quarta-feira, 31 de janeiro de 2007




BIOGRAFIA

José Rocha Martins é cearense de Uruburetáma, onde nasceu a 28 de março de 1923. É um Luthier, profissional que fabrica e conserta instrumentos de cordas. Chegou em Manaus aos 12 anos de idade, fugindo da grande seca que assolou o nordeste na década de 30 do século passado e, também para encontrar com o seu genitor, Sr. Jose Martins da Silva, soldado da borracha, que executava o seu trabalho no Rio Jamari, afluente do Rio Madeira, Amazonas, próximo ao Território de Guaporé, hoje Estado de Rondônia com Capital a Cidade de Porto Velho. Veio com a sua mãe, Dona Lídia Pires Martins e o seu único irmão José Martins. Ao chegar em Manaus teve a sua primeira grande decepção, o seu pai tinha embarcado de volta para buscar os seus familiares no Ceará; por falta de comunicação, houve o desencontro da tamilia. O patrão do seu pai o Sr. Arruda, coronel de barranco, providenciou a acomodação da familia na Fundação Dr. Thomas situada a Rua Recife n°1.511, Bairro de Adrianópolis (Antiga Vila Municipal) cuja a área era de propriedade da Cúria Metroplitana de Manaus. Quando a família se reencontrou, foram todos morar no interior, aonde o seu genitor veio a falecer. Voltaram para Manaus; a Dona Lídia reiniciou os seus trabalhos de costureira e o José Rocha foi trabalhar na residência do coronel, um casarão localizado na Rua José Clemente, atrás do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Manaus, o seu irmão fazia biscates e era chegado a uma boemia. A sua mãe não passava muito tempo em Manaus, sempre indo e vindo do Ceará, ao contrario do José Rocha que sempre fez questão de ficar em Manaus. Iniciou os seus estudos no Colégio Dom Bosco, graças ao padre salesiano Agostinho, que sempre ajudava aos adolescentes pobres. Com a morte do seu irmão, teve que deixar de estudar para trabalhar e sustentar a sua mãe. Aos dezoito anos de idade foi trabalhar numa fábrica de castanhas, na Rua Joaquim Nabuco n°1531 (hoje Universidade do Norte - Uninorte),centro de Manaus/Am., não tinha nenhum documento. Após uma flscalizaçáo dos fiscais do trabalho, foi obrigado a tirar a certidão de nascimento e a CTPS. Foi quando mudou o seu sobrenome, pois nasceu numa sexta-feira da paixão e a sua mãe uma católica fervorosa, passou a chamá-lo de José da Paixão Martins Pires, ou simplesmente Zè da Paixão, não gostava nem um pouco desse nome, apreciava mais o apelido de Rochinha, dado pela meninada de Uruburetama, pois parecia muito com o pároco da Igreja local, o Padre Rocha, moreno, barrigudo e com os cabelos pixaim, passou chamar-se José Rocha Martins, Rochinha para os intimos. Depois foi trabalhar numa pequena fábrica de violões, situada na Rua dos Bares n° 170, nos porões do Bazar Alba, cujos sócios eram: Manoel Rodrigues Terceiro, (Português) sua Mulher (Sim Libanesa) e Manoel do Nascimento Filho (Brasileiro). O oficio foi passado pelos portugueses ao Sr. Manoel do Nascimento Filho, que repassou as técnicas de confecção de instrumentos de cordas para o Biografado. Os negócios estavam indo por águas abaixo, pois um dos sócio da Empresa era viciado em jogps de azar especialmente o Bacarat, e apesar do apoio da Maçonaria, a sua falência foi inevitável, morrendo no ano de 2.000 no Município de Santarém Estado do Pará. Com a ajuda da patroa da sua esposa e dos amigos, conseguiu um empréstimo de 3 contos de réis para montar o seu próprio negocio. Construiu um grande flutuante, situado no lgarapé de Manaus, aonde foi morar com a família e montar a sua própria oficina. Foi quando nasceu a pequena fabrica de instrumentos de cordas t Bandolim Manauense”. Com a determinação do governador Arthur Ferreira Reis (Governo nomeado pela Revolução em 1964) em acabar com a chamada Cidade Flutuante, o Biografado foi obrigado a desmontar a sua oficina/casa, vender o seu motor de centro (era adaptado para cortar madeira), com o dinheiro comprou uma área situada na Vila Paraiso, com via de acesso pela Avenida Getúlio Vargas, construiu uma pequena casa de madeira, residencial onde morou até o seu falecimento. Foi convidado a montar a sua oficina nos porões de uma casa antiga, tipo chalé, situada na esquina da Rua Huascar de Figueiredo com o Rua Igarapé de Manaus, o Sr. João Bringel , esposa e filhos, formaram a sua segunda família. Neste lugar, construiu centenas de violões, cavaquinhos, bandolins, guitarras, citaras e até violinos. Ficou muito conhecido na cidade de Manaus e até no exterior, fez violões para o figuras de destaques no Mundo da Música Brasileira como os Cantores: Gilberto Gil, Silvio Caldas, Vando e outros menos famosos. Fez parceria com os pesquisadores do INPA na área da madeira, alguns violões foram enviados para a Alemanha e Estados Unidos. Os seus instrumentos ficaram famosos pela sonoridade e escala perfeita, utilizava madeiras nobres, como a macacaúba, pinho, cedro, mampá, além das formas boleadas e dos desenhos de marchantaria que utilizava em seus violões. Pela forma artesanal de fazer os seus instrumentos e pela atenção e carinho que tinha pelos seus clientes, marcou a sua passagem por Manaus, sendo até hoje querido e admirado por todos, eis algumas dedicatórias: “Rochinha pai do violão e patrono da canção, minha bênção”, Afonso Toscano, cantor e compositor — “Rochinha é o médico parteiro da música, além de consertar estragos, ainda é o parteiro do violão”, Lucinha Cabral, cantora — O sonho de continuidade do Rochinha foi concretizado pelo luthier Rubens Gomes. já que o stado é padrasto das artes”, Marcos Comes, poeta. O José Rocha conheceu a Dona Nely, que trabalhava em casa de família e, veio a ser a sua esposa, com quem teve 04 filhos, José Rocha Martins Filho — Contador, Jose Henrique Soares Martins — Promotor de Vendas, José Martins Soares — Administrador e Graciete Soares Fernandes — Enfermeira. Hoje faz parte da prole inúmeros netos. Todos os filhos trabalharam com ele até completarem a maioridade, mas não quis que eles seguissem a profissão do pai, não por falta de vocação, mas os estudos vinham em primeiro lugar. Talvez foi um grande erro, pois ao se aposentar não deixou nenhum discípulo que levasse a frente essa belíssima profissão. Aos sessenta anos tirou pela primeira vez férias, viajou com o filho mais velho rumo a sua terra natal, embarcou num Navio tipo Catamarã da Enasa — Empresa de Navegação S/A., até Belém com os velhos amigos boémios, entre eles estavam o Vadico, o Pernambuco e o Moises. Seguiu de estradas até o Ceará, passando somente 1 dia em Uruburetâma, nunca mais voltou por falta de condições financeiras e de saúde.
Cinco anos depois sofre um derrame cerebral, parando totalmente de trabalhar, aposentando pela Previdência Social com 1 salário minimo. Depois de vários anos, a Câmara Municipal de Manaus aprova uuma aposentaria especial de 05 SM, o que lhe deu condições de viver dígnamente na sua velhice. Faleceu no dia 28 de janeiro de 2007, proximo de completar 84 anos de idade.

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