

Foi um dos poucos homens públicos que entrou pobre na política e morreu pobre, uma coisa muito difícil de acontecer, pois a grande maioria dos governadores deixam a vida pública ostentando riquezas.

Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo (Manaus, 23 de fevereiro de 1928 – Manaus, 19 de julho de 2009).

Foi industrial, auditor fiscal e político, tendo sido  prefeito de Manaus e a seguir governador do Amazonas por três vezes, além de Senador pelo PMDB.

Na minha infância, morava próximo ao Palácio Rio Negro, sede do governo  e, sempre ia por lá para receber uns brinquedos, no dia o seu aniversário - esses presentes, apesar de singelos, marcaram muito a nossa geração.

O Gilberto é conhecido pelos apelidos de “Professor” e “Boto Tucuxi” – o escritor e poeta Simão Pessoa, conhece muito bem os meandros da política do Estado do Amazonas, tanto que escreveu “O Folclore Político do Amazonas”; para falar um pouco sobre a trajetória do Governador, transcrevo o seguinte:

“Em 1950, aos 22 anos, Gilberto Mestrinho montou em Manaus o curso Eficiência, preparatório para os concursos dos empregos federais. Ele mesmo passou em quatro: datilógrafo do IAPC, escriturário e oficial administrativo do Ministério da Fazenda e fiscal de consumo da Delegacia do Imposto de Renda, por onde se aposentou. Nos anos seguintes, fez-se amigo e credor do deputado federal Plínio Coelho, a quem ajudou a eleger-se governador em 1954. A primeira tentativa de vida pública foi uma candidatura a vereador, em 1955, pelo PTB. Não se elegeu. Naquela época, os prefeitos eram indicados pelo governador. E lá estava ele, em 1956, aos 28 anos, prefeito de Manaus sem ter tido um único voto. Em 1958, na convenção do PTB, o presidente regional do partido, deputado estadual Edson Stanislaw Afonso – um médico bem conceituado na cidade e que tinha sido um dos deputados estaduais mais votados do Amazonas nas últimas três eleições -, recebeu um rasteira de Plínio Coelho. Pelo seu currículo nas eleições passadas, Stanislaw estava certo de que seria o candidato a governador pelo PTB e foi para a convenção de peito aberto. Na surdina, Plínio obrigou os convencionais a votarem em Gilberto, na época seu secretário estadual de Finanças. Quando o médico soube do resultado, ficou tão indignado que começou a passar mal ainda no local da convenção. Stanislaw faleceu no dia seguinte, de infarto agudo no miocárdio.Ungido pelo padrinho político, Mestrinho elegeu-se governador em 1958, derrotando Paulo Nery, oriundo de uma das famílias políticas mais tradicionais do Estado. A eleição foi uma das mais tumultuadas da história do Amazonas. Apenas um pequeno exemplo: candidato a deputado estadual pelo PTB, com reduto em Benjamim Constant, onde Paulo Nery era o candidato favorito, Nelsonez Noronha foi encarregado de trazer as urnas do município para serem apuradas no Tribunal Regional Eleitoral, em Manaus, mas ele chegou à cidade sem a preciosa carga. Segundo o candidato, houve um banzeiro muito forte no rio Solimões e as urnas caíram na água, perdendo-se para sempre. Para dramatizar ainda mais o acidente, Nelsonez disse que observou um cardume de botos-tucuxis pajeando o local onde as urnas naufragaram, mas que nada pôde fazer. Quando, dias depois, as urnas emergiram na sede do TRE dando a maioria absoluta de votos para Gilberto Mestrinho, a oposição não teve dúvidas: os botos-tucuxis do Nelsonez haviam “emprenhado” as urnas. Para Mestrinho ganhar o apelido de boto-tucuxi foi conta de multiplicar. Gilberto ganhou fama nacional alguns meses depois de assumir o governo, quando mandou prender o amigo, padrinho político e ex-governador Plínio Coelho, àquela altura dono do jornal O Trabalhista, de oposição ao governador.
Mestrinho teve os direitos políticos cassados na primeira lista de pós-golpe militar de 1964. Era Deputado Federal por Roraima, eleito em 1962 – no mesmo ano em que Plínio Coelho se elegeu governador do Amazonas pela segunda vez. Ele sofreu arbitrariedade calado, passou alguns meses escondido em São Paulo, fixou residência no Rio de Janeiro e recompôs sua vida como empresário bem-sucedido. Tinha banco e fábrica em Belém, fábricas de revestimento texturizado no Rio de Janeiro. A ditadura nunca o incomodou e nunca se ouviu dele, nos anos de chumbo, nenhuma declaração sua contra ou a favor dos militares. Dezoito anos se passaram até que mestrinho voltasse a colocar os pés em Manaus, ele voltou em 1982, a bordo do PMDB que resultara da fusão com o PP, e elegeu-se governador, mais uma vez com acusações não comprovadas de fraude eleitoral. Depois que tomou posse, nomeou o empresário Amazonino Mendes prefeito de Manaus. Em 1986, desafiando a ala autêntica do PMDB, indicou o ex-prefeito Amazonino Mendes com candidato a governador pelo partido, provocando a debandada dos deputados federais Arthur Neto e Mário Frota, os deputados estaduais Felix Valois e Beth Azize, e os vereadores Chico Marques e Ivanildo Cavalcante. Em fevereiro daquele mesmo ano, Gilberto Mestrinho sofreu um dos maiores golpes de sua vida, a perda de um filho de 18 anos, José Carlos Mestrinho. Entre os dois casamentos oficiais - com a Maria Antonieta, viveu 45 anos e teve cinco filhos – com a portuguesa Maria Emília, teve dois filhos – com uma roraimense teve três filhas – são dez rebentos, no total, com vários netos e bisnetos”.

Segundo o portal www.acritica.uol.com.br   “De forma ininterrupta, o Amazonas é governado há 32 anos por políticos criados e doutrinados na cartilha do lendário “boto navegador”. Oito mandatos perpetuaram o “modus operandi” administrativo, políticos e eleitoral de Mestrinho. Entres eles estão o Amazonino Mendes, Vivaldo Frota, Eduardo Braga, Omar Aziz e o atual José Melo."


Ainda vai passar muita água por debaixo da ponte e, quem sabe um dia apareça outro governador para se ajudar a esse trio, fazendo parte dos tops e, ficar na história do Amazonas. É isso ai.

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