As vozes eram um serviço
de comunicação, entre os que ficavam em terra e, os tripulantes e passageiros
dos barcos regionais ancorados na orla do Rio Negro, em Manaus, conhecida
antigamente por “Escadaria dos Remédios” (extinta com uma barragem e construção
da Feira da Manaus Moderna), em frente à Praça e Igreja dos Remédios, sendo a
mais famosa, a “Voz Praiana”, do Kimura.
As vozes constituem-se de
pequenos alto-falantes - instalados em postes, sendo muito utilizadas nas
beiras de rios e na periferia de Manaus e no interior da Amazônia, prestando um
grande serviço de utilidade pública, suprindo as deficiências na área de
comunicação.
Com o advento da
comunicação em massa, com a internet e a popularização dos celulares Smartfones e das redes sociais, esse serviço ficou relegado a segundo plano nos dias
atuais.
As vozes faziam avisos
sobre embarcações – chegadas, saídas, destinos – e as mais diversas
informações: os anúncios de festas, aniversários, casamentos, em Manaus e no
interior, bem como, de publicidade e serviços: ervas miraculosas, garrafadas,
remédios, mandingas, barracas de comidas, vendas de passagens, etc.
Passavam mensagens de
amor, parabéns, boas-vindas aos que chegavam e boa-viagem para os que partiam,
além de muitas músicas de compositores locais (principalmente o gênero brega),
nacionais e internacionais e outras informações.
A mais famosa da
“Escadeira dos Remédios” Manaus era “A Voz Praiana”, do Raimundo Maia Ismael, o
“Dom Kimura”, conhecido, também, como “Boca de Ferro”.
Ele nasceu na cidade de
Eurinepé, interior do Amazonas, veio ainda criança para Manaus, em companhia de
seu pai, sempre andando pelos arredores do Mercadão, onde trabalhou como
estivador.
Na década de setenta,
participou de “tele-rings” (TV Ajuricaba, apresentado pelo Arnaldo Santos),
onde se revelou um grande lutador, com o nome de Dom Kimura, tendo lutado com o
argentino Ted Boy Marino (astro do tele-cath da Rede Record).
O Kimura largou as lutas
e, aos 34 anos de idade, dedicou-se exclusivamente a radio, montando a sua Voz
Praiana, com os estúdios no Mercado Adolpho Lisboa - onde ficou até a sua
morte, em 2013, aos oitenta anos – deixando a continuidade do negócio para a
sua filha, a Maria Souza Ismael, de 40 anos.
Atualmente, apesar de toda
a tecnologia de informação existente, ainda existem “As Vozes” da antiga
“Escadarias dos Remédios”. É isso ai.
Fontes:
Livro Manaus
1965 – Da Floresta e das Águas./Roberta Camila Salgado. – Manaus: Governo do
Estado do Amazonas – Secretaria de Estado da Cultura, 2009.
Jornal A
Critica/UOL
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