Cedo da manhã de domingo,
resolvi voltar as minhas longas caminhadas, consultei o “Maps da Google” do meu Smartphone,
com origem na Cidade Nova II e destino no Conjunto dos Jornalistas, na Avenida
Constantino Nery, via Avenida Governador José Lindoso (Estrada das Torres) –
resultado: 2h38min a pé, com 13 km de extensão – iniciei a caminhada, com uma
parada no Parque Dez de Novembro (em frente ao DETRAN-AM), onde encontrei a
única telha que restava da destruição daquele balneário.
O meu destino final da
caminhada era o Conjunto dos Jornalistas, mas, ao chegar próximo ao complexo
viário, resolvi caminhar pelo abandonado balneário do P10, confesso que senti
medo em decorrência do mato alto e por ter não visto nenhuma “viva alma” por aquele lugar.
Entrei no pavilhão
destruído e comecei a pegar nas telhas quebradas, encontrei uma inteira da
marca Grillo (Manaus), estava
enterrada - a da marca Palença (Lisboa),
encontrei escondida dentro dos galhos de uma palmeira - ela pesa em torno de
três quilos e mede 25x45cm – não possui data de fabricação, mas, presume-se que ficou naquele
local por mais de setenta anos e está bastante conservada!
Muitos dos nossos jovens leitores
não sabem que ali funcionou um belíssimo balneário que, com o progresso e a
poluição do Igarapé do Mindú foi abandonado, esquecido e depredado.
A obra iniciou em 10/11/1938, na administração do interventor Álvaro Maia, sendo concluído em 19 de abril de 1943 - uma das suas características citadas pelo então prefeito Antônio Maia, em 1940, era a seguinte: “Ocupando uma área de cinquenta hectares, constituídos de terrenos sílicos-arenosos e coberto por um grande pitoresco bosque natural, possui ainda o privilégio de ser recortado por um igarapé de águas cristalinas, aproveitado em longo trecho para uma grande piscina”.
Na administração do prefeito Serafim Correa, o local foi todo revitalizado, com a recuperação total de toda a estrutura física do antigo pavilhão em estilo colonial, no entanto, na administração do Amazonino Mendes, tendo a frente a sua filha na ManausCult, a Lívia Mendes, o local fora esquecido e os vândalos destruíram tudo, deixando apenas as paredes e as colunas em pé. Ela não foi penalizada pelo crime cometido e, o Negão ainda vai se candidatar a mais um cargo eletivo!
A professora Arminda
Mendonça, escreveu um artigo sobre “As Casas de Banho” da Manaus antiga, ela
comenta que, no início do século passado, essas casas possuíam parte da
cobertura com telhas tipo Marselha da cerâmica de Palença - isso demonstra o quanto os nossos antepassados era chiques, mandando buscar até telhas da Europa!
Segundo historiadores
portugueses, em Palença de Baixo foi
instalada no século XIX uma grande fábrica de cerâmica de barro vermelho, em
decorrência da excelente matéria prima (barrio) ali existente e pelo Porto de
S. Lourenço, permitindo um fácil embarque e transporte para o maior consumidor,
Lisboa e Almada.
No site de venda OLX uma
telha dessas é vendida, em Portugal, ao preço de quatro euros cada. Em Manaus,
como ainda existem muitas casas do inicio do século passado, cobertas com essas
telhas, o preço de venda deve ser também bem baixo, no entanto, esse exemplar
do Balneário do P10, por ser uma das últimas e, por ter frequentado na minha
infância aquele lugar, possui um grande valor sentimental. É isso ai.
2 comentários:
grande postagem essa, caro Amigo - frequentei o PARQUE 10 na infância e adolescência
bravo, Amigo, BELA POSTAGEM!
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