O Isaac Sabbá nasceu na cidade de Cametá, no Estado do Pará, no dia 12 de fevereiro de 1907 (faleceu em Manaus, 22 de março de 1996), o terceiro de sete filhos de Primo Sabbá e Dona Fortunata Sabbá, uma família descendente de judeus marroquinos que migraram para a Amazônia entre 1880 e 1890 – veio para Manaus com 15 anos de idade, construindo um império industrial, sendo eleito, aos 53 anos, pelas revistas internacionais, como o Rei da Amazônia, eternizado com este título, pois jamais será destronado.
Os seus antecedestes eram considerados judeus serfatitas (em hebraico significa francês)
– vieram de Marrocos para a Amazônia, com toda a família,
prenunciando o desejo permanente de ficar, assegurando o caráter doméstico e
gregário da vida judaica, milenarmente presa aos valores culturais e
religiosos, como forma de assegurar a
permanência de sua cultura.
O jovem Isaac Sabbá não
chegou a concluir o curso ginasial, no entanto, era um leitor voraz de
livros e do noticiário de economia da revista Time e de jornais ingleses e americanos, o que teve uma grande importância
na sua formação, contribuindo para que aos vinte anos de idade já estivesse
familiarizado com o sistema
financeiro internacional e com as relações econômicas dos países industrializados.
Casou com a bela parintinense Irene (Assayag) Gonçalves Sabbá, em 1942. O casal teve cinco filhos: Moisés (primogênito e sócio), Alberto, Mário, Ester e Débora (faleceu antes de completar um ano de idade), dedicando basicamente toda a sua vida a três coisas: a família, o trabalho e a religião.
Em 1922, o jovem Isaac
Sabbá, em sociedade com o seu irmão Jacob fundaram a primeira firma, a Jacob
& Cia, ficando o Jacob na área burocrática e o Isaac tornando-se um excelente
vendedor e com bons conhecimentos de câmbio e comercio exterior – era o início de
uma carreira empresarial de um homem de pensamento e ação, voltado para
resultados, mas dotado de um profundo respeito ao meio ambiente e aos interesses
da sociedade - coisas muita rara de encontrar nos empreendedores
dos dias atuais.
Em 1930, depois de
refletir sobre as lições do mercado, ocorrido em 1929 com o crack da bolsa de Wall Street,
expande os seus negócios com a firma J. Sabbá & Cia, depois associando-se
ao empresário Isaac Péres, nascendo a empresa Péres Sabbá & Cia, contando
com modernas instalações industriais, a Usina Vencedora, na Ilha de Monte
Cristo, com produção e exportação de borracha bruta e lavadas, além de óleo de
copaíba, balata e jutaicica – era o início do homem de negócios voltados para o
comércio exterior.
O Isaac Sabbá era um homem
visionário, descobrindo um nicho de mercado de exportação de borracha, castanha,
sorva, couros e peles, cumaru, piaçava, cipó-titica e outros produtos regionais,
tendo como novo modelo o fator qualidade (apresentação e embalagem de primeira).
Tornou-se grande exportador de borracha, com considerável lastro financeiro e com credibilidade, conseguindo financiar e pagar antes do prazo a Usina Labor no bairro de Educandos.
Três anos depois o Brasil declara guerra aos países do Eixo
Alemanha-Itália-Japão, impactando os seus negócios, mas nada o esmorecia em continuar com os seus objetivos de expandir as suas empresas.
Com os Acordos de Washington
houve a ampliação da produção de
borracha, mas limitada a sua venda excedente somente para os norte-americanos, com o Isaac Sabbá
perdendo a primazia da
exportação.
Ficou instituído o monopólio da borracha que perdurou alguns anos depois do fim da Segunda Guerra, além da proibição dos Estados Unidos da entrada da castanha do Brasil em seu território, indo de encontro aos sonhos e projetos do Isaac Sabbá.
Mesmo assim, em 1943, em plena guerra, assumiu o ativo e o passivo da empresa B. Levy & Cia (não foi um bom negócio para o empresário), adquirindo do espólio dezenas de empresas e seringais.
O Isaac Sabá tinha um extraordinária
feeling (percepção de uma caminho a tomar para alcançar o futuro). Com o fim
da proibição da importação por parte dos Estados Unidos, modernizou a Usina Labor e a Usina Vitória, reconquistando o
mercado de castanha, tornando-se o maior exportador deste produto.
Em 1948, Isaac Sabbá
torna-se representante da empresa petrolífera peruana Ganso Azul. Com a sua
percepção de longo prazo, sentiu que não dava mais para continuar com o negócio
da borracha e dedicou a este
novo ramo, pois percebeu que ali estava a chave do maior de seus
empreendimentos industriais.
Para competir com a força
das marcas Shell e Texaco, o Isaac Sabbá ouviu a seguinte sugestão de um
dirigente da indústria peruana: “para ganhar competitividade e ampliar o
mercado, o Sr. Sabbá deve instalar uma refinaria em Manaus e criar a sua
própria marca, passando de distribuidor dos nossos produtos refinados a
importador do nosso petróleo bruto”.
Em 21 de junho de 1952,
foi fundada a Companhia de Petróleo da Amazônia – Copam. Em 04 de abril de
1953 foi autorizada a
instalação e exploração da Refinaria. O seu braço direito foram o Moysés Benarrós Israel e o Moisés Gonçalves Sabbá.
Em 03 de outubro de 1953, o
Presidente Getúlio Vargas assinou a lei monopolizando o petróleo, criando a Petrobras,
com o refino sendo incluindo, mas sem prejuízo das concessões já realizadas. A Copam foi a última refinaria do
setor privado do Brasil.
Vencendo todos os
obstáculos possíveis e imagináveis e surpreendendo a tudo e a
todos, em 1956, a Refinaria de Petróleo de Manaus entrou em operação, abastecendo
as regiões Norte e Nordeste,
provocando a queda dos preços dos derivados.
A Refinaria Isaac Sabbá foi
inaugurada oficialmente em 03 de janeiro de 1957, com a presença do Presidente
da República Juscelino Kubistschek, que declarou: “Honra e orgulho que sinto neste momento, como devem sentir os homens
que idealizaram, planejaram e construíram esta obra magnífica em plena selva
amazônica, dando uma demonstração edificante da força e da capacidade dos
brasileiros para os grandes empreendimentos”.
Em 1960, o Isaac Sabbá
ganhou projeção no mundo financeiro internacional, com importantes veículos de
comunicação das Américas e da Europa destacando o significado econômico dos
seus empreendimentos na Amazônia. Aos 53 anos de anos de idade comandava um
respeitado complexo industrial com faturamento anual na casa dos cem milhões de
dólares.
Era um “Plantador de
Indústrias em Plena Selva” e o "Visconde de Mauá Amazônico". Foram dezenas de empresas com a marca Sabbá (refinaria,
terminais de petróleo, companhias de navegação, estaleiro, usinas de açúcar,
empresas de exportação, e um elenco
de empresas espalhadas pelo Amazonas, Pará e Rondônia, beneficiando borracha,
castanha e madeira, produzindo laminados e compensados, extraindo cassiterita e
muito mais) que se fossem listadas tomaria duas laudas deste espaço.
No entanto, somente para
ilustração, citarei algumas delas: I. B. Sabbá & Cia. Ltda. – Petróleo
Sabbá S.A. – Serraria Hore – Serraria Rodolfo – Serraria Itacoatiara – Ciazônia
– Curtume Rio Negro – Copam – Fitejuta S.A. – Eletro-Ferro Construções S.A. –
Estanave – Compensa – Terminais de Petróleo – Mineradoras etc.
Em 1971, o governo
brasileiro desapropriou a Refinaria Isaac Sabá, criando a BR – Distribuidora,
sendo incorporada ao patrimônio da Petrobrás e desde 1977, é oficialmente denominada
Refinaria Isaac Sabbá, em homenagem ao seu fundador.
O Isaac Sabbá se associou
a Shell do Brasil, criando a empresa Petróleo Sabbá. Hoje, constitui-se numa
empresa bem sucedida, com o uso exclusivo da marca Shell (aliando-se depois
também com a Cosan) em toda a
Amazônia, com terminais em Manaus, Belém, São Luís, Teresina e Tocantins,
tornando-se o principal negócio da
família, recebendo em 2016, o Prêmio Empresa Mais, do jornal O Estado de São Paulo, eleita a melhor
empresa do segmento de
distribuição e comercialização de combustíveis da região Norte do Brasil.
Recebeu muitas medalhas,
diplomas e títulos, porém, o mais destacado foi a Ordem do Mérito Industrial
CNI – a maior honraria concedida a personalidades e instituições que tenham se
tornado dignas de reconhecimento e admiração pelo setor produtivo brasileiro.
Por ter sido um mega
empreendedor ganhou projeção internacional, com as Revistas Business Week, Time
Magazine, Paris Match, La
Nación e outros importantes veículos de comunicação rendendo a este homem com
rotina no mundo verde e fascinante da floresta, dando-lhe o título de REI DA AMAZÔNIA.
Atualmente, dispomos de um
Parque Industrial e grupos de renome no comércio varejista em Manaus, no
entanto, levando em conta o complexo industrial montado pela Isaac Sabbá não
tenho duvida de que ele será eternamente o Rei da Amazônia, sendo praticamente
impossível surgir outra pessoa que possa destroná-lo.
Esta postagem somente foi
possível escrevê-la graças a Senhora Bena Canto e ao Dr. Luiz
Eron Castro, que entregaram, gratuitamente, os livros “História e Memória –
Judeus e
Industrialização no Amazonas”, do Elias e David Salgado” e “Isaac Sabbá, da Etelvina Garcia”,
com autorização do Diretor Geral da empresa I. B. Sabbá Ltda., o senhor Isaac Ben
Moisés Sabbá, bem como, da Biblioteca do SESC que disponibilizou o livro “Amazônia
– Formação Social e Cultural, do Samuel Benchimol”.