Tiradentes nasceu no ano de 1746, na Fazenda do Pombal, em Minas Gerais, propriedade da família. Não há registro da data de seu nascimento, apenas do seu batismo, em novembro daquele mesmo ano. Ficou órfão cedo - perdeu a mãe aos nove anos de idade e o pai aos 11, sendo criado, desde então, por um padrinho, que lhe ensinou a prática da odontologia.
A família não era pobre. Pertencia à nobreza civil, diferente da nobreza concedida por títulos.
Joaquim José da Silva Xavier, todos sabem, praticava a odontologia. E daí seu apelido: Tiradentes. Mas o que poucos sabem, ao contrário do que seu codinome insinua, é que o nosso herói da inconfidência não suportava arrancar dentes. Isso mesmo! Já era um adepto, então, do que se costuma chamar, hoje em dia, de odontologia preventiva. Ou seja, Tiradentes era muito mais a favor de preservar os dentes do que arrancá-los. Além do mais, não se preocupava apenas com os dentes. Preocupava-se também com o resto do corpo, fazendo uso, inclusive, de plantas medicinais, um modismo típico da medicina praticada na Europa do século dezoito.
No caso de Tiradentes, sua recusa em usar métodos terapêuticos agressivos se deve à influência exercida sobre ele pelo seu primo Frei Veloso, na época um grande botânico, que catalogou mais de 2000 plantas no Vale do Paraíba do Sul e organizou o Jardim Botânico, no Rio.
O idealismo de Tiradentes o levou a se envolver de corpo e alma na Inconfidência Mineira (movimento revoltoso ocorrido em 1789, na cidade de Vila Rica, hoje Ouro Preto, a favor da emancipação do Brasil da Corte Portuguesa). Seu envolvimento com a Inconfidência aconteceu após uma viagem ao Rio de Janeiro, em 1787, quando ele entrou em contato com as novas idéias políticas e filosóficas recém-chegadas da Europa. Esses novos pensamentos o influenciaram fortemente. Ao voltar para Vila Rica, em 1788, passou a divulgar em público os propósitos do movimento mineiro. Foi traído por Joaquim Silvério dos Reis, em 1789, quando foi preso no Rio de Janeiro. Ficou confinado numa cela durante três anos e no processo de investigação, conhecido como Devassa, foi interrogado quatro vezes e confrontado com todos que o denunciaram. Assumiu a responsabilidade da conspiração, inocentando os outros co-réus e, em 18 de abril de 1789, ouviu sua sentença de morte. Antes de ser enforcado no campo da Lampadosa - atual Praça Tiradentes - no Rio de Janeiro, disse: "Cumpri a minha palavra! Morro pela liberdade!"
Seu corpo foi esquartejado e a cabeça exposta em Vila Rica. Os outros pedaços foram espalhados pelo caminho, seus bens confiscados e sua memória difamada.
Só em 1822 Tiradentes foi reconhecido como mártir da Inconfidência Mineira e em 1865 proclamado Patrono Cívico da nação brasileira.
É sabido que, entre os anos de 1786 e 1789, Tiradentes fez várias viagens ao Rio e que, nessa época, já devia estar conspirando em favor da inconfidência. No Rio, além do contato com idéias revolucionárias, se dedicou a muitos projetos de melhoria urbana.
Ele conhecia bem a cidade, seus morros, seus arredores, o povo do lugar, que também o conhecia como dentista prático. Suas habilidades, no entanto, não se limitavam apenas aos da odontologia. Tinha bons conhecimentos de topografia, o que fez com que Tiradentes intuísse grandiosos projetos de melhora urbanística para o Rio.
Documentos datados daquela época possibilitam concluir que o nosso impetuoso alferes idealizou diversas obras para a cidade. São elas:
abastecimento regular da cidade, pela canalização das águas do Rio Andaraí
construção de moinhos aproveitando a canalização do rio e mais os desníveis dos córregos Catete, Comprido, Laranjeiras e Maracanã
construção de um trapiche, isto é, o cais do porto, rudimentar, de madeira, avançando da praia o máximo possível dentro do mar
construção de armazéns para guarda de gado e outras mercadorias que, desembarcadas, ficavam expostas ao sol, à chuva e aos furtos
serviços de barcas de transporte de passageiros do Rio a Niterói (Praia Grande)
Em tempo: 30 anos depois de ter projetado essas melhorias, Dom João VI mandou fazer a canalização do rio, seguindo os planos de Tiradentes e, em 1889, exatamente 100 anos depois, o engenheiro André Paulo de Frontin canalizou as águas da Serra do Tinguá, dentro dos mesmos moldes arquitetados pelo inconfidente.
Tiradentes só começou a ser cultuado 98 anos depois de sua morte - sendo considerado herói nacional a partir de 1890. A imagem de mártir e patrono da nação foi construída pelos republicanos que representasse a luta pela ruptura do domínio português.
O mártir está diretamente ligado ao movimento que ficou conhecido como "Inconfidência Mineira". Os historiadores preferem "Conjuração Mineira" já que o que aconteceu em Minas Gerais foi um ato organizado para conquistar a independência do país e não um ato de deslealdade, traição ou infidelidade, que servem para traduzir a palavra inconfidência. Somente sob a ótica dos colonizadores, os "inconfidentes" foram considerados traidores.
cabeça de Tiradentes foi levada do Rio de Janeiro para Vila Rica, em Minas Gerais e ficou exposta num poste em frente à Igreja Nossa Senhora dos Remédios dos Brancos. Na terceira noite, foi roubada e nunca mais foi encontrada.
Tiradentes seguiu carreira militar, ocupando o posto de alferes, palavra que vem do árabe "al-fars", o cavaleiro. Significa o antigo oficial do exército com posto logo abaixo do tenente.
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