Conheci o Jorge Palheta no Bar do Armando, faz uma
década - tive o privilegio de conhecer dezenas de trabalhos realizados pelo
grande artista plástico, bem como, de usufruir da sua amizade e, de ter tido a
oportunidade de conhecer alguns causos muitos hilários, tendo como personagem
principal o nobre amigo.
Não tenho a menor chance de comentar sobre os
trabalhos do Palheta, uma vez que sou zero à esquerda em conhecimentos de artes
plásticas, porém, das diversas conversas que tive com o nobre amigo, fiquei
sabendo de algumas informações sobre a sua trajetória profissional.
Ele sempre se considerava um Amazônida de sangue e de
coração, tanto que os seus quadros retratam a defesa do meio ambiente e da
região.
Começou a sua carreira há 45 anos, inicialmente,
fazendo desenhos no papel, posteriormente, partiu para as pinturas em telas.
Trabalhou no Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia - INPA, no período de 1975 a 1980, na respeitada função de ilustrador
botânico, antes da chegada maciça dos micros computadores, ele tinha uma árdua
missão de desenhar, nos mínimos detalhes, tanto uma flor, quando uma árvore -
poderia ter ficado por lá e se aposentar como um funcionário federal, porém,
resolveu seguir a sua carreira de artista plástico.
Ele tinha uma capacidade incrível para retratar o
rosto humano, chegando até ser colaborador da Polícia Civil, fazendo o famoso
“retrato falado” - quando os PC´s inundaram o mercado, este trabalho foi
relegado a terceiro plano.
Com a sua genialidade, conseguiu ganhar alguma grana,
fazendo caricaturas nos bares de Manaus - fez também a ilustração de várias
capas de livros de autores famosos do Amazonas, bem como, das bandas de
carnaval da cidade de Manaus, principalmente da BICA, 5 Estrelas e Caldeira.
Dizem os conhecedores da área, que o Palheta era um
artista direcionado para:
·
Impressionismo
(segundo Aurélio: Escola de pintura surgida na França por volta de 1870,
que visava a captar, em princípio, a impressão visual produzida por cenas e
formas derivadas da natureza, e as variações nelas ocasionadas pela incidência
da luz, e que se baseava especialmente no emprego das cores e de suas relações
e contrastes, a fim de obter efeitos plasticamente dinâmicos e objetivos. Esta
escola, por suas inovações, influiu marcantemente a pintura do séc. XX.);
·
Abstracionismo
(idem: Corrente estética surgida em princípios do séc. XX, caracterizada
pelo abandono total da representação figurativa das imagens ou aparências da
realidade, pelo uso de formas e cores com ritmo e expressão próprios e
liberadas de qualquer conteúdo que perturbe a manifestação da sensibilidade do
artista, e pela abertura para amplas interpretações subjetivas; arte abstrata).
O artista fez várias exposições na Assembleia
Legislativa do Estado do Amazonas, tendo o apoio dos amigos, políticos e
empresários de Manaus - as suas obras estão sendo muito procuradas e
valorizadas (infelizmente, algumas pessoas somente valorizam o artista após o
seu falecimento).
Em agosto de 2013, fiz um pedido e o Palheta fez uma
pequena tela, chama-se “A Maçonaria na Amazônia” – ele era membro da Loja Rosa
Cruz e a maioria dos seus trabalhos artísticos possuem elementos maçônicos.
Durante todos esses anos de amizade, sempre o apoiei,
valorizando os seus trabalhos artísticos, com publicações no BLOGDOROCHA, além
de passarmos horas conversando, rindo das piadas e causos que somente ele sabia
contar.
Ontem, ao entardecer, deu uma ventania em meu bairro, tirando
da posição o quadro do Palheta que está na minha sala de estar – coloquei-o no
lugar correto e, lembrei-me do velho amigo, horas depois, amigos e familiares
deram-se a triste noticia do seu falecimento!
O seu corpo está sendo velado em sua residência, na
Avenida Maués, nº 1.120, no bairro de Cachoeirinha, em Manaus/AM. Descanse
em paz meu amigo!
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