Certo dia estava num engarrafamento infernal na Avenida Efigênio Sales com a Rua Recife, em direção ao bairro do Aleixo, por conta da construção de um viaduto; encontrava-me no limite da paciência, quando olhei para o lado direito e avistei parte do prédio, onde funcionava o restaurante e o clube dançante do balneário do Parque Dez. Num passe de mágica, voltei ao passado, expulsei todos os capetinhas que estavam rondando a minha cabeça.O meu pai me acordava às 05 da manhã de domingo para irmos ao Mercado Municipal e, depois das compras rumávamos para o “banho do Parque Dez”, o principal problema era o transporte, pouquíssimos ônibus ( de madeira) circulavam em Manaus; o infortúnio da viagem (era uma eternidade o trajeto do centro para o bairro) compensava logo na chegada, era uma maravilha o meu Parque Dez! Passávamos o dia todo no maior lazer.O balneário do Parque Dez foi estruturado para receber as famílias amazonenses em sua piscina natural, abastecida pelas águas límpidas do igarapé do Mindu, em vasta área verde, com zoológico e um restaurante para a satisfação gastronômica dos freqüentadores. O acesso ao balneário se dava pela rua Recife, que descia do bairro de Adrianópolis, em pista pavimentada de cimento, até o Parque Dez. Nas imediações, onde hoje está aberta a avenida Efigênio Sales, uma vereda, antigamente conhecida por V-8, levava a inúmeras chácaras, todas tendo ao fundo o igarapé do Mindu, formando banhos particulares. O bairro estava nos limites extremos de Manaus e, ao atravessar o igarapé, a floresta predominava em toda sua extensão. O local permaneceu por muito tempo como enorme área de lazer, onde os manauaras se refrescavam dos dias quentes e se esqueciam do mormaço econômico que insistia em medrar na capital do Amazonas.Após essa maravilhosa viagem, acordei; rumei feliz em direção ao meu destino, não senti mais nenhum estresse com os outros engarrafamentos que encontrei pela frente.