sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

ENTREVISTA COM DELFIM DE SÁ – 30/03/2012


 LUCYANNE DE MELO AFONSO
 AS INTER-RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS NA VIDA MUSICAL EM MANAUS NA DÉCADA DE 1960
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas como exigência parcial para a obtenção de título de Mestre. Área de Concentração: Processos Socioculturais na Amazônia. Linha de pesquisa: Sistemas Simbólicos e Manifestações Socioculturais.
 Orientadora: Profa. Dra. Rosemara Staub de Barros
Manaus, 29 de outubro de 2012
Foi o principal dublador na década de 1960, ganhando os festivais de dublagem. Atualmente trabalha em empresa de advocacia e ainda se faz presença nas festas de carnaval.
 Lucyanne – Como era fazer dublagem em Manaus?
Delfim – Era tão séria a coisa que quando terminei de dublar ao piano, o coronel veio em minha direção e disse: quero que você ensine minha filha a tocar piano, mas ninguém sabia tocar piano, pra você ver a seriedade da coisa. Nós fomos os pioneiros em dublagem, porque naquele tempo Manaus não tinha grandes recursos pra mandar buscar cantores de fora pra vim pra Manaus se apresentar e até mesmo por que era longe e ainda é longe e eles não tinham interesse de vim aqui. Tinha o Teatro Amazonas, os clubes, o Luso Sporting Club porque nós começamos a iniciar a dublagem no Luso. Era uma Manhã de Sol que existia na época. Nós fundamos essa Manhã de Sol. Ai o Luso nos abriu as portas e nós fundamos também a juventude lusitana, que era essa equipe: era uma juventude tão boa que nós fizemos as Manhãs de Sol de nove horas até uma hora da tarde, meio dia, o Luso não tinha balneário, era na sede do Luso. Ai o Luso investiu, comprou na época a Eletrola, a Rádio Eletrola, a Hi-Fi, mas a gente não sabia falar inglês, a gente chamava “rififi”, mas o português a gente sabia. Ai essa Manhã de Sol se tornou a coqueluche de Manaus: todo domingo depois da Missa de São Sebastião. Eu ia pra missa, depois da missa eu entrava no Luso, arrumava as mesas, lotava a sede do Luso Sporting Clube. Como a sede lotava, nós não tínhamos uma programação, não tínhamos artistas em Manaus, não tínhamos artistas pra se apresentar. Só tinha aqueles que se apresentavam na Rádio Baré, mas já era aquela turma de uma idade que só tocavam serenatas, samba-canções e não era isso que a gente queria pra juventude. E fomos privilegiados de ter nascimento na época de grandes cantores do Rádio 194 O seu Fernando tinha uma visão desse negócio, aí chamou a gente pra trabalhar na loja na Novidades Discos, onde vendia instrumentos e onde vendia discos.
Lucyanne - Antes do Sr. Fernando chamar vocês para trabalhar, já faziam as dublagens? Onde ensaiavam, na casa de alguém?
Delfim - Já já, lá no Luso. A gente ensaiava lá mesmo no Luso, ia prá lá, e ensaiava lá. E o seu Fernando viu e investiu na gente, a música que a gente queria ele tinha, que era o dono das Novidades Discos, ele chegava e dizia: pessoal vamos fazer dublagem que tem uma música assim, assim, assim, porque a gente não tinha como comprar. Quando houve essa parceria com ele, ele encarregava de mandar porque era interesse dele e quando a gente apresentava no Luso, a gente apresentava na Manhã de Sol a nossa dublagem (faz a imitação de uma música) no dia seguinte fazia sucesso em Manaus, porque a maioria estava lá dentro, eles escutavam (cantou a música de Beatles)
Lucyanne - Eram as músicas que vocês também ouviam nas Rádios?
Delfim - era o que a gente ouvia no Rádio, não tinha com comprar, ia lá com seu Fernando e emprestava o vinil pra treinar. Ai o seu Fernando viu e disse: vou ajudar os meninos. Mandou fazer umas guitarras, tinha um profissional em Manaus, o Rochinha, ele fazia os instrumentos, instrumentos melhor do que esses trazidos de fora. Ele fazia as guitarras, tinha cordas e tudo, só que as guitarras não tocavam né, não tinha som, não tinha nada, se você olhasse era uma guitarra, a gente chegava assim e fazia de conta que estava afinando, colocava o ouvido próximo ai o povo pensava: o cara vai tocar mesmo, o cara é bom!! Aí foi quando o Joaquim Marinho, representante da Phillips, da gravadora Phillips, e disse: vamos fazer um Festival, ai foram três festivais, quer dizer dois festivais, nós levamos o primeiro, levamos o segundo. No segundo festival eu perdi individual, ganhou um rapaz que veio do Rio de Janeiro pra cá que veio num circo, foi o Vitor Portela, bom pra caramba também, foi um jogo, como eu já tinha ganhado no conjunto Cly Baby Show, não sei nem o que quer dizer isso em português, e também já tinha ganhado em parceria com a Alcinéia, ai ele ganhou, mas ele trabalhou bem .. 195 O Joaquim marinho que vendia os discos, ele era representante da Phillips, ele tinha duas gravadoras, não lembro o nome da outra. Tinha também quem fazia pela CBS, esqueço o nome dele, ta coroa, ele era o representante da CBS e olha só como o negócio foi longe, porque disso aí nós ficamos numa profissionalidade tão grande que as próprias gravadoras já mandavam: dá para os meninos fazer dublagens, pra escutar o Rádio, que antigamente a gente não tinha rádio de carro né, bota essas músicas pros meninos treinarem que a gente quer vender essas músicas, os artistas se interessavam. Deu pra te perceber como funciona?
Lucyanne - Então A dublagem estava atrelada ao mercado?
Delfim - Isso, estava atrelada ao mercado, à venda daqueles discos, é verdade
Lucyanne - Está me falando uma preciosidade!!
Delfim - Nós lançamos aqui uma música internacional que ela foi coqueluche em Manaus quando nós apresentamos, era do grupo Combor Seven, o Fernando tinha mandado, nessas alturas quando o Fernando viu o sucesso que a gente tinha feito, ele mandou buscar o grupo Combor Seven pra tocar em Manaus, tinha ganhado tanto dinheiro, que não sabia o que fazer, comprei logo uma bicicleta (risos e canta a música Pati-patata..), pegava a guitara, levantava, olha a música Estourou, bicho!!! Ai mandava buscar na gravadora: pó, cara essa música ta estourando em Manaus!! Era um trabalho que a gente fazia. Depois que a Alciléia foi para Fortaleza, eu passei a trabalhar com a Edinelza Sahado, começamos a trabalhar juntos em teatro, ela era uma menina bonita pra caramba, os garotos da alta sociedade eram loucos por ela, uma figura muito bacana mesmo e a gente fazia o Upa Neguinho na estrada, chega pra lá e pra cá, ai eu empurrava ela , ela me empurrava, mas isso no feedback, os caras olhavam assim e diziam que a gente tava cantando.
Lucyanne - Ela citou que foi um teatro musicado!!?
Delfim - Exatamente, caras e bocas, o figurino seu Fernando bancava, ai ele ficou encantado por isso, eu acho que ele se apaixonou pela Alcinéia, menina q cantava comigo, ela era bonita, meiga, sabe. E a filha dele era pequena, ele tinha um amor paterno por ela. Ela fazia dublagem só ela, era: Rosas vermelhas para uma dama triste. 196 Ela dava um show, fazia os gestos, e quando o Cly Baby Show cismou de acompanhar ela !!!Tudo na dublagem: ela ficava lá no microfone e a gente tocando. E o pessoal: pó esses caras são bons!!! você entendeu? Você ta entrando no clima!!!? (risos) O 1º Festival foi o seguinte: o Joaquim Marinho, o Dr. Joaquim Marinho, aquele cara é uma figura ele,aí ele viu isso e bla bla bla, ai começou também outros clubes a fazer Manhã de Sol e também fazer alguém por lá fazendo dublagem, deu pra te perceber, pra poder chegar no Festival, então tinha o Botafogo na Cachoeirinha que fazia, os Barés fazia, o Olímpico fazia, o Atlético, o Rio Negro fazia, o São Raimundo, o Sul América, a Saga na Aparecida, mas nós no Luso que começamos com a dublagem, então quando o Marinho percebeu, ele quis reunir esses grupos todinhos e vamos fazer um Festival de Dublagem. Iniciou com a juventude lusitana e nós tínhamos uma flâmula. (símbolo impresso da juventude lusitana na camisa)
Lucyanne - E quem ganhava com isso era seu Fernando?
Delfim - o seu Fernando com a Novidades, a loja. Nós tínhamos a flâmula, né, flâmula no bom sentido, que tinha JUVENTUDE LUSITANA, que o Luso mandou fazer pra gente, então q gente tinha crédito de entrada em qualquer clube de Manaus. A gente chegava no Rio Negro com aquela flâmula e entrava. Rapaz, quando a gente chegava no São Raimundo, tinha mesa, antigamente era galinha assada com farofa, botavam refrigerante, a gente começava a tomar cuba livre. Ai as meninas olhavam assim pra gente, ai a gente fazia charme e não olhava e dizia: “não olha não , elas estão olhando”.
Lucyanne - Quem eram?
Delfim - eu, Marcelo, Manelzinho, Claudeci, Zezinho,Julinho e o cachorrinho que eu não lembro o nome. Esse era o CLY BABY SHOW, ainda tinha o do sax que era o Carioca. Ai quando o carioca foi embora, foi pro Rio de Janeiro, ai eu fiquei tanto no metal quanto no sax e no piston. Eu fazia uma dublagem no piston de Billy, eu lembro até, ainda tenho esse disco guardado.( ele fez a imitação cantando) e o grupo atrás me acompanhando, tudo mentira eu não tocava nada ali (risos) ai eu colocava abafador nele, só tu vendo.. Então o festival foi assim, dessa motivação de vários clubes que virou
coqueluche fazer dublagem, e quem vinha a Manaus tinha que ir ao Luso, né, 197 ver o grupo Cly Baby Show. Eu digo pra você sem medo de errar: isso que os Trapalhões estão fazendo hoje, a gente já fazia, só que não tinha televisão pra filmar, não tinha nada pra registrar isso aí, essa filmagem que você tem foi de uma CAMERA SUPER 8 manual, quem dera se tivesse televisão, mas não tem. A gente fazia Skets, fazia um teatro como a Edinelza falou. Nós continuamos sempre na dublagem, as ai começamos a fazer variações de teatro, fazíamos tudo La ano Luso Sporting Club, veja bem, não tinha registro pra isso, se a gente tivesse televisão na época que pudesse filmar e jogar pro ar isso, a gente estourava, ai depois nós pegamos contrato com a televisão, ai já fomos contratados pela Sadie Hauache (1965) quer dizer era a Ajuricaba (1969) lá no são Raimundo que era o dr. Kaleb, ai passamos a trabalhar na televisão pra fazer essas apresentações, ai nós trabalhamos no programa da Baby Rizato, quando encontro a Baby Rizato no meio da rua eu digo: baby! E ela diz: nem diz quanto tempo, senao vao dizer que a gente ta velho!(risos)
Delfim - Deixa eu te contar uma história legal pra caramba!
Lucyanne - mas não esqueça de terminar sobre o festival, como foram os ensaios, a escolha do repertório, a tensão do dia da apresentação!!!
Delfim- Então, deixa eu matar logo esse festival. O repertório já foi lançado pelos empresários das gravadoras.
Lucyanne - Ah então não foi o grupo que escolheu?
Delfim - Não, não! A gravadora , como diz, vamos lançar esse daqui que vai estourar essa música!
Lucyanne - Entao, tinha 10 clubes participando do festival, as gravadoras que repassaram as músicas que cada um ia dublar???
Delfim - É isso aí . Eu trabalha na individual tem um que fiz o Roberto Carlos, alguma coisa assim, acho que foi no primeiro, na dupla trabalhei Jair Rodrigues e Elis Regina, que era sucesso na época e pra estourar mais ainda, já estourava o disco! Como o famoso era a gente e outros clubes tinham dubladores, mas não tinham tanta experiência que a gente tinha. Ai quando a gente ia lá, levávamos tudo (se refere aos prêmios, troféus do festival), por isso que nós éramos recebidos nos clubes assim com uma certa autoridade: ooohh chegou o artista aí!! Cuidado!!. As meninas tiravam a gente pra dançar, ai a ente falava: não dá não, agora não, so depois hehe!! (muitos risos) Po nós éramos feios pra caramba, mas era artista.. 198
Lucyanne - Vocês fizeram sorteio das músicas ?
Delfim - Não, não, a Novidades chegava e dizia: vamos treinar essa música, tem o som da Phillips: esse disco vai estourar, cara! Vamos trabalhar em cima dele, então bora! Chegava pra outro clube concorrente e dizia a mesma coisa; olha vocês vão tocar isso aqui e assim a gente fazia o nosso festival. E em matéria de roupa, indumentária, ninguém tinha recursos né, ai já entrava o seu Fernando, a gente via os figurinos nas revistas, no cinema, que era um terno bem alto e quem fazia a roupa era Irma dele, uma excelente costureira, ela que produzia a roupas. Os sapatos eram umas botas, mandavam buscar botas, eram umas botinhas pra gente. Me lembra isso (cantou a música “O Bom” de Eduardo Araújo) “Botinha sem meia, E só na areia eu sei trabalhar, Cabelo na testa, sou o dono da festa, Pertenço aos Dez Mais”. Agora o maior sucesso mesmo, não lembro se foi uma música do Sérgio Murilo que quando eu cantava as meninas que me namoravam né. (você vai dizer que sou muito gabola) as meninas ficavam La na frente do palco, lembro ate hoje de duas meninas, ai agente dublava algumas músicas de xaveco, só pra mexer com elas: dispensei você,agora me aparece, pedindo pra voltar pra namorar, veja se me esquece. Aí as meninas choravam (risos) elas desmaiavam mesmo Ai depois desse festival, é que foram surgir os grupos que tocavam mesmo de verdade, foi quando surgiu Blue Birds, The Rock’s, The Right’s, The Sinners, porque eles viram a gente, só que eles tocavam e a gente só imitava (risos)
Lucyanne - Então enquanto vocês ensaiavam no Luso, eles já estavam comprando as guitarras de verdade, comprando no comércio da Zona Franca.
Delfim - Isso, foi quando o seu Fernando passou a vender instrumentos
musicais, aí eu fui pra aula de violão, Manuel continuou baterista, o zzinho ficou no sax e eu não sei porque , fui esquecendo, cada um pegando seu rumo. Já vieram varias propostas pra gente se reunir de novo fazer uma festa, a gente no Ducilas, ou no Hotel Tropical uma festa dessas, não tinha quem não comprasse ingresso, pois iam ver coisa boa.
Delfim - Hoje a gente olha pra um grupo tocando, a gente vê os defeitos dele, vendo o comportamento deles no palco,, esse cara toca pra caramba, mas o comportamento dele (ele se refere a performance do artista) é feio, é horrível. Era um estilo da gente se apresentar, ninguém ensinou isso pra gente, e os músicos que começaram a formar grupos iam assistir a gente, quem estava lá 199 sempre pra assistir a gente era o Chaim que era do Blue Birds, o Adelson, ele era baixista ou guitarrista, era o Jander Rubens, ai nós tocamos um pouco no Blue Birds, depois nós saímos, então eles viam como a gente se apresentava, o estilo e a maneira como a gente se apresentava era chique. Seu Fernando gastava dinheiro pra caramba com a gente. Era chique aquela roupa. A gente tinha um domínio de microfone, eu mexia meu corpo, mas a boca não saia do microfone. Hoje o cara ta cantando e esquece o microfone, eu vejo isso na televisão. Pra ter uma ideia nosso sucesso era tão grande que íamos pra outros municípios: Itacoatiara, fazer contrato, ai veio um cara de Porto Velho, viu a gente no Luso, no outro foram La no Luso fecharam um contrato com a gente pra tocar La em Porto Velho, mas so que eles não sabiam que era dublagem (risos) pensava que era um grupo mesmo, manja essa parada, pagaram nossa passagem, fomos de avião..
Lucyanne - Aí levaram a Radio Eletrola.
Delfim - (muitas risadas) Eles foram descobrir lá, quando nós fomos fazer o primeiro ensaio no Cine Resc, maior cinema que tinha lá, ai nós fizemos domingo de manha , de tarde e de noite, era lotado aquilo, na ultima apresentação deu confusão com a gente. Ai nós chegamos lá e eles perguntaram cadê os instrumentos, e nós falamos: os instrumentos estão aqui, que só que não tinha som, quando nós fomos ensaiar nós levamos o disco né, ai seu Fuarte: Escuta, vocês não tocam não? Ai descobriram tudo, mas o teatro encheu aí o menino colocava na Eletrola e tocávamos pra caramba. Aí na época fui representar o Roberto Carlos, eu tinha roupa do Roberto Carlos, o cabelinho, aquela botinha, aquele negocio. Eu não tinha dente, só tinha dois na frente, aí fui apresentar dei aquele sorriso ai o cara: olha aio Roberto não tem dente, ai o bicho pegou. Ate hoje encontramos as portas abertas, qualquer lugar que a gente chegue somos bem recebidos, justamente pelo o que nós criamos e fizemos e tá escrito que nós deixamos alguma coisa feita, pra mostrar pro pessoal que nós fizemos em Manaus, e não teve o apoio de nada, foi algo natural, pois só depois passou a ter o festival de conjuntos que foi ate no Cheik Club (se refere aos festivais de musica popular que começaram a surgir após 1966) Então a dublagem foi muito importante pra Manaus, não tinha muita coisa pra fazer.. 200 Então foi isso.
Lucyanne - Não ainda não, reviva como 1º festival rapidinho: como era o publico, como foi a tensão..
Delfim - Hum, foi como se o grupo fosse tocar pela primeira vez, foi no Atlético Rio Negro Clube, todas as mesas do Rio Negro foram todas vendidas pra ter uma ideia, no salão dos Espelhos, tinha uma diretoria que eram os jurados, se não me engano a Baby era jurada também, que eram os jornalistas. Como a gente movimentou a coisa de uma brincadeira e passou a ser uma seriedade a coisa, eram jornalistas como Joaquim marinho, da CBS, da Rádio Baré, Difusora. a gente com muita calma, passamos a fazer um trabalho perfeito para ganhar o Festival.
Lucyanne - E como era a ordem de apresentação?
Delfim - Primeiro entrava o individual masculino e feminino, eu sozinho, depois entrava dupla, era eu e Alcinéia, ou eu e Edinelza, o terceiro é que entravam os grupos todo mundo junto, clube por clube.
Lucyanne - O Sr. lembra quais eram os itens de julgamento?Os critérios?
Delfim - O julgamento era imitar tal qual o artista, que as pessoas que tivessem olhando não percebessem que estava imitando: movimento, trabalho artístico, indumentária, posição, gesto, a maneira como se apresentava, a gente falava levanta o queixo, não podia ficar de cabeça baixa. Aí a premiação primeiro eram os individuais masculino e feminino, depois as duplas e por ultimo os grupos. E praticamente foi o Luso que ganhou todas pela experiência e nós fomos o criador da coisa, eles tinham experiência, mas não tinham o estilo que  gente tinha. Então é assim nossa história, E nós temos o prazer e o orgulho de mostrar e dizer que ficou alguma coisa nossa e ninguém pode dizer que não fizemos nada, nós fizemos e temos documentos sobre isso, eu tenho a fita que o Fernadinho me deu, seu trabalho. Então é isso, que quero deixar bem claro que existiu, que plantamos alguma coisa de uma brincadeira virou coisa séria que caiu na responsabilidade dos empresários em Manaus de pagar as coisas pra gente para gente fazer isso como no caso o Dr. Joaquim Marinho, da CBS..
Lucyanne - E vocês recebiam algum cachê no Luso? 201


 Delfim - Não, não. Aquilo era puro amor. O que a gente recebia como pagamento: era um obrigado, uma boa amizade que ate hoje ainda recebo e eu chego encontro portas abertas, isso foi melhor do que receber dinheiro pra mim. Eu fico pensando: se essa juventude tivesse ideia de fazer porque nós fizemos na época, essa juventude não estava jogada fora não, de manha cedo se acordam vão fazer besteira, ai inventam essas ONGs pra menino ficar tocando tamborim, não ficar fazendo besteira, mas todos são financiados pelo governo recebem alguma coisa. A gente recebia um abraço, um caldo verde, um aperto de mão e o carinho das meninas!!!

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