Num sábado de inverno
manauara, tempo fechado, mesmo assim, resolvi caminhar pelas ruas do centro de
Manaus, estava na companhia de uma amiga, a atriz Socorro Papoula – iniciamos o
tour pela Rua Frei José dos Inocentes, pois ela tinha a intenção de visitar o
ator e diretor de teatro e cinema, o Nonato Tavares – para a minha grata
surpresa, tive o privilégio de conhecer a parte interna da sua residência, uma
bela casa construída no período áureo da borracha.
O trecho entre a Avenida Epaminondas e a Rua Governador Vitório está praticamente intransitável (com inúmeros buracos e crateras), além de muito lixo por toda a parte - naquele local existe um grupo de pessoas que fazem a embalagem de papelões catados no centro da cidade, para reciclagem, porém, deixam restos de lixos no meio da rua – naquela parte ainda existem motéis de quinta categoria, onde se reúnem muitas mulheres de programa e viciados.
A partir dos fundos do
Hotel Casina, a rua toma outro aspecto, em decorrência das inúmeras residências
construídas, na sua grande maioria, na época da fartura da venda da borracha
para o mercado externo – muitas famílias adoram morar naquele lugar, pois estão
bem no centro da cidade, além de constituir ali em pura história da nossa
cidade.
A casa do Nonato fica ao
lado da biblioteca do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), um
local onde sempre apareço para fazer as minhas pesquisas nos jornais antigos –
ela é de dois pavimentos, sendo a parte debaixo alugada para um artista
peruano, um exímio construtor de bonecos imensos e dragões – ele foi contratado
por um grupo de pessoas, para a confecção de um “Candiru” de dez metros de
comprimento, para desfile nas principais bandas de carnavais de cidade de
Manaus.
Na parte de cima mora o Nonato Tavares, a subida é por uma escada de madeira, tipo caracol, toda envernizada, dando logo de inicio uma sensação muito boa – por ser um hábito dos caboclos, tiramos o sapato na entrada da casa, afinal, o assoalho é todo de madeira de lei e, não é legal levar sujeira para dentro da casa - para quem não sabe, o Nonato foi o Diretor de Artes do premiado filme "A Floresta de Jonathas".
Os amazônidas que, realmente, amam este torrão e a sua cultura, utilizam na decoração de suas casas, muitos elementos ligados ao modo de ser, tais como: quadros com temática regional, cadeiras de embalo feitas de cipó, tipiti, redes de dormir e de pescar, miniaturas de barcos regionais, cestas, vasos, mandalas em cipó, etc – tudo isto se pode encontrar na casa do Nonato – tudo ali é simples, bonito e aconchegante.
Por ser uma casa antiga, tudo é amplo, espaçoso, com a cozinha e sala de jantar conjugada, grandes corredores, salas e uma vista muito bonita para o bairro de Aparecida e parte do Rio Negro, além de grande faixa da própria Rua Frei José dos Inocentes.
Aliás, o Nonato, a Lucinha Cabral, o pessoal do Projeto Uakiti e outros artistas possuem um carinho todo especial por aquele lugar, tanto que fundaram a Banda do Frei José, tendo como rainha a gloriosa Nazinha, uma senhora negra, filha de escravos e baiana da GRES Aparecida, ela esbanja alegria e simpatia, considerada por todos como a figura mais importante da Rua Frei José dos Inocentes.
A caminhada continuou pela
Praça D. Pedro II – lamentei muito o fechamento do Paço da Liberdade, pois foi
inaugurado sem condições de funcionamento no final de Dezembro, apesar de ter
levado seis anos em reformas - passei também pelo Museu do Porto, está fechado
faz anos, com dezenas de peças importantes jogadas as intempéries.
Para finalizar, entrei no
Porto, o lugar é legal, com muita gente tomando cerveja em torre (com 2,5
litros) e cheio de turistas – estou na expectativa da abertura da Casa de
Leitura Thiago de Mello, outra obra que está demorando muito para ser entregue.
Na minha caminhada de
sábado, posso afirmar que, o mais gostoso foi ter conhecido o casa do Nonato
Tavares. É isso ai.
Fotos: J Martins Rocha - Boneca Nazinha é do D24.
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