Nasci, cresci, plantei
sementinhas (filhos), estou envelhecendo e, quando o nosso Criador do Universo determinar, morrerei e serei cremado na minha
cidade Manaus, pois fui, sou e sempre serei da urbe.
Sou um sexagenário, porém,
ainda lembro com detalhes desde quando tinha os meus cinco ou sete anos de
idade (tipo memória fotográfica) – tudo ficou gravado no disco rígido da minha
mente: a moradia e todo o seu entorno, a minha família, os colegas e amigos, a
topografia e tudo o que aconteceu em minha cidade nesse tempo todo.
Apesar de ser urbano, tenho
o maior respeito e consideração pelas pessoas que vivem no meio rural (campo) e
daqueles que praticam o ruralismo (atividades rurais em relação às urbanas),
porém, tenho ojeriza aos grandes ruralistas “do
mau” (aqueles grandes proprietários rurais que praticam atividades
econômicas e políticas visando benefícios próprios, nocivas ao meio ambiente e
ao povo que ali habita).
Vivo na cidade, respeito e
luto pela sua urbanização, com trabalhos públicos sérios e responsáveis, na
área de infraestrutura, com água de qualidade para todos os moradores (o
majestoso Rio Negro passa no nosso quintal); a correta drenagem de águas
pluviais e servidas, evitando doenças para as nossas criancinhas (esgotos a céu
aberto) e eletricidade para todos, com uma tarifa justa e social para aqueles
que merecem.
Por ser da urbe, luto e
clamo por serviços urbanos de qualidade, não mais valorizando o transporte
particular (carro próprio), mas, o transporte público dos bons (ônibus
confortáveis e pontuais) com tarifa justa, além do respeito e consideração pelo
uso das “magrelas” (corredores
exclusivos para os usuários das “bikes”).
Sou da urbe, usei e uso os
serviços públicos (na maioria das vezes precários) - não penso mais em
beneficio próprio, mas, nas das crianças e dos jovens, para terem uma educação
pública de qualidade (com tempo integral), além de usufruírem de uma cidade
calma, tranquila, arborizada e gostosa de viver.
Por ser da cidade de
Manaus, tornei-me um blogueiro
regional (editor do BLOGDOROCHA), tentando
escrever certo por linhas tortas, utilizando como pano de fundo a minha querida
e amada cidade natal – na realidade, o blog
(site em forma de diário online) não é meu, pertence, estruturalmente, a uma
empresa dos USA e, afetivamente, aos
meus conterrâneos manauaras – posto fotos antigas (cidade sorriso) e atuais
(cidade séria, porém, gostosa), além de saudosismos e vivências contemporâneas.
Tive o privilégio de viver
numa urbe pequena, onde quase todo o mundo se conhecia – curti os banhos nas
águas límpidas e cristalinas dos nossos igarapés, os cinemas, as festas
dançantes (com muito Leite de Tigre e
acocho nas caboquinhas), o mingau e
as compras domingueiras no “Mercadão”
(Mercado Adolpho Lisboa), as missas e procissões da Igreja Matriz (Nossa Senhora
da Conceição) e de São Sebastião; os jogos de futebol no Parque
Amazonense e Vivaldo Lima; os
carnavais de rua e os desfiles militares na Avenida Eduardo Ribeiro; o partir e
o chegar do Rodo (Roadway) e do Aeroporto de Ponta Pelada e, muito mais!
Nem tudo foram flores -
vivenciei a destruição de grande parte do nosso patrimônio histórico; do
crescimento desordenado da urbe, das invasões de terras, do desmatamento brutal
e impiedoso das nossas florestas e da poluição sonora, visual e dos igarapés -,
além do crescimento econômico, em decorrência da implantação da Zona Franca de Manaus, trazendo a
reboque todas as mazelas sociais, inchando e desordenando a cidade, com a vinda
dos caboclos do interior do estado do Amazonas e brasileiros de outras plagas,
alterando o nosso modo de ser e de pensar.
Felizmente, muitos anos
depois - tive a alegria de presenciar a revitalização de parte do nosso centro
histórico e da valorização da nossa cultura, com os jovens sentindo orgulho de
serem chamados de caboclos, valorizando a nossa culinária, a música regional e,
acima de tudo, de falar o “amazonês”
para inglês ver – como escreveu o poeta Aldizio “Porto de Lenha tu nunca serás Liverpool, com a cara pintada e os olhos
azuis”.
Mudando
de pau para cavaco: acho o máximo ser vereador - um cidadão escolhido pelo
pessoal da urbe, para representá-lo no parlamento, elaborar as leis
beneficiárias a população e fiscalizar os atos do prefeito (administrador da
urbe) – muitos utilizam esse cargo para amealhar e galgar outros cargos
públicos (infelizmente) – quem sabe um dia, possa ter esse gostinho em ajudar
(dever de todo cidadão responsável) aos meus conterrâneos da minha cidade.
Quando eu for “para o andar de cima” e partir dessa
vida para melhor (?), espero que os meus familiares cremem meu corpo e jogue de
avião “teco-teco” parte das minhas
cinzas pela minha amada cidade Manaus (da praia da Ponta Negra, passando pela margem esquerda do Rio Negro, Centro Histórico
até o Encontro das Águas), pois fui,
sou e sempre serei da urbe, sim, senhor!
E isso ai.
Esta
postagem foi feita em homenagem aos moradores da nossa urbe:
Alexandre
Soares, Adriana Soares, Amanda Soares, Eduarda Costa, Alexandre Victor, José
Rocha Filho, Henrique Martins, Graciete Martins, Kelva Fernandes, Marco Gomes,
Jersey Nazareno, José Sarto, Rogério Dias, Marcelo Dantas, Faby, Natinho Point
do Tacacá, Carbajal Gomes, Socorro Papoula, Graça Silva, Celestina Maria, Katia
Maria, Jumara Paulista, Heloisa Mineira, Manoel Cruz, Ana Claudia Soeiro, Rui
Machado, Carla Canori, Papaco, Afonso Toscano, Ulisses Marques, Denis, Simão
Pessoa, Jomar Fernandes, Rogelio Casado (in memoria), Chicão Cruz, Assante, Norte,
Ademir Ramos, Eduardo Braga Reis, Gisele Amora, Celestino Lê, Keyce Jhones,
Caril, Bringel, Buriti, Alberto Silva, Arlete Meirelles, Lucio Bezerra, Davi
Almeida, Ribamar Mitoso, José Pinheiro, Julinho Mendonça, Marco Aurélio,
Marjorie, Mauro Magalhaes, Orlando Magalhaes, Roberto Pacheco, Zé Luiz, Tiko
Ramos, Edvaldo Pagodinho, Nubia Maria e, amigos do Igarapé de Manaus, Vila
Paraíso, Rua Tapajós, Cidade Nova, Conjunto dos Jornalistas e Tocantins, do
Facebook e dos leitores e seguidores do Blogdorocha e G+, além de famílias de
judeus, portugueses, japoneses, italianos, alemães, árabes, caboclos, cariocas,
paraenses, cearenses, paulistas, gaúchos e mineiros (que fazem parte da nossa
Manaus); frequentadores do Bar do Armando, da BICA, do Bar Caldeira, Bar
Cipriano, Bar Jangadeiro e ET-Bar, além dos inimigos e adversários
(imaginários!) -, ou seja, de toda urbe (moradores da cidade de Manaus).
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