segunda-feira, 2 de julho de 2012

A APOSENTADORIA DO ADRIANO E DA DONA MARIA DO BAR CALDEIRA DE MANAUS.


No meu meio século de caminhada pela vida, presenciei o nascimento, desenvolvimento e, desaparecimento de muitas coisas na nossa cidade, dentre delas, posso citar a aposentadoria, no domingo passado, do Adriano Cruz, o braço direito da sua irmã, a Dona Maria, na administração do Bar Caldeira, foram trinta e cinco anos dedicados ao bem servir a comunidade etílica, boemia e musical de Manaus.

O Bar Caldeira fica situado a Rua José Clemente, 237, esquina com a Rua Lobo D´Almada – o nome é em decorrência de uma explosão de uma caldeira do Hospital Santa Casa de Misericórdia, uma parte do tanque foi parar bem perto do Bar – foi um local muito frequentado pelos políticos, estudantes, funcionários públicos e artistas – criaram até a Universidade Livre do Caldeira, com direito a eleição do Reitor e da Diretoria Executiva. Esses tempos bons já passaram, porém, ainda é muito frequentado pela velha-guarda da boemia de Manaus.

A administração do bar era da seguinte forma: de segunda-feira a sábado o boteco era administrado pelo Adriano Cruz, um descendente de português, nascido no Careiro da Várzea, interior do Amazonas, ele tocava o estabelecimento com a mão de ferro, não permitindo ninguém tocar qualquer instrumento, muito menos, cantar qualquer canção, porém, no domingo a coisa toda mudava de feição, o comando do bar ficava sob a batuta da Dona Maria, uma portuguesa-cabocla, católica fervorosa que adorava ver o seu bar cheio de músicos, cantores e beberrões.


O Adriano Cruz por ser um pouco turrão com a maioria dos clientes, aos domingos, ele era barrado no baile; chegava por lá por volta das 15 horas, na qualidade de consumidor, não sendo permitido ele dar “pitaco” e nem se intrometer no bar; sempre vinha acompanhado da sua esposa, trazendo sempre um tira-gosto para os amigos – neste dia, ele era outra pessoa, tomava todas, dava gargalhadas, contava piadas e ficava gozando das caras de uns e de outros.

A festa de despedida foi muita animada, o bar ficou pequeno para tanta gente, com direito a fotografias e discursos – o Adriano pretende tirar umas férias e, voltar a frequentar o boteco aos domingos na qualidade de cliente. Pena que não levei a minha máquina digital para registrar o evento - as fotografias da postagem são antigas.   

O local foi alugado para o Carbajal, um empresário focado para a área de alimentos (restaurantes) e bebidas (bares) de Manaus – por ser frequentador do estabelecimento, fez amizade com todos e, pretende dar uma repaginada no boteco, dando-lhe uma nova feição, além de conservar a “alma” do lugar, valorizando a boa música e oferendo petisco da melhor qualidade, além de batalhar para a volta dos antigos frequentadores.

Desejo ao Adriano e a Dona Maria uma merecida aposentadoria, pois não é fácil ficar durante 35 anos atrás de um balcão de bar. Boas vindas ao nobre Carbajal - ficarei na torcida para que ele consiga manter a tradição e a alma do Bar Cadeira de Manaus! É isso ai.

Fotos: arquivos J Martins Rocha

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