Primeiro aeródromo de
Manaus, construído e inaugurado em plena Segunda
Guerra Mundial, em 1944, com apoio logístico e financeiro do governo dos Estados Unidos da América, com o
objetivo de facilitar o pouso de aeronaves possantes, de passageiros e
militares – com o fim da guerra, passou a operar voos civis e militares e, na
década de setenta, tornando-se um aeroporto militar brasileiro.
Em 1941, o governo Vargas
conseguiu dos USA (Acordos de Washington)um
grande aporte financeiro para a construção da Usina de Volta Redonda (RJ), uma obra importantíssima para a
industrialização do nosso país, em contrapartida, comprometeu-se em fornecer
minério de ferro e borracha para os países Aliados.
Nesses acordos, o governo
brasileiro autorizou a livre entrada de militares americanos, em Manaus, para
implementarem a “Batalha da Borracha”,
com a produção do látex para ajudar nos esforços de guerra – para a fabricação,
no exterior, de pneus dos aviões e automóveis dos USA, França e Inglaterra, pois os países produtores
asiáticos estavam bloqueados pelos inimigos japoneses.
O transporte aéreo de
borracha (Manaus-Miami) era realizado por hidroaviões Catalinas, na Ilha de Monte
Cristo (atual Avenida Lourenço Braga, conhecida como “Manaus Moderna”) pela empresa norte-americana RDC.
Nos porões dos navios
ianques, vieram máquinas pesadas (tratores, retroescavadeiras, etc.) para
serviços rodoviários, sendo utilizados, inicialmente, na construção de uma
pista de pouso, para a aterrissagem e decolagem de aviões de porte dos
norte-americanos, trazendo passageiros e militares.
O local escolhido foi uma
imensa área descampada, que ficava num elevado, no bairro do Crespo, atual
Avenida General Rodrigo Otávio, 35, conhecida
como “Ponta Pelada” (PLL), propício
para a construção da pista de pouso – a área foi doada pelo poder executivo
estadual ao Ministério da Aeronáutica
– o local já era considerado de utilidade pública pela Lei Estadual no. 1.020,
de 7 de maio de 1943.
Foi construído em tempo
recorde, evidenciando a eficiência americana - contando com uma pista de pouso e
uma casa de madeira com telhado de argila (era modesta, porém, confortável) para
apoio operacional e abrigar os passageiros, conforme fotografia antiga – entrou
em operação em 1944.
Com o término da Segunda Guerra, ocorrido em 1945, o Aeroporto de Ponta Pelada passou a ser
operado pelo governo brasileiro, depois, pela empresa pública INFRAERO (em 1973) e, pelos militares,a
partir de 1976, em decorrência da inauguração do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes.
Em 20 de janeiro de 1954, com
a presença do Presidente da Republica
Getúlio Vargas, ocorreu a inauguração do novo terminal de passageiros e da
revitalização da pista de pouso (2.318 metros de comprimento e de 45 m de
largura), fruto da participação da iniciativa privada (em particular, dos
industriais Dr. Alberto Ferreira do Vale
e Isaac B. Sabbá) – segundo os
historiadores, a obra ficou a cargo do engenheiro Trajano Mendes, custando a soma de trinta milhões de cruzeiros.
Acidentes ocorridos no
aeroporto:
24 de Maio de 1952:
acidente com o Loide Aéreo Nacional “Curtiss C-46D-15-CU” registrado PP-LDE, houve
um problema no motor, ao retornar para o aeroporto,caiu no Rio Negro, morrendo seis
ocupantes;
7 de Dezembro de
1960: avião da Real Curtiss C-46A-60-CK,
registrado PP-AKF, servia como Transporte Aéreo Nacional, voo 570 de Cuiabá
para Aeroporto Ponta Pelada, bateu no Montanha Cachimbo, morrendo 15
passageiros;
14 de Dezembro de 1962:
avião da Panair do Brasil “Lockheed L-049 Constellation”, registrado PP-PDE,
vinha do Aeroporto Val de Cans (Belém, Pará), caiu na selva quando faltavam 45
km para chegar a Manaus (Paraná da Eva), todos os 50 passageiros morreram;
12 de Novembro de 1969:
avião da Cruzeiro do Sul “NAMC YS-11/11A”, saiu do Aeroporto Ponta Pelada com
destino a Belém (Val de Cans), foi sequestrado por um terrorista e levado à
Cuba, não houve vitimas;
25 de Abril de 1970: avião
da VASP “Boeing 737-2A1, em rota de Brasília para Manaus, foi sequestrado por
um terrorista e levado à Cuba, o sequestrador morreu;
14 de Maio de 1970: o
mesmo avião e a mesma ocorrência acima.
Tipos de aviões e empresas
que operaram no aeroporto:
Cruzeiro do Sul, Lóide Aéreo Nacional, Panair do
Brasil, Real Transportes Aéreos, Transbrasil, Varig e VASP.
O Aeroporto de Ponta
Pelada possuía um fascínio todo especial por parte dos manauaras, aonde famílias
inteiras iam se despedir de algum parente que partia ou esperar, ansiosamente,
pela chegada de alguém – era também um local obrigatório de passeios nos finais
de semana.
Existia um pátio com
parapeito no mezanino, onde as pessoas gostavam de ver aquele espetáculo
indescritível, principalmente para as crianças - com aviões de todos os tamanhos
decolando e aterrissando; movimento de carrinhos levando bagagens; funcionários
orientando pilotos no estacionamento; carros tanques abastecendo os aviões e a
movimentação das escadas móveis para acoplamento nas portas das aeronaves, além
do adeus por parte daqueles que partiam.
Fazia muito sucesso o Restaurante Palheta, ficava na parte
superior, onde as pessoas faziam lanches e almoçavam – no saguão do Aeroporto
existiam cafés, loja de artesanatos regional e uma banca de revista, onde eram
disputados os postais de Manaus.
As passagens aéreas eram
caríssimas, fora da realidade, não permitindo a maioria dos manauaras viajarem,
principalmente, para a cidade mais desejada, o Rio de Janeiro – a Aeronáutica,
através dos aviões Búfalos, levava
militares e familiares em trânsito e, liberava a viagem para civis que
precisavam de tratamento de saúde em outras cidades do Sul e do Sudeste do
país.
Com a implantação da Zona Franca de Manaus, ocorrida em 1967
(em pleno regime militar), o Aeroporto de
Ponta Pelada foi ficando saturado, não suportando o fluxo cada maior de
cargas e passageiros – obrigando o governo federal a construir um novo
aeroporto, o Aeroporto Internacional
Eduardo Gomes, transferindo para lá toda a operação em 1976.
Atualmente, o Aeroporto de Ponta Pelada é administrado
pela Força Aérea Brasileira (Base Aérea
de Manaus BAMN), servindo, exclusivamente, para pousos e decolagens de
aviões militares e da Polícia Federal,
além de apoio estratégico, caso ocorra um mau tempo (nevoeiros) ou problemas
estruturais que impeçam a aterrissagem de aviões no atual aeroporto
internacional.
Fotos:
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