quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

O TEMPO ESTÁ SE EXPIRANDO


Pois é, mano velho, um dia desses, num passado não muito distante, eu era apenas um curimum, hoje, estou na escada descendente da vida.

Sonhava como seria um adulto com barba e bigode,  e com um harém de mulheres.

O tempo passou, tive poucas namoradas, casando ainda muito jovem.

Tive três filhos que me deram três netos.

Pois é, mano velho, o tempo passou e virei avô.

Custei em aceitar ser chamado de Tio, Coroa, Velho e Aposentado.

Hoje, aceito de boa, pois tornei-me um sábio e aceito tudo com resignação e alegria.

Ontem, encontrei com velhos amigos no Café do Pina para jogarmos conversa fora.

O papo maior foi a felicidade de termos passado ilesos por essa pandemia e tristes ao mesmo tempo por termos perdidos tantos amigos e parentes num curto espaço de tempo.

A vida continua, mermao!

Estamos vivos e vamos celebrar a vida!

Não sabemos o que acontecerá amanhã, então, vamos viver toda a plenitude de hoje.

Não temos mais e não adianta mais conservarmos as feridas de ontem, nem tampouco, sofrermos pelo amanhã que ainda não chegou.

Tudo passa, tudo passará, mas a nossa passagem na vida deve ser marcante.

Hoje, estive na residência do meu amigo Flávio de Souza, um caboclo de 91 anos.

Fiquei a pensar: alguns jovens que me conhece, acham-me um velho por ter furado a barreira do meio século e uma dezena, por outro lado, esse cara que está aqui ao meu lado chegou quase aos cem e cheio de saúde. Meu Deus! Acho que ainda sou jovem e muita água ainda passará por debaixo da ponte.

Sei, não!

Cada um com o seu cada qual.

A vida expira para alguns muito cedo, outros vivem até os oitenta, noventa e até um século e pouco.

Estamos vivos, conseguimos furar a barreira, mas o tempo está se expirando.

É isso ai.