No meu meio século de caminhada pela vida, presenciei
o nascimento, desenvolvimento e, desaparecimento de muitas coisas na nossa cidade, dentre
delas, posso citar a aposentadoria, no domingo passado, do Adriano Cruz, o braço direito da sua irmã, a Dona Maria, na administração do Bar
Caldeira, foram trinta e cinco anos dedicados ao bem servir a comunidade etílica,
boemia e musical de Manaus.
O Bar Caldeira
fica situado a Rua José Clemente, 237, esquina com a Rua
Lobo D´Almada – o nome é em decorrência de uma explosão de uma caldeira do Hospital Santa Casa de Misericórdia,
uma parte do tanque foi parar bem perto do Bar – foi um local muito frequentado
pelos políticos, estudantes, funcionários públicos e artistas – criaram até a Universidade Livre do Caldeira,
com direito a eleição do Reitor e da Diretoria Executiva. Esses tempos bons já
passaram, porém, ainda é muito frequentado pela velha-guarda da boemia de
Manaus.
A administração do bar
era da seguinte forma: de segunda-feira a sábado o boteco era administrado pelo
Adriano Cruz, um descendente de português, nascido no Careiro da Várzea,
interior do Amazonas, ele tocava o estabelecimento com a mão de ferro, não
permitindo ninguém tocar qualquer instrumento, muito menos, cantar qualquer
canção, porém, no domingo a coisa toda mudava de feição, o comando do bar ficava
sob a batuta da Dona Maria, uma portuguesa-cabocla, católica fervorosa que
adorava ver o seu bar cheio de músicos, cantores e beberrões.
O Adriano Cruz por
ser um pouco turrão com a maioria dos clientes, aos domingos, ele era barrado
no baile; chegava por lá por volta das 15 horas, na qualidade de consumidor,
não sendo permitido ele dar “pitaco” e nem se intrometer no bar; sempre vinha
acompanhado da sua esposa, trazendo sempre um tira-gosto para os amigos – neste
dia, ele era outra pessoa, tomava todas, dava gargalhadas, contava piadas e
ficava gozando das caras de uns e de outros.
A festa de despedida
foi muita animada, o bar ficou pequeno para tanta gente, com direito a
fotografias e discursos – o Adriano pretende tirar umas férias e, voltar a
frequentar o boteco aos domingos na qualidade de cliente. Pena que não levei a minha máquina digital para registrar o evento - as fotografias da postagem são antigas.
O local foi alugado para o Carbajal, um empresário focado para a área de alimentos (restaurantes) e bebidas (bares) de Manaus – por ser frequentador do estabelecimento, fez amizade com todos e, pretende dar uma repaginada no boteco, dando-lhe uma nova feição, além de conservar a “alma” do lugar, valorizando a boa música e oferendo petisco da melhor qualidade, além de batalhar para a volta dos antigos frequentadores.
Desejo ao Adriano e a Dona Maria uma merecida
aposentadoria, pois não é fácil ficar durante 35 anos atrás de um balcão de bar.
Boas vindas ao nobre Carbajal - ficarei na torcida para que ele consiga manter
a tradição e a alma do Bar Cadeira de Manaus! É isso ai.
Fotos: arquivos J Martins Rocha
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