sábado, 3 de fevereiro de 2024

VELHOS E NOVOS CARNAVAIS.

 


José Rocha

O tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus já era. Mas as lembranças dos carnavais que vivi continuam frescas na minha memória, como se fossem ontem.

Comecei a curtir a folia quando era um pirralho, no Clube do Amazon Hotel, que ficava na esquina da Rua dos Andradas com a Rua Rocha dos Santos. O prédio continua de pé, mas está morto por dentro.

O meu pai juntava toda a família, comprava as fantasias mais baratas que encontrava e levava a gente para se divertir no salão. Eu me lembro bem, devia ter uns dez anos. O clube ficava no segundo andar, e eu adorava brincar na escada de madeira que rangia a cada passo. Também gostava de catar no chão os confetes e serpentinas que sobravam, para jogar de novo nos outros foliões.

Meu pai tomava uma cerveja bem amarga chamada XPTO, que alguns a apelidavam de “Pata Choca”. Eu e a molecada ficávamos no Graphete e no Baré Cola, que eram os refrigerantes da época.

Depois, apareceu a famosa “Mãe das Bandas”, a Banda do Mandy´s Bar, do Hotel Amazonas. Certa vez, houve uma confusão danada, quando os “Biqueiros” se encontraram com os “Rapazes Alegres” no sábado magro de carnaval, saíram correndo atrás dos rapazes alegres, e acabaram com a banda do hotel. Foi uma cena hilária, parecia filme de comédia pastelão.

Eu também me lembro das “Batalhas de Confetes” e dos desfiles dos “Blocos de Sujos”, na Avenida Eduardo Ribeiro. Era uma festa só, eu me amarrava em pegar as tampinhas de refrigerante que os blocos jogavam. Eram miniaturas de garrafas, que eu colecionava. Eu subia e descia a avenida, sem parar.

Na minha adolescência, eu vi os primeiros blocos carnavalescos, que depois viraram as primeiras Escolas de Samba de Manaus. Eu me lembro da Unidos da Selva, era dos militares que tinham uma onça de papel machê como símbolo. Da Unidos do Rio Negro, que tinha o Galo Carijó como mascote. E da Barelândia, do Maranhão, do Boi Luz de Guerra, da Matinha.

A Avenida Eduardo Ribeiro ficou pequena para tanta gente, e então mudaram o carnaval para a Avenida Djalma Batista. Os desfiles foram lá até 1990, e depois foram para o Sambódromo.

Eu assisti a muitos desfiles na “Passarela do Samba”, e ficava até o sol raiar. Mas eu nunca desfilei em nenhuma Escola de Samba. Não tenho nenhuma preferida, mas sempre gostei do Morro da Liberdade e da Vitória Régia.

Elas tinham as fantasias mais bonitas e as baterias mais animadas. Eu gostava de pegar algumas fantasias que eram jogadas fora na “dispersão”, e levar para enfeitar os carnavais do meu bairro.

Eu fui em quase todas as bandas de carnaval do centro de Manaus, mas hoje em dia eu só vou à Bica, no Bloco do Caldeira e na Banda do Jaraqui. São as mais tradicionais e as mais divertidas.

Eu também gosto de assistir aos desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, pela televisão. Eu ainda tenho vontade de ir um dia ver ao vivo e a cores os desfiles na Sapucaí.

O tempo está passando, mas eu ainda participo dos carnavais, pois o samba corre em minhas veias. E como diz o ditado: quem é rei nunca perde a majestade.

Viva o carnaval! 🎉