domingo, 20 de fevereiro de 2022

NOMES E PESSOAS ENGRAÇADAS DOS BOTECOS DE MANAUS

 

Jose Rocha

Mamãe – Ele era músico. Sim, era homem! Mas era conhecido por “Mamãe”. Não sei porquê e nem me pergunte. Segundo o Dr. Fernando Gonçalves, a sua família era dona de um “Banho” no V-8, conhecido como Mucuripe. Ele morava na Rua 24 de Maio e gostava de tocar aos domingos junto com a Velha Guarda Caldeirense. Era magrelo e moreno, chegava sem nada falar, enfiava o cabo na caixa de som, tocava, bebia e nada falava, depois, pegava o beco para a "Casa da Mamãe!".

Mamãe Celestina – É o apelido da Celestina Maria. Engraçado, ela é mãe da Beth Balanço e mais uma carrada de filhos, mas não gosta de ser chamada de “Mamãe”. Quando alguém assim o chama, ela responde na bucha: - Mamãe é o caralho! Pode chamá-la de avô, bisavô e tataravô, mas jamais de mamãe!

Beth Balanço – Gosta de cantar muitos sambas das antigas e algumas da “Jovem Guarda”, em inglês, sem entender “patavina” do que está cantando! Uma coisa combina com o nome: ela é dançarina, balança para todos os lados, canta e encanta, além de fazer contorcionismos, massagens e biritar umas e outras ampolas.

Miudinho – O amigo Alcidies Lima é uma pessoa muito inteligente e bom de papo, é alto e “macetão”, mas é conhecido por “Miudinho”. Conheci alguns baixinhos, como Joquinha, Manoelzinho, Tapinha e outros, mas “grandão” ser chamado do “Miudinho” somente o Alcides.

Sacy – O Sacy Pererê do imaginário popular é um moleque negrinho com somente uma perna e fuma que só! O Sacy da Pareca fala que possui “Três Pernas”, mas uma é “Morta”. Não fuma, mas bebe  no serra, dança, rebola e toca seus instrumentos que não é brincadeira”.

Saquinho de Níquel – Não sabemos se já foi chamado para frequentar eternamente o andar de cima. Ele gostava de dar altas gargalhadas, apesar de ser “banguelo”. Pense! Dizem que foi um homem rico, irmão do governador José Lindoso. Andava sempre com o saco de dinheiro para ajudar a todos, no entanto, aos noventa e poucos anos de idade, o saco de níquel esvaziou e podia apenas pagar uma “Fanta Laranja” e dançar com as novinhas.

Geralda – Ela é o seu “Companheiro” gostavam de tocar instrumentos de percussão nos botecos de Manaus. Ela até hoje “acompanha” os músicos no E.T.Bar. A sua preferência é pelo Tamborim. Faz uma duas décadas que a vejo tocando, mas ainda não aprendeu a manuseá-lo corretamente. Ela dá umas três batidas com uma baqueta e passa a noite toda “atravessando” o samba. Todos os boêmios e músicos de Manaus já se acostumaram com a sua insistência e gosto pela música e boêmia.

Geraldo Capa de Flauta – O camarada era magrelão e altão, mas tinha “pinta de artista” e um puto vozeirão. Gostava daquela música “Conceição, eu me lembro muito bem...” O apelido veio a calhar, pois pense numa capa de uma flauta!  Ele gostava de falar: - Geraldo, Capa de Flauta e Pimba de Flandres!

Jokka Loureiro – Pense num baixinho invocado! Não tolerava perguntas imbecis. Era o nosso Sêo Lunga. Era compositor e parceiro do Waldique Soriano. Os dois cantavam nos lupanares de Manaus e detonavam “as primas” direto tê-o-tô. Era garanhão. Ele falava: - Quem não gosta de música brega, nunca foi num puteiro e não gosta de muer! Só pode ser bicha, não é?

Sallinac – Era aposentado da Receita Federal. Sempre andava pelos botecos vestido de camisa pólo, bermuda e sapato tênis. Era apaixonado por uma única música em toda a sua vida boêmia. Bastava alguém iniciar: - Você é luz... Ele completava: - É raio estrela e luar. Manhã de Sol. Meu Iaiá, meu ioiô... O camarada chegava a chorar. Nunca o vi cantando outra música sem ser o “Fogo e Paixão”.

Sonson – Um caboclo de Maués. Economista, professor e bom de papo. O problema era a “cevada” em excesso. Fazia a “via crucis” nos botecos de Manaus. Pense numa figura! Outra coisa: é evangélico de pai e mãe, uma cristão de paletó, gravada e uma pesada bíblia nas mãos, mas nos finais de semana, o capeta o chamava para o inferno: A garganta coçava que não era brincadeira. Gostava de falar: - Sou um caboco de Maués! Cabrito que é bom não berra! Coloca àquele vinil do Roberto Carlos ai DJ Rocha: “Ainda bem que tocou. Essa música suave. Eu posso dançar com você. Como no Passado...”. Só presta o Reiberto! Bota uma bramita ai seu garçom, tem de ser “canela de pedreiro”!

Chega de pessoas engraçadas! Eu também sou considerado um cara engraçado e folclórico nos botecos de Manaus e tenho as minhas “estórias”.

Existem outras figuras, mas basta por hoje.

É isso ai.