A grande maioria dos jovens acham que viverão para sempre púberes, não gostam da velhice, muito menos dos velhos, por outro lado, muitos velhos acham que ainda morrerão jovens, não gostam da velhice, muito menos dos jovens que o chamam de velho ou idoso.
Curti muito a minha juventude. Foi um momento mágico. Achava a velhice como uma coisa muito e muito distante que um dia poderia chegar lá.
Vivi intensamente a minha cidade de outrora. Frequentava os eventos esportivos, cívicos, culturais, católicos, sociais, etílicos e tudo o mais que acontecia em nossa cidade, com exceção das festas e eventos promovidos pelos “bacanas” por ser um “pé rapado”, no entanto, dava um de “furão” e de caboco “surubim”, liso, mas, cheio de pinta!
Veio o trabalho para me sustentar com o suor do meu rosto. Os estudos, a faculdade para ter um lugar ao Sol. O namoro, com o tesão embolado. Avancei o sinal, o casamento foi inevitável. Vieram os filhos. Fui à busca dum lugar para chamar de meu. A partir dai a coisa toda começou a mudar de feição.
Tudo passa, tudo passará! Os filhos cresceram, pegaram o beco. O casamento acabou para o todo e sempre. Somente não acabou o tesão pela vida, de viver cada momento como se não existisse o amanhã.
Vieram os netos e com o tempo perdi a vergonha de ser chamado de vovô. Surgia uma nova fase em minha vida, de curtir os filhos dos meus filhos. Espero ter muita saúde e presenciar muita água passar por debaixo da ponte e um dia ainda ser chamado de bisavô!
Quando olho para trás, noto quanto tempo passei, com dezenas de anos no lombo, acho isto fenomenal, pois muitos não passam dos trinta anos em decorrência da violência urbana misturada com drogas e rock and roll.
Sou um sessentão, nunca usei ou uso drogas ilícitas, não fumo nem o branco muito menos o preto. Agora, entornar umas loiras geladas é comigo mesmo! Gosto de caminhar pela minha cidade, fotografar, sentir e admira-la.
Estamos pulando uma fogueira. Muitos ficaram contaminados, outros tantos morreram, mas a grande maioria sobreviveu. Foram jovens e velhos "para o saco" em decorrência de um inimigo invisível. O vírus não está nem ai para idade do caboclo!
Passou um dia desses um comercial na televisão duma cerveja, na qual uma jovem muito linda e sensual chamada Vera Verão anunciou fazendo biquinho:
- Depois desta pandemia, tudo mudará e dias novos Verão! Meu vizinho pé-inchado se empolgou: Me dê, papai..... essa gelada!
Sei que já estou puído com o tempo, que já entrei na segunda fase, no entanto, a minha idade mental é de vinte anos atrás. Não gosto de ser chamado de velho, mas já estou me acostumando de tanto o ser chamado! É mole?
Lembro-me da Fatoka. Ela era elegante, vestia-se com roupa casual, tinha um namorado jovem “macetão” chamado Carlão. Gostava de dançar, namorar e tomar umas cervejas. Era amiga de todo mundo. Apesar de sua idade avançada, fechava o tempo quando alguém a chamava de senhora: - Senhora, não! Sou é jovem! Caso alguém, inadvertidamente, comentasse que ela era idosa, ele ia à loucura: - Idosa é o caralho, porra!
Existem aquelas pessoas que acham que o seu “casco não aguenta mais muito banzeiro”. Estão quietos, passando o dia passar em frente duma televisão. Estão pessimistas. Precisam mudar e voltar a brilhar!
O nosso cérebro é um imenso computador. Colocou merda na cabeça, sai merda. Colocou coisas boas, ele processa e disponibiliza coisas boas. Ele não sabe diferenciar uma da outra, pois tudo depende da programação que você faz. A neolinguística trata disto, ou seja, tudo o que você fala os neurônios aceitam como verdadeiro. Então, pense positivo!
Eu tenho um amigo português sexagenário, certa vez falou: - Esse negócio de chamar a velhice de “idade feliz” é um equivoco, pois quando envelhecemos vem o diabetes, a pressão alta, perdemos a visão e o tesão, além de ficarmos com o “pé na cova”. Idade feliz é quanto somos jovens! Ora, pois, pois! Se ele mudar a programação, mudará, com certeza, a sua visão da vida!
Certa vez, fui convidado para ir ao aniversário dos oitenta anos do Pirulito, o pai do livreiro e promotor cultural Lê (Sebo O Alienista). O aniversariante dançava, bebia, contava piadas, deixando muitos jovens no chinelo. Fiz uma homenagem a ele, falei-lhe que chegar aos oitenta anos de idade não é para qualquer um, não, somente para os mais fortes!
Com o advento do Viagra e da reposição do hormônio Testosterona muitos senhores que estavam de pijamas e passando o dia se embalando numa cadeira de macarrão, voltaram à ativa, começaram procurar as novinhas e viver a vida. Deixa a vida me levar, vida leva eu.
Muitas senhoras que reclamavam da vida o dia todo, com dores nas juntas e na coluna, começaram, recentemente, a frequentar academias, fazer caminhadas nos parques, a frequentar os centros de convivência e no bolerão do Clube Municipal. Mudaram de feição. São agora senhoras jovens sorridentes e, pasmem, voltaram a namorar com os mais novos!
Certa vez ouvi um velho falando para uma coroa: - Cavalo velho gosta mesmo é de capim novo! Ela respondeu: - E Porteira velha gosta mês é de estaca nova! É mole ou quer mais?
O meu amigo Joaquim Alencar está com setenta e um anos de idade. Mesmo assim, resolveu ser candidato a vereador de Manaus. Coisa que muitos jovens têm medo de encarar. Ele está com todo o gás para caminhar por toda a cidade pedindo votos para ser um legítimo representante do esporte, pois o cara foi atleta e ainda possui sonhos e projetos para realizar, enquanto outros na mesma idade estão esperando a morte chegar!
O “Estatuto do Idoso” diz nos seus primeiros artigos que as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos possuem os seus direitos assegurados, preservando a sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Uma obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público.
Vamos respeitar o idoso já! Quem sabe um dia o jovem possa chegar lá!
A idade média dos brasileiros vai pular para os oitenta e cinco anos de idade. Existe uma corrente para considerar idoso somente quem passar dos setenta anos.
Sou a favor pois a tendência será sermos velhos cada vez mais jovens!
É isso ai
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