No governo amazonense do
José Bernardino Lindoso, no período de março de 1979 a maio de 1982, o sua
esposa Amine Lindoso, teve um papel fundamental na proteção dos hansenianos da
Colônia Antônio Aleixo.
Esta postagem foi motivada
por uma matéria publicada por seu filho (Um pouco de esperança para os
hansenianos de Manaus), o advogado Pedro Lucas Lindoso (Poltrona no. 10 –
Antônio Gonçalves Dias), na Revista no. 3 do Instituto Geográfico e Histórico
do Amazonas (IGHA), na qual relembra a atuação assistencial prestado por sua
mãe.
Segundo o Pedro Lindoso, a
sua mãe era assistente social por formação e, exerceu com brilhantismo a função
de primeira dama do Estado do Amazonas, um cargo sem visibilidade nos governos
anteriores, pois a esposa do ministro Enok Reis morou praticamente o tempo todo
no Rio de Janeiro, bem como, o Cel. João Walter, que era solteiro.
A Dona Amine recusou a ser
secretaria de estado ou ser representante no Amazonas, da LBA ou da FUNABEM - fundou
uma Organização Não Governamental (ONG), denominada “Central de Voluntários do
Amazonas”, situada na Rua Lauro Cavalcante, onde comparecia e despachava todo
os dias, com atuação voltada para os meninos e meninas de rua e política de saúde
pública juntos aos hansenianos.
Com a desativação do leprosário,
houve um deslocamento dos doentes da colônia para o centro de Manaus, onde
buscavam sobreviver através da mendicância ou mesmo de algum tipo de ocupação.
As famílias não podiam
cuidar dos seus doentes, pois muitas vezes a família estava doente também – o que
motivou o governo ao pagamento de um salário mínimo a cada um, com a condição
de deixarem a mendicância.
Nessa época, já havia o
controle da doença através de medicamentos, porem, a grande maioria estavam com
sequelas, o que gerava o terrível preconceito por parte dos moradores da
cidade.
A Dona Amine visitava com frequência
os doentes na Colônia Antônio Aleixo, abraçava a todos e não usava luvas, o que ajudou muito a desmitificar o medo
exagerado da doença – fazia questão de levar muitas senhoras e damas voluntárias,
algumas, todavia, apresentavam sempre uma desculpa e não iam as visitas.
Por ser esposa do
governador, conseguiu muitos recursos financeiros para a ONG, o que permitiu a
criação de olarias e fábrica de tijolos, hortas comunitárias, cooperativas de
trabalho e clube de mães, proporcionando emprego e renda, cuidados com a saúde,
economia domestica e relacionamento interpessoal com a família.
Outro ponto positivo da Dona
Amine, foi a luta e reivindicação da construção da “Maternidade Izabel Nogueira”,
na Colônia Antônio Aleixo, para as parturientes hansenianas, além da
implantação da farmácia comunitária.
Ela conseguiu junto ao
Instituto de Terras do Amazonas (ITEAM), a legalização das terras da Colônia
Antônio Aleixo, com a escrituração dos imóveis, inclusive dos pavilhões, das
casas de apoio e das residências dos doentes.
No dia 22 de abril de
2004, a Dona Amine Lindoso já com oitenta anos de idade, foi convidada para a
inauguração do “Conjunto Residencial Amine Lindoso”, na Colônia Antônio
Lindoso, um evento que contou com a presença do governador do Amazonas e do
Presidente da República e suas esposas.
Após as solenidades, a
Dona Amine e familiares deixaram as autoridades irem embora, foi quando os
hansenianos vieram vê-la e cumprimentá-la, pois todos estavam com saudades e
agradecida pelo o ela fez por eles – uma senhora cadeirante, bastante mutilada,
com uma flor no cabelo, repetiu vários versos ditos a D. Amine há mais de vinte
anos – ela se emocionou com aquele olhar de ternura. E isso ai.
Fonte: Revista do IGHA –
Fase IV – Setembro 2014 – Ano I – no. 3 – “Um pouco de esperança para os
hansenianos de Manaus – Pedro Lucas Lindoso”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário