terça-feira, 3 de agosto de 2010

DANÇA MORENA

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DANÇA MORENA – Tadeu Garcia / Paulinho Du Sagrado



COMENTÁRIOS – Entoada (Tadeu Garcia por Linduína Mendes)


SOBRE AS ONDAS DOS RIOS
VIAJA MORENA A MORENAR
DOCE BRILHO NOS OLHOS
SÃO IMÃS A NOS FASCINAR


A presença feminina se encontra associada à água e esta traduz emoções como fonte de vida. A cabocla, com traços profundamente indígenas, segue os caminhos dos rios para brincar no Boi e, durante o percurso, a luz do sol bronzeia seu corpo. Doce brilho nos olhos atrai magneticamente como ímãs, gerando o fascínio de todos.


O RUBRO É A COR
AO RUFAR DO TAMBOR
DO SEU BOI BUMBÁ


A cadência específica dos instrumentos de percussão (tambores) identifica o vermelho (rubro) e, por conseqüência, o seu boi preferido. Em seguida, sonha com a possibilidade de demonstrar seu charme na arena, concorrendo como “cunhã-poranga” expressão indígena adotada também pelos caboclos e que significa “mulher bonita”.


ENFIM, SURGEM AS FORMAS CABOCLAS
COM ADORNOS DE PENAS
NAS PERNAS MORENAS
SUA DANÇÃ É UM CENÁRIO
QUAL PEIXE NO AQUÁRIO
OU SEREIA NO MAR


A concretização do sonho ocorre quando desponta na arena, sob imponente estrutura artística, a cabocla com padrões esculturais, trajando indumentária indígena, na qual se destacam as perneiras em penas coloridas. Observa-se, nessa elevação, um cenário propício à dança, os movimentos leves da mulher morena tornam-se similares ao peixe no aquário ou à sereia no mar.


OS QUADRIS TÊM CONDORNOS DE ESTADA
SÚBIDA E DESCIDA NO RUMO DO NADA
PASSANDO NUM LEITO – ENTRE OS SEIOS
DESLIZA A TERNURA DO OLHAR


O imaginário se concentra, inicialmente, em uma região do corpo que se assemelha à sinuosidade da estrada (lembre-se: na Amazônia, a estrada é o rio), os movimentos dos olhos do observador acima e abaixo dessa parte do corpo comprovam que essa geometria é diferente de tudo (nada). A seguir, visualizam-se, entre os seios, um leito, analogamente, as margens e ao regaço do rio e alcança seus próprios olhos que se correspondem na ternura da chegada ao destino final ou o reencontro.


DANÇA DE ÍNDIO – DANÇA DE NEGRO
DANÇA DE BRANCO – DANÇA MORENA
DANÇA NO MEU BOI BUMBÁ


No final, o espectador nota a mutação dos movimentos dançantes da mulher, de acordo com as formas identificadas dos rituais indígenas, negros e brancos e da qual sintetiza, na morenice, a mais bonita dançarina do boi-bumbá. Essa tríade (índio, negro e branco), representada por ela, tem seus movimentos característicos representados na arena, numa expressão que origina um encontro de raças.



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