Ao passar pela Praça
Antônio Bittencourt, mais conhecida por Praça do Congresso, parei para ler uma
placa onde consta uma pequena biografia do homenageado - uma coisa que mais me
chamou a atenção, foi a citação sobre um bombardeio de Manaus, em 1910 – isto me
motivou a pesquisar sobre este fato histórico.
O Deputado José Duarte, do
Congresso do Amazonas (atual Assembleia Legislativa), com base no artigo 43 da
Constituição do Estado, que proibia expressamente que o governador tomasse parte em
qualquer empresa industrial ou comercial, como membro da administração ou como
simples associado, propôs a perda do mandato do Governador Antônio Clemente Ribeiro
Bittencourt (1853-1926).
O governador Coronel
Antônio Bittencourt, fazia parte da empresa “Typographica do Amazonas”, ao qual
mantinha transações avultadas com o governo do Estado e com os municípios, com
o fornecimento de obras civis.
Este fato constitui-se no
principal motivo para a mesa do Congresso do Amazonas em votar e declarar a
perca do mandado do governador Antônio Bittencourt e, atribuindo ao
Vice-Governador Antônio G. Pereira de Sá Peixoto o posto de governador.
O Antonio Bittencourt, de
forma inconstitucional, expediu ordem de prisão ao vice-governador e a vários
deputados estaduais, aos quais ficaram recolhidos (dentro) do Quartel do 46º
Batalhão de Caçadores (obedientes ao Coronel) – o governador Antônio Sá Peixoto
pediu proteção das tropas federais, não chegando a ser preso.
O coronel se recolhera ao
quartel, depois, se dirigiu para bordo do navio capitânia “Comandante Freitas”,
mantendo as tropas da polícia em pé de guerra e em tiroteios pela cidade -
tentaram atacar o Quartel General, por outro lado, os militares da flotilha da marinha atiravam para terra, atacando as forças estaduais.
Na briga entre as força
federais e estaduais foram computado o seguinte:
Estragos: Palácio do Governo, Quartel
General, Intrucção Pública, Gymnazio (Colégio Estadual D. Pedro II), Hospital
Beneficente Portuguesa, Hospital Militar, Quartel de Polícia, Teatro Amazonas,
Igreja dos Remédios, Cemitério S. João Batista, Mercado Adolpho Lisboa, além de
várias casas populares das imediações do conflito armado, sendo a mais
danificada a do Dr. Simplício Coelho de Rezende (Praça dos Remédios);
< Mortes: Primeiro Tenente João Lins de
Carvalho, Praça do exército João de Miranda Reis, Maria Pimentel (12 anos),
ferida na casa do Dr. Francisco Magalhães (Rua Leonardo Malcher), dois praças
(soldados) da polícia (bairro de São Raimundo), três populares, o arquiteto
Emílio Tosi, foi atingindo por uma bala perdida quando almoçava no Café Avenida
(Eduardo Ribeiro com a Saldanha Marinho);
< Feridos: dezenas de pessoas.
No dia 08 de Outubro de
1910, foi distribuído o seguinte aviso a população de Manaus:
“Insistindo o Sr.
Governador do Estado em não passar o executivo ao seu substituto legal, depois
de ter perdido o mandato, em virtude do disposto no art. 43 da Constituição do Estado, as praças de terra e mar, solicitada pelo
vice-governador em exercício, avisam à
população que vão bombardear a cidade, a
começar de 1 hora da tarde, afim de que todos tomem as devidas preocupações
para garantia e segurança de suas vidas – Antônio G. Pereira de Sá Peixoto
(vice-governador), Coronel Telles de Queiroz (Comandante da 1ª. Região Militar
e Francisco da Costa Menezes (Comandante da Flotilha).
Depois de ler este aviso
ameaçador, a população entrou em pânico, abandonando as suas casas e se
afastando para os lugares mais distantes – umas quinhentas pessoas, todas
civis, se apresentaram para pegar em armas e lutar ao lado das tropas federais.
O Coronel Antônio
Bittencourt, refletindo, sem dúvida, sobre as consequências desse bombardeio à
cidade, por cujas mortes seria o único responsável, estando também em perigo a
sua própria família, conformou-se com a indicação aprovada pelo Poder
Legislativo e, passou o exercício do governo ao Dr. Antônio de Sá Peixoto,
restabelecendo a paz.
Como podem concluir, não
houve de fato um bombardeio total a cidade de Manaus, apenas confrontos entre
as forças estaduais e federais (polícia militar, exército e marinha de guerra) – caso o
Coronel não tivesse tomada a decisão de passar o governo ao seu vice, com
certeza, grande parte da cidade de Manaus estaria destruída.
Por ordem do Presidente da
República, Nilo Peçanha, o Coronel Antônio Bittencourt (Partido Democrata) foi
reconduzido ao cargo e, governou até 1912, apesar da insatisfação geral da
população.
Desde a minha adolescência
que olhava intrigado aquelas marcas na parte detrás do Mercado Adolpho Lisboa,
somente depois de longos anos, descobri que foram provocadas pelas balas
disparadas pela flotilha da marinha – a fotografia foi tirada recentemente e,
os restauradores daquele espaço público, não podem, de forma alguma, tampá-las,
pois é pura história da nossa cidade. É isso ai.
Foto: Rocha
Fonte: Jornal A Notícia (Biblioteca Pública do Estado do Amazonas)
Observações: Fiz a pesquisa no jornal A Notícia, dos dias 08 e 09 de Outubro de 1910, na Biblioteca Publica do Amazonas e, pelo que li,este jornal era de oposição ao governador, pode ser que tenham deturpado alguma coisa. A BPA não possui o Jornal do Commercio daquela data. Tentei pesquisar no Instituto Geográfico e Histórico, mas, eles somente abrirão a biblioteca após o carnaval. Em todo caso, não sou historiador, apenas fiz uma consulta em decorrência da leitura de uma placa na Praça Antônio Bittencourt, onde constava que este fato ocorreu no governo daquele Coronel.
Foto: Rocha
Fonte: Jornal A Notícia (Biblioteca Pública do Estado do Amazonas)
Observações: Fiz a pesquisa no jornal A Notícia, dos dias 08 e 09 de Outubro de 1910, na Biblioteca Publica do Amazonas e, pelo que li,este jornal era de oposição ao governador, pode ser que tenham deturpado alguma coisa. A BPA não possui o Jornal do Commercio daquela data. Tentei pesquisar no Instituto Geográfico e Histórico, mas, eles somente abrirão a biblioteca após o carnaval. Em todo caso, não sou historiador, apenas fiz uma consulta em decorrência da leitura de uma placa na Praça Antônio Bittencourt, onde constava que este fato ocorreu no governo daquele Coronel.
4 comentários:
HÁ OUTRA VERSÃO DOS FATOS, VOU PROCURAR...
Os silêncios da História...não permitem que possamos construir uma identidade de amazonenses e cidadãos protagonistas de sua história e da construção coletiva deste espaço geográfico! Lamentavelmente nossas elites não comprometidas com nossa História e nossa cultura fazem questão de "adormecer" fatos como estes tão elucidativos e significantes para os amazonenses! Parabéns pela postagem e saudações geográficas!
ANTONIO BITTENCOURT FOI UM GOVERNADOR HONRADO E HONESTO, HERDOU O O ESTADO EM CRISE ECONÔMICA, QUE NÃO CONSEGUIU SUPERAR, FOI PERSEGUIDO POR PINHEIRO MACHADO E POR FIM SOFREU UMA TENTATIVA DE GOLPE. FOI DEPOSTO MAS VOLTOU À POLITICA. QUANDO FALECEU ERA PRESIDENTE DA ASSENBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO. É PAI DE AGNELO BITTENCOURT. ANTONIO BITTENCOURT ERA UM GRANDE INTELECTUAL, DEIXOU DOIS LIVROS PUBLICADOS, UM SOBRE PARINTINS E OUTRO SOBRE LÁBREA. FOI VÍTIMA DE SEUS INIMIGOS POLÍTICOS.
Da memoria oral que eu recebi, o que eu guardo do bombardeio de Manaus, é que o Exército recebeu ordem direta do Presidente da República, para bombardear. Depois do estrago feito, o Presidente intentou responsabilizar as fôrças federais pelo bombardeio. Isso obrigou o Coronel Queiroz a viajar para o Rio de Janeiro, onde enfrentou o Presidente da República, num bate-bocas pouco respeitoso, para que ele não perseguisse os militares.Que eu saiba o Coronel Pantaleão de Queiroz permaneceu no exército.
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