quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

BARCO REGIONAL COMO PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO



Sempre tive um fascínio pelos rios do Amazonas e, em particular, pelos barcos regionais, tanto que já fiz inúmeras postagens e publiquei outras tantas fotografias, mostrando este meio de transporte – recentemente, foi publicado nos meios de comunicação um trabalho do pesquisador e mestre em Direito Ambiental, Marco Aurélio de Carvalho Martins, em que faz uma análise da tecnologia naval amazônica como patrimônio cultural brasileiro.

Esta minha paixão por rios e barcos regionais, com certeza, está incrustada na minha mente desde a minha tenra idade, em decorrência de ter morado em “casa flutuante” no Igarapé de Manaus e, na enchente do Rio Negro, muitos barcos ancoravam em nossa humilde residência, além do meu genitor ter tido um motor de centro, utilizado para cortar madeiras.

O barulho característico do motor, o cheiro do óleo diesel, o embalar nas redes, a beleza do leme do motor, o balançar das bandeiras do Amazonas e do Brasil, a lentidão dos marítimos, as cargas, as pessoas dormindo, as luzes multicoloridas, o farol, a estreita tábua de acesso, o som do sinete pedindo marcha, a saída de água da refrigeração, tudo, tudo, ficou guardado na minha mente.

Fico feliz quando tenho oportunidade de viajar em barcos regionais, principalmente, para Parintins, Maués, além dos recreios para as Praias da Lua (Paricatuba/Iranduba) e Tupé (Zona Rural de Manaus) - pretendo qualquer um dia desses, fazer uma viagem mais longa, pegar um barco no Rodoway (Porto de Manaus) e seguir até Barcelos e São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio Negro.

Sabemos que a Amazônia é entrecortada por rios, onde praticamente todas as cidades e comunidades são separadas por águas, em decorrência dessas particularidades, as estradas são os rios e os Barcos Regionais substituem aos automóveis, levando pessoas e cargas para esse imenso mundo de meu Deus -, por serem feitos na sua grande maioria de madeira e, aliado a outros fatores, tem deixado muito a desejar no quesito segurança. 

Os barcos construídos no Estado do Amazonas diferem dos do Pará, pois estes sofrem a influencia do mar, sendo adaptados a essa realidade. Os nossos barcos possuem as seguintes características: são feitos em quase toda a sua totalidade de madeira, com os mais variados tamanhos e tipos, recebendo o nome de “Motor” ou “Recreio”, dependendo da duração da viagem; a grande maioria é do tipo misto, ou seja, transportando ao mesmo tempo cargas e passageiros.

O pesquisado Marco Aurélio Martins afirmou o seguinte: "A tecnologia naval baseada em madeira é imponente e de extrema relevância, norteando diversos tópicos como extração da madeira, segurança, transporte de passageiros e mercadorias, comunicação e desenvolvimento regional, todos eles influenciando e sendo influenciados pelas conduções naturais da região, faz parte de um desenvolvimento social ligado às águas da região, considerada a maior bacia hidrográfica do mundo. Os rios e cursos d’água fazem parte do cotidiano dos amazônidas, relacionando-se ao desenvolvimento cultural, o que permitiu com que a nossa pesquisa avaliasse a tecnologia de construção de embarcações como patrimônio cultural da sociedade brasileira”. 



Ao passar pelas feiras e mercados de Manaus, encontramos muitas miniaturas de barcos regionais, sendo muito apreciados pelos turistas e, deixados de lado pelos nativos – qualquer um dia desses irei comprar o meu e, colocá-lo em destaque no meu barraco, afinal, ele será brevemente considerado por lei, como um patrimônio cultural brasileiro. É isso ai.

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