sábado, 17 de agosto de 2013

O BODE CASTELO (CHEIROSO) – O MASCOTE DOS GIMNASIANOS


A Semana da Pátria está chegando e, nada mais justo do que homenagear um ilustre animal que, na década de 60 era muito querido e amado pelos alunos do Colégio Estadual do Amazonas (os gymnasianos), pois desfilava garbosamente nos desfiles escolares – estou-me referindo ao bode “Castelo”, também conhecido como “Cheiroso”.

Alguém pode achar estranho em homenagear um bode, mas o “Castelo” fez história na cidade, tanto que foi citado no livro “Gymnasianos”, do Osíris Silva – além do mais, sempre que entramos numa rodada de conversa de antigos estudantes daquele colégio, sempre o seu nome é lembrado, sendo motivo de muitas gargalhadas.

O nome “Castelo” foi dado em decorrência da “fachada de uma casa nobre” ser o símbolo maior daquela famosa instituição de ensino e, “Cheiroso”, porque gostava de tomar toda semana um banho completo, com direito a um perfume para tirar aquela inhaca característica dos caprinos.

Mas afinal, o que é um bode – segundo a kiwiquipédia “O bode é o macho da cabra, possui barba e chifre, emite um som chamado de “balido” – é um pequeno ruminante que foi domesticado por volta de 7.000 a.C. no Oriente Médio, possuindo uma resistência natural e capacidade de adaptação a condições extremas, chegando a viver por mais de vinte anos”.

Segundo o meu xará, o José Rocha (Presidente da Associação dos Amigos da Praça da Polícia), o Castelo veio ainda cabrito (neném) para o Estadual – o seu antigo dono, um senhor que possuía um barco regional que fazia linha para o Careiro e abastecia Manaus de leite “in natura” – certa vez, foi levar um barril do precioso liquido branco para a cantina do colégio e, em sua companhia, trouxe o pequeno Castelo – foi adotado de imediato pelos estudantes e pelo Senhor Henrique (um bedel que morava no colégio), ficando por lá por toda a sua vida, alguns dizem que ele chegou aos trinta anos de idade.

O José Rocha, o Amazonino Mendes e o irmão do Robério Braga (todos ginasianos), gostavam de levar, as sextas-feiras, o Castelo ao Bar do Jaú (um boteco frequentado pelos pés inchados), na Avenida Getúlio Vargas, ao lado do Cine Polytheama – eles davam para o animal uma mistura de groselha com cachaça, com direito a tira gosto de polpa de coco maduro - pior de tudo, o Cheiroso gostava da birita, tomava todas e ainda lambia os beiços!

Cresceu junto com os estudantes, tinha até uma sala exclusiva que ficava embaixo da escada que dava acesso ao andar superior – comia do bom e do melhor, tornando-se o mascote nos desfiles escolares – deixava as pessoas pegarem nos seus chifres e alisarem a sua pelagem – quando alguém, inadvertidamente, pegava no seu bigode, ele ficava invocado e, preparava logo uma chifrada certeira.

O Colégio Amazonense D. Pedro II, conhecido como “Estadual” foi construído em 1886 e, ficou famoso pelo rigor no ensino, com acesso somente a estudantes com capacidade intelectual acima da média, possuindo nos seus quadros professores de altíssimo gabarito, formando várias gerações, na qual a grande maioria se destacou na política, economia, administração, medicina e no campo intelectual do Estado do Amazonas.

O colégio possuía a Banda de Música (fanfarra) melhor de Manaus, vestiam-se a caráter, nos moldes dos colégios militares brasileiros – nos desfiles da Semana da Pátria, o palco era a Avenida Eduardo Ribeiro e, o mais esperado e aplaudido de todos, era o famoso Bode Castelo – ela ficava todo garboso em sua farda oficial, desfilava igual à cadência de um militar – gostava de acompanhar o comandante da banda, o estudante Marcus Barros (atual médico e político).

Conversei com o Geraldo Bonates (o GB, antigo servidor da Sefaz e atual radialista da Rádio Rio Mar), foi meu vizinho da Vila Paraíso (Avenida Getúlio Vargas), ele é filho do bedel Henrique – vai me conseguir emprestado um exemplar do livro “Gymnasianos”, do escritor Osíris Silva, pois a primeira edição foi rapidamente esgotada – será possível aumentar mais a postagem, pois ele escreveu sobre o Bode Castelo.  
  
Quando saía com a rapaziada para passear, comia de tudo pela rua, não dispensava nada, detonava fósforos, baganas de cigarros, plantas, jornais, livros, frutas, ou seja, o que ele encontrava pela frente, não fazia cerimônia, dava sopa, ele comia, era uma draga!


Segundo o “Miudinho”, um frequentador do Bar Caldeira e apreciador de uma boa potoca – falou e disse que, certa vez, ele e outros estudantes o levaram ao Mercado Municipal Adolpho Lisboa – o Castelo rasgou um paneiro de farinha seca e comeu até o último grão, depois, ficou numa secura danada, tomou uns dois litros de água do Rio Negro, o coitado do Cheiroso ficou quase igual à Dona Redonda (da novela Saramandaia) e, explodiu! Morreu aos trinta anos o mascote dos ginasianos! Selva, Bode Castelo! 

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