sábado, 16 de março de 2024

CANAL "MANAUS NA HISTÓRIA" PARTE III - AVENIDA CONSTANTINO NERY

 Por José Rocha

A Avenida Constantino Nery, em Manaus, é uma das principais vias de acesso ao centro da cidade. Com mais de um século de existência, essa antiga via tem uma rica história e passou por várias denominações ao longo do tempo. Seu nome homenageia um governador que desempenhou um papel significativo na sua transformação.

No final do século XIX, essa avenida era conhecida como Estrada de Epaminondas, terminando no bairro de Flores, um lugar distante na época. Nesta região existia a Chácara Pensador, uma propriedade pertencente ao governador Eduardo Ribeiro, hoje, no local, encontramos a UBS Walter Rayol, o Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro e o Hemoam. Uma linha de bonde elétrico chamada “Flores” conectava o centro à Colônia João Alfredo (atual Avenida Djalma Batista), que, por sua vez, marca o início da atual Estrada Torquato Tapajós.

Para permitir a passagem dos bondes dessa linha e dos primeiros automóveis, foi construída a Ponte da Cachoeira Grande (também conhecida tempos depois como Ponte dos Bilhares), inaugurada em 1895 e ainda existente. No entanto, com a duplicação da Avenida Constantino Nery, outra ponte de cimento armado foi construída, embora funcional, essa nova ponte não possui o charme da antiga ponte de ferro.

Antes de ser chamada de Avenida Constantino Nery, essa área era aprazível, com vários igarapés de águas límpidas e cristalinas, além de uma densa mata primária. Era um local ideal para famílias abastadas estabelecerem suas chácaras, pequenas propriedades rurais com hortas, pomares e criação de animais, assim como fez o governador Eduardo Ribeiro.

Curiosamente, a Rua Epaminondas, que passa em frente à sede do Atlético Rio Negro Clube, recebeu esse nome por ser o início da antiga Estrada de Epaminondas, que hoje corresponde à Avenida Constantino Nery.

Essa avenida é um testemunho vivo da evolução da cidade e das mudanças ao longo do tempo, conectando o passado com o presente. Antes de ser oficialmente denominada Avenida Constantino Nery, essa via recebeu mais cinco denominações.

Segundo o saudoso historiador Carlos Zamith, em 28 de dezembro de 1904, o então governador Constantino Nery realizou trabalhos significativos nessa avenida, o que culminou na mudança de nome. Até hoje, uma placa de mármore está afixada em um pequeno obelisco em frente à casa da ex-vereadora Lúcia Antony, parente da mãe de Constantino Nery, Maria Antony Nery, e ao lado do Terminal de Integração T1, no sentido centro-bairro.

O governador Constantino Nery optou por substituir o nome anterior pela sua própria designação, uma prática que, embora proibida atualmente, ainda é adotada por alguns governantes, que colocam o nome de seus pais, parentes e aderentes.

Por pressão política, em 30 de novembro de 1905, o nome da avenida foi alterado para homenagear João Coelho (1852-1926), um militar paraense que também atuou como político, professor e engenheiro em Manaus.

Em 26 de março de 1919, a avenida passou a se chamar Olavo Bilac (1865-1918), em homenagem ao jornalista, cronista, poeta e membro imortal da Academia Brasileira de Letras. Essa mudança ocorreu um ano após a morte de Bilac.

Em 1927, após a morte de Constantino Nery, ocorrida em 1926, a avenida voltou a receber o nome do ex-governador. No entanto, em 1930, houve outra mudança, retornando a Olavo Bilac.

Finalmente, por meio da Lei n.º 295, de 12 de outubro de 1953, a avenida recebeu seu nome definitivo: Avenida Constantino Nery.

Durante muito tempo, os antigos chamavam o trecho entre a Avenida Ramos Ferreira e o Boulevard Amazonas de Rua João Coelho, apesar da mudança oficial ocorrida em 1905. Com o passar do tempo, a Avenida Constantino Nery ficou conhecida pelos manauaras desde o término da Avenida Torquato Tapajós até a Avenida Ramos Ferreira, onde inicia a Rua Epaminondas.

Constantino Nery era irmão do influente Silvério Nery, que dominou a política do Amazonas por várias décadas. Os dois irmãos tramaram para permanecer no poder: Silvério deixou o Senado para concorrer e ganhar o governo do Estado do Amazonas em 1900, enquanto ajudava seu irmão Constantino a se eleger e ocupar sua vaga no Senado Federal.

Naquela época, a Constituição Federal, não permitia que o sucessor do governador (após cumprir todo o seu mandado de seis anos, pois não existia reeleição) fosse um parente próximo (irmão, pai ou mãe), no entanto, Silvério Nery renunciou no tempo certo para que o seu irmão pudesse concorrer para o governo sem ferir a Constituição. O Constantino, por sua vez, renunciou ao Senado Federal e se elegeu governador do Amazonas, para o período de 1904 a 1910.

Sua trajetória deixou marcas na cidade que perduram até hoje, conectando o passado com o presente.

Além de alargar a antiga Estrada de Epaminondas, Constantino Nery construiu a Penitenciária de Manaus (embora atualmente abandonada, essa estrutura testemunha o passado e a visão do governador).

Biblioteca Pública do Amazonas: Um prédio imponente que permanece até hoje, um legado de Constantino Nery. Ela abriga conhecimento, cultura e história, servindo como um farol intelectual para a cidade.

Hospedaria para os italianos em Paricatuba: Onde hoje encontramos as Ruínas de Paricatuba, Constantino Nery criou uma hospedaria para os imigrantes italianos. Esse local testemunhou histórias de esperança, desafios e recomeços.

Parque Amazonense: Constantino Nery também contribuiu para o esporte da cidade, um espaço que conectava as pessoas ligadas às corridas de cavalos e ao futebol de campo.

No entanto, sua paixão por obras e desenvolvimento desequilibrou as contas públicas, e ele ficou conhecido como um “mau pagador”. Desgostoso da vida pública, Constantino Nery entregou os últimos anos de seu governo aos seus assessores. Após o término de seu mandato, ele retornou ao exército, onde se aposentou como General. Sua jornada culminou em 1926, quando faleceu em Belém, cidade onde passou seus últimos anos.

Eu, José Rocha, a minha conexão com a Avenida Constantino Nery é verdadeiramente especial. Ela transcende o concreto e se entrelaça com as minhas memórias, experiências e a própria história da cidade.

Vamos continuar explorando essa jornada:

Colégio Sólon de Lucena: Onde estudei na juventude. O título de Técnico em Contabilidade que conquistei lá era altamente valorizado naquela época. O Ginásio René Monteiro foi palco de muitas disputas esportivas. Bem em frente ficava a toda poderosa fábrica da Coca-Cola e das Bolachas Papaguara, um prédio que resiste até os dias atuais.

Torre de Transmissão da Rádio Difusora do Amazonas: Ao lado do colégio, essa torre era um marco da comunicação. Hoje, ela se transformou no Condomínio Maria da Fé, associado à irmã de Josué Claudio de Souza, conhecida como Fezinha. E quem diria que essa torre testemunharia tantas mudanças!

Lupanar ‘Verônica’ e o Millennium Shopping: As lembranças também incluem o decadente Lupanar Verônica, que agora é o Millennium Shopping. Essa transformação é um reflexo da evolução da cidade.

Chácara da Família Nery: Tive a oportunidade de conhecer a Chácara da Família Nery, hoje esse espaço se transformou em um condomínio de apartamentos da classe média.

Duplicação da Avenida Constantino Nery e Tubos de Gás: Presenciei a expansão dessa avenida e a colocação dos tubos de gás em toda a sua extensão. Além disso, vi o Estádio Vivaldo Lima ser derrubado (lembrando o jogo de 1980 entre Fast Clube e New York Club).

Arena da Amazônia na Copa do Mundo: O privilégio de assistir a um jogo na Arena da Amazônia durante a Copa do Mundo de Futebol é uma memória que ecoa até hoje.

Acompanhando as Transformações: Mesmo com o passar do tempo, continuo acompanhando as mudanças na Avenida Constantino Nery. Viadutos, passagens de nível, centros comerciais, instituições de ensino, novos conjuntos habitacionais e os desfiles no Bumbódromo fazem parte dessa história em constante evolução.

Sonhos Futuros: Pretendo morar num futuro próximo no Condomínio Casa e Jardim, pois poderei ser o próximo capítulo dessa jornada, permitindo que eu permaneça conectado à histórica Constantino Nery e às transformações da cidade.

Observação:

1.      Correção do texto: Inteligência Artificial: Microsoft Bing/Chat GPT/Language Tool;

2.      Fontes: Robério Braga/Durango Duarte/Manaus de Antigamente/Blogdorocha/Wikipedia/Carlos Zamith/