domingo, 11 de fevereiro de 2024

OS FENÍCIOS ESTIVERAM NO AMAZONAS ANTES DA ERA CRISTÃ

 

Foto: Capa do Livro

José Rocha

No ano passado, durante uma vazante severa, as gravuras e inscrições na Ponta das Lages emergiram, gerando muitas polêmicas em decorrência das intervenções de um grupo de arqueólogos. Diante desse fato, passei a ler com mais atenção o livro “Inscrições e Tradições da América Pré-histórica, Especialmente do Brasil”, do cientista amazonense Bernardo Ramos, para poder entender um pouco mais sobre os nossos antepassados.

Bernardo de Azevedo da Silva Ramos nasceu em Manaus, em 13 de novembro de 1858, e faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de fevereiro de 1931. Foi um arqueólogo (um profissional que estuda as sociedades e culturas do passado por meio de objetos fabricados e utilizados no passado), linguista (um profissional que estuda a linguagem humana em todas as suas formas e manifestações) e numismata (um colecionador e estudioso de moedas e cédulas antigas).

Foi um cientista muito admirado e respeitado no Brasil e no exterior até os dias atuais pelo seu importante trabalho acadêmico. Viajou pela Europa e oriente Médio, percorrendo a Palestina e o Egito, onde adquiriu o conhecimento de diversas línguas, dentre elas o hebraico, o fenício e o sânscrito, o que lhe permitiu a leitura de diversas moedas. Ele organizou um acervo de numismática dos mais importantes do Brasil, vendendo-o para o Estado do Amazonas em 6 de outubro de 1899. O acervo está em exposição no Museu de Numismática Bernardo Ramos, no Palacete Provincial.

Fiz o download digital do seu livro, impresso originalmente pela “Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 1939 e 1945”, anos depois de sua morte.

Segundo o autor, os fenícios estiveram na América muitos anos antes da Era Cristã, e conseguiu decifrar a maioria das inscrições que foram deixadas por eles no Amazonas, Rio de Janeiro e na região Nordeste.

Ele era considerado o Champollion Amazonense, por traduzir inscrições lapidares, não só do Brasil, como de diversas partes do mundo. Muitos podem estar se perguntando: Os fenícios estiveram no Brasil antes do nascimento de Jesus Cristo?

Existe uma teoria que afirma a presença deles aqui, sim, senhor. É uma teoria defendida por alguns historiadores, dentre eles, Ludwig Schwennhagen e Bernardo Ramos, baseando-se em registros na forma de inscrições e artefatos, pois as línguas indígenas do Brasil e das Américas são semelhantes às línguas semíticas (árabe, hebraico, aramaico, etc.).

Além disso, existe uma semelhança de tradições indígenas brasileiras, como a mitologia tupi-guarani, com as antigas tradições mediterrâneas.

Existem outros historiadores antigos que escreveram sobre as viagens das frotas do rei Hirão de Tiro, da Fenícia, e do rei Salomão, da Judeia, no rio Amazonas, nos anos de 993 a.C. a 960 a.C.

A obra de Bernardo, também, apresenta letreiros e inscrições do Brasil e da América, comparando-os com inscrições semelhantes dos países do velho mundo, observando que elas eram homogêneas.

“Tudo nos faz crer (que até a queda de Cartago. 146 anos a.C., o Oceano era cortado pela quilha de navios que frequentemente eram guiados por povos navegadores, entre eles os Fenícios, que segundo a Bíblia, conheciam todos os mares. É o mais insigne do poder marítimo, da extensão, do comércio e da magnificência deste extraordinário povo das remotas eras” (SILVA, 1938, p. 81).

O autor cita centenas delas traduzidas por ele. Três delas, por exemplo, foram as seguintes:

Morro da Gávea, Rio de Janeiro: LAABHTEJBARRIZDABNAISINEOFRUZT". Tendo em conta que o fenício é escrito da direita para a esquerda, acredita-se que a inscrição deve ser lida como “TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL”, que é traduzido aproximadamente como “Tiro, Fenícia, Badezir, primogênito de Jethbaal”. Alega-se que isto possa corresponder a um governante fenício chamado Badezir que governou Tiro em meados do século IX a.C., c. 850 a.C. Também se alega que o “rosto” da rocha foi esculpido à semelhança de Badezir.

Em Manaus, na Ponta das Lages, além dos rostos, Bernardo encontrou os nomes históricos de Nebe, Gallad, Belial, Neze, Gaal e Belus, escritos em caracteres fenícios e, em caracteres árabes, a máxima “Fortuna rápida dá ruína”.

Em Itacoatiara, o significado das gravuras nelas inscritas: “Juramos aqui reunidos em grande número. Aqui tomamos posse expulsos das delícias a Tingis, salvos dos filhos de Ileber. Delícias encontramos nós filhos do vento e do mar”.

Apesar deste trabalho minucioso e exaustivo de Bernardo Ramos, ainda existem muitos historiadores que duvidam dos seus trabalhos científicos. Tudo o que foi inexplicável durante milênios sempre gerará dúvidas quando alguém o decifra, principalmente, quando o pesquisador afirma que os fenícios estiveram no Brasil muitos anos antes da era cristã.

Eu, particularmente, acredito e coloco fé nos trabalhos do nosso conterrâneo Bernardo Ramos.

Fontes:

Livro : Inscrições e Tradições da América Pré-histórica, Especialmente do Brasil, Bernardo Ramos”

https://pt.wikipedia.org/.../Teoria_da_presen%C3%A7a_de...

https://cultura.am.gov.br/.../museu-de-numismatica.../

https://pt.wikipedia.org/.../Bernardo_de_Azevedo_da_Silva...