No dia 14 de março de 1980, uma sexta-feira, em Manaus, o Projeto Jaraqui foi
lançado, oficialmente, no Auditório da Faculdade de Estudos Sociais, da antiga
Universidade do Amazonas, atual UFAM, coordenado pelo professor Frederico
Arruda – no próximo ano, em março de 2020, completará a sua Bodas de Rubi – são
quarenta anos debatendo sobre a nossa Amazônia e sua gente.
O Projeto Jaraqui surgiu dentro do “Fórum Permanente de Debates sobre a
Amazônia”, onde a temática foi “Proposta para uma política florestal para a
Amazônia”.
O Fórum e o Projeto Jaraqui tinham os seguintes objetivos:
Levar aos diversos segmentos da comunidade regional a discussão dos problemas
amazônicos conhecimentos empíricos dos nativos e dos neo-nativos;
Estimular programas e projetos científicos e comunitários;
Suscitar uma autocritica e uma possível tomada de posição sociocultural,
econômica e estético-filosófica as sociedades urbanísticas.
No lançamento oficial do Projeto Jaraqui teve a participação de intelectuais,
acadêmicos, ecologistas e pessoas que estavam preocupadas com a problemática da
Região Amazônica.
No dia 15 de março de 1980, às 10 horas da manhã de sábado, foi o primeiro dia
de debates na Praça Heliodoro Balbi, a nossa querida Praça da Polícia – onde
teve o pronunciamento do poeta Thiago de Mello, professor da Universidade do
Amazonas.
Vários oradores se pronunciaram, particularmente contra o anteprojeto enviado
ao Parlamento Federal pelo Ministério do Interior, que definia a política de
exploração econômica da floresta amazônica.
Passados quase quarenta anos, o Projeto Jaraqui continua atuante, sob a
coordenação do professor e antropólogo Ademir Ramos, um militante dos
Movimentos Sociais – ele é acadêmico da Universidade Federal do Amazonas, um
dos fundadores do Movimento dos Professores do Estado, bem como do Movimento
Indígena e das Comunidades de Base, um atuante nas lutas sociais e pela
afirmação da Democracia no Brasil.
Hoje, o Projeto Jaraqui lança o seguinte manifesto:
GRITA AMAZONAS: A DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA É PAUTA MUNDIAL E NÓS COM CARA DE
PAISAGEM. VEM PARA O JARAQUI E MANIFESTA A TUA INDIGNAÇÃO.
Quarenta anos atrás, um senhor de 72 anos de idade, chamado Francisco Cariatá,
um cortador de seringa no Purus e Japurá, esteve na Praça e fez a seguinte
declaração:
“Os constantes desmatamentos da floresta amazônica levarão Manaus a ter uma
temperatura, no futuro, por volta dos quarenta graus”.
O futuro é agora, o desmatamento continua e a previsão daquele homem
interiorano se concretizou: em setembro, em pleno verão amazônico, em Manaus,
faz mais de quarenta graus, na sombra!
Parabéns ao Projeto Jaraqui – desejo a todos os coordenadores desse importante
movimento que permaneçam unidos e que, em março de 2020, façam uma grande festa
dos quarenta anos de luta em favor da Amazônia e de sua gente.
É isso ai.
Fonte e fotos: Jornal A Crítica, edição de 16 de março de 1980 - Biblioteca
Pública do Amazonas.
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