A Semana da Pátria está
chegando e, nada mais justo do que homenagear um ilustre animal que, na década
de 60 era muito querido e amado pelos alunos do Colégio Estadual do Amazonas
(os gymnasianos), pois desfilava garbosamente nos desfiles escolares – estou-me
referindo ao bode “Castelo”, também conhecido como “Cheiroso”.
Alguém pode achar estranho
em homenagear um bode, mas o “Castelo” fez história na cidade, tanto que foi
citado no livro “Gymnasianos”, do Osíris Silva – além do mais, sempre que
entramos numa rodada de conversa de antigos estudantes daquele colégio, sempre
o seu nome é lembrado, sendo motivo de muitas gargalhadas.
O nome “Castelo” foi dado
em decorrência da “fachada de uma casa nobre” ser o símbolo maior daquela
famosa instituição de ensino e, “Cheiroso”, porque gostava de tomar toda semana
um banho completo, com direito a um perfume para tirar aquela inhaca
característica dos caprinos.
Mas afinal, o que é um
bode – segundo a kiwiquipédia “O bode é o
macho da cabra, possui barba e chifre, emite um som chamado de “balido” – é um
pequeno ruminante que foi domesticado por volta de 7.000 a.C. no Oriente Médio,
possuindo uma resistência natural e capacidade de adaptação a condições
extremas, chegando a viver por mais de vinte anos”.
Segundo o meu xará, o José
Rocha (Presidente da Associação dos Amigos da Praça da Polícia), o Castelo veio
ainda cabrito (neném) para o Estadual – o seu antigo dono, um senhor que
possuía um barco regional que fazia linha para o Careiro e abastecia Manaus de
leite “in natura” – certa vez, foi levar um barril do precioso liquido branco para
a cantina do colégio e, em sua companhia, trouxe o pequeno Castelo – foi
adotado de imediato pelos estudantes e pelo Senhor Henrique (um bedel que
morava no colégio), ficando por lá por toda a sua vida, alguns dizem que ele
chegou aos trinta anos de idade.
O José Rocha, o Amazonino
Mendes e o irmão do Robério Braga (todos ginasianos), gostavam de levar, as
sextas-feiras, o Castelo ao Bar do Jaú (um boteco frequentado pelos pés
inchados), na Avenida Getúlio Vargas, ao lado do Cine Polytheama – eles davam
para o animal uma mistura de groselha com cachaça, com direito a tira gosto de
polpa de coco maduro - pior de tudo, o Cheiroso gostava da birita, tomava todas e ainda lambia os beiços!
Cresceu junto com os
estudantes, tinha até uma sala exclusiva que ficava embaixo da escada que dava
acesso ao andar superior – comia do bom e do melhor, tornando-se o mascote nos
desfiles escolares – deixava as pessoas pegarem nos seus chifres e alisarem a
sua pelagem – quando alguém, inadvertidamente, pegava no seu bigode, ele ficava
invocado e, preparava logo uma chifrada certeira.
O Colégio Amazonense D.
Pedro II, conhecido como “Estadual” foi construído em 1886 e, ficou famoso pelo
rigor no ensino, com acesso somente a estudantes com capacidade intelectual
acima da média, possuindo nos seus quadros professores de altíssimo gabarito,
formando várias gerações, na qual a grande maioria se destacou na política,
economia, administração, medicina e no campo intelectual do Estado do Amazonas.
O colégio possuía a Banda
de Música (fanfarra) melhor de Manaus, vestiam-se a caráter, nos moldes dos
colégios militares brasileiros – nos desfiles da Semana da Pátria, o palco era
a Avenida Eduardo Ribeiro e, o mais esperado e aplaudido de todos, era o famoso
Bode Castelo – ela ficava todo garboso em sua farda oficial, desfilava igual à
cadência de um militar – gostava de acompanhar o comandante da banda, o estudante
Marcus Barros (atual médico e político).
Conversei com o Geraldo Bonates
(o GB, antigo servidor da Sefaz e atual radialista da Rádio Rio Mar), foi meu
vizinho da Vila Paraíso (Avenida Getúlio Vargas), ele é filho do bedel Henrique
– vai me conseguir emprestado um exemplar do livro “Gymnasianos”, do escritor
Osíris Silva, pois a primeira edição foi rapidamente esgotada – será possível
aumentar mais a postagem, pois ele escreveu sobre o Bode Castelo.
Quando saía com a
rapaziada para passear, comia de tudo pela rua, não dispensava nada, detonava
fósforos, baganas de cigarros, plantas, jornais, livros, frutas, ou seja, o que
ele encontrava pela frente, não fazia cerimônia, dava sopa, ele comia, era uma
draga!
Segundo o “Miudinho”, um frequentador do Bar Caldeira e apreciador de uma boa potoca – falou e disse
que, certa vez, ele e outros estudantes o levaram ao Mercado Municipal Adolpho
Lisboa – o Castelo rasgou um paneiro de farinha seca e comeu até o último grão,
depois, ficou numa secura danada, tomou uns dois litros de água do Rio Negro, o
coitado do Cheiroso ficou quase igual à Dona Redonda (da novela Saramandaia) e,
explodiu! Morreu aos trinta anos o mascote dos ginasianos! Selva, Bode Castelo!
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