Sempre tive
um fascínio pelos rios do Amazonas e, em particular, pelos barcos regionais,
tanto que já fiz inúmeras postagens e publiquei outras tantas fotografias,
mostrando este meio de transporte – recentemente, foi publicado nos meios de
comunicação um trabalho do pesquisador e mestre em Direito Ambiental, Marco
Aurélio de Carvalho Martins, em que faz uma análise da tecnologia naval
amazônica como patrimônio cultural brasileiro.
Esta minha paixão
por rios e barcos regionais, com certeza, está incrustada na minha mente desde
a minha tenra idade, em decorrência de ter morado em “casa flutuante” no Igarapé de Manaus e, na
enchente do Rio Negro, muitos barcos ancoravam em nossa humilde residência,
além do meu genitor ter tido um motor de centro, utilizado para cortar madeiras.
O barulho característico
do motor, o cheiro do óleo diesel, o embalar nas redes, a beleza do leme do motor, o
balançar das bandeiras do Amazonas e do Brasil, a lentidão dos marítimos,
as cargas, as pessoas dormindo, as luzes multicoloridas, o farol, a estreita tábua de acesso,
o som do sinete pedindo marcha, a saída de água da refrigeração, tudo, tudo,
ficou guardado na minha mente.
Fico feliz
quando tenho oportunidade de viajar em barcos regionais, principalmente, para
Parintins, Maués, além dos recreios para as Praias da Lua (Paricatuba/Iranduba)
e Tupé (Zona Rural de Manaus) - pretendo qualquer um dia desses, fazer uma viagem mais longa, pegar um barco no Rodoway (Porto de Manaus) e seguir até Barcelos e São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio Negro.
Sabemos que a Amazônia é entrecortada
por rios, onde praticamente todas as cidades e comunidades são separadas por
águas, em decorrência dessas particularidades, as estradas são os rios e os
Barcos Regionais substituem aos automóveis, levando pessoas e cargas para esse
imenso mundo de meu Deus -, por serem feitos na sua grande maioria de madeira
e, aliado a outros fatores, tem deixado muito a desejar no quesito segurança.
Os barcos construídos no
Estado do Amazonas diferem dos do Pará, pois estes sofrem a influencia do mar,
sendo adaptados a essa realidade. Os nossos barcos possuem as seguintes
características: são feitos em quase toda a sua totalidade de madeira, com os
mais variados tamanhos e tipos, recebendo o nome de “Motor” ou “Recreio”,
dependendo da duração da viagem; a grande maioria é do tipo misto, ou seja,
transportando ao mesmo tempo cargas e passageiros.
O pesquisado Marco Aurélio
Martins afirmou o seguinte: "A tecnologia naval baseada em
madeira é imponente e de extrema relevância, norteando diversos tópicos como
extração da madeira, segurança, transporte de passageiros e mercadorias,
comunicação e desenvolvimento regional, todos eles influenciando e sendo
influenciados pelas conduções naturais da região, faz parte de um desenvolvimento social ligado às
águas da região, considerada a maior bacia hidrográfica do mundo. Os rios e
cursos d’água fazem parte do cotidiano dos amazônidas, relacionando-se ao
desenvolvimento cultural, o que permitiu com que a nossa pesquisa avaliasse a
tecnologia de construção de embarcações como patrimônio cultural da sociedade
brasileira”.
Ao passar pelas feiras e
mercados de Manaus, encontramos muitas miniaturas de barcos regionais, sendo
muito apreciados pelos turistas e, deixados de lado pelos nativos – qualquer um
dia desses irei comprar o meu e, colocá-lo em destaque no meu barraco, afinal,
ele será brevemente considerado por lei, como um patrimônio cultural
brasileiro. É isso ai.
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