sábado, 9 de dezembro de 2023

CAMINHANDO POR UMA MANAUS CHEIA DE TENTAÇÃO




José Rocha

Hoje, oito de dezembro de 2023, um feriado católico em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, a padroeira do nosso Estado do Amazonas, resolvi sair área de conforto e, caminhar pela minha cidade, com alguns objetivos em mente, tais como: visitar o Largo de São Sebastião, cortar o cabelo pixaim, rezar na Igreja Matriz, tirar fotos dos antigos prédios da Rua Miranda Leão e fazer compras básicas para o rango em meu casebre, mas, em todo o percurso foi muita tentação.

Em pleno feriado santo estadual, o trânsito estava caótico no entorno do Largo de São Sebastião, uma tentação para os motoristas apressadinhos encontrarem vagas para estacionarem os seus carros mais próximos ao centrão.

Era o início de dezembro, aonde os “Flanelistas” faturaram o seu merecido décimo terceiro informal. Por lá encontrei um casal de amigos que vendem refrigerantes e cervejas numa barraquinha improvisada, parei e a tentação foi grande para tomar “Uma água que passarinho não bebe”, mas resisti e, segui a minha caminhada no rumo a igreja que a grande maioria dos católicos somente visitam no dia do ano de sua comemoração ou para descer a ladeira da tentação.

Ao lado da barraca estavam reunidos um grupo de japoneses achando graça de tudo e de todos, deu uma tentação danada de conversar com eles, mas apenas conheço duas palavravas: “Okimata (aids)” e “kuazicem (99)”, achei melhor ficar de bico calado, pois eles, também, são educados para falarem inglês, e eu, somente sei falar fluentemente o “amazonês”.

O Largo é um lugar mágico, com tudo do bom e do melhor, com milhões gastos no Encanto do Natal e, após o encanto, vem o desencanto na Rua José Clemente, um lugar muito lindo no passado, mas, em 2023, é um tremendo “Carnatal”, uma mistura de carnaval com natal, uma muvuca da porra.

Fiquei tentado entre os dois: apreciar a ornamentação de um lado e, depois comer um “churrasquinho de gato na brasa”, ao som de um “Brega da rede rasgada” do outro lado, optei em seguir à frente em minha caminhada.

Passei pelo “Bar Caldeira”, o templo da boêmia e tradição de Manaus, a tentação foi grande para entrar e tomar uma gelada, mas, resolvi seguir em frente e cortar o meu pixaim mais à frente. 

Chegando no “Salão Barbosa”, foi avisado que o “coiffeour Naldo” estava em viagem com o seu filho para visitar o seu pai no “Castanho do Careiro”, no outro lado do Rio Negro, a tentação foi em cortar com uma amiga que fica de plantão todo dia, mas, resolvi voltar no próximo sábado.

Caminhei pela Rua Ferreira Pena pelo lado esquerdo, tinha gente “saindo pelo ladrão”. Meu Deus! Andei até pela beirada da rua para evitar àquela multidão tentadas pelas compras de produtos baratos antes do Natal, fui até puxado pelo braço para entrar numa loja, mas resisti a tentação.

Desci a Rua 24 de Maio, olhei para o Bar Mangueira, uma tentação por estar cheio de mulheres, uma delas me encarou e falou: - Bora? -  Eu, hein, ainda nem rezei na igreja, quem sabe depois da missa.

Finalmente, cheguei a Igreja Nossa Senhora da Conceição, a famosa “Matriz”, ao adentrar estava exatamente naquela parte da missa chamada de “Ofertório” e fui cercado por quatros beatas com um saco vermelho colado a uma vara (para alcançar os fiéis mais distantes), fui tentando, mas pensei “Caramba, acabei de chegar e já tenho de abri a carteira para encher o saco do padre!”, a tentação foi grande, mas fiquei nem uma estátua: parado! Meu único real, não! Esses padres são podres de ricos. Ainda bem que não sou evangélico que têm de depositar todo mês dez por cento de tudo o que ganha!

Antes da missa terminar “peguei o beco”, pois apesar de ser católico, não sou apostólico, muito menos romano. Posso estar escrevendo heresias (ainda bem que não existe mais a fogueira da inquisição), mas, “não tenho mais saco” para assistir a uma missa em sua totalidade, nem a “Missa do Galo” eu assisto mais. Eu, hein!

Pois bem, ao sair da igreja encontrei o meu amigo “Paraná”, dono da “Conveniência do Paraná”, na Rua Dez de Julho, ele me falou sobre o passamento do nosso amigo “Marcão Johnson”, tive uma tentação danada de ir até o velório do meu amigo de adolescência do Largo de São Sebastião, não fui, pois gosto de conversar a imagem dos amigos vivos e não dentro de um caixão!

Desci pelo lado esquerdo da escadaria que da acesso a “Praça Quinze de Novembro”, estava cheio de pessoas de rua e com um cheiro peculiar de merda. Segui em frente e me deu uma tentação danada em adentrar num local que era conhecido na minha infância de “Aviaquario”, mas abortei, pois o local está abandonado e tomado por pessoas viciadas em drogas.

Fiquei com uma tentação danada de gritar para todo mundo ouvir, mas, fiquei calado e lamentar em presenciar um dos locais de minha infância estar abandonado pelas autoridades municipais. Eles não se importam que ali é a “Porta de Entrada de Manaus”, aonde a primeira impressão é a que fica para os turistas que aportam no Roadway. Esses políticos não querem saber do centro da cidade, pois não votamos neles e gostam de dar o troco abandonando o “Centro Histórico de Manaus”.

Segui em minha caminhada e tentação em cada esquina e rua.

Entrei pela Rua Lobo de Almada, antiga Rua dos Remédios, para fotografar os prédios antigos que ainda resistiram ao tempo, uma ideia do meu amigo fraterno Gilson Gondim, um morador antigo da Rua Ipixuna, um local próximo aonde a minha família morou até os meados da década de 60. Faz tempo, né?

Pense numa caminhada de tentação. Tirei fotografias de toda a extensão da Rua Miranda Leão, mas, fui tentado pelos anjos do bem para adentrar na Igreja dos Remédios, local aonde fui batizado, mas, o Capeta infernizou a minha mente: “Segue, Rocha, a tua missão é outra!”

Eu não posso adentrar na mente das pessoas, mas o que pensa uma pessoa em seu carrão e depara com um cara “puído no tempo” tirando fotografias das casas antigas que ainda restaram da Rua Miranda Leão, sem medo de ser roubado o seu celular e fazendo graça. Eles, talvez, não sambem que, somente os loucos por Manaus fazem isto e muito mais, pois possuem amor pela sua cidade e não se importam em fazer registros para a posterioridade.

Vocês pensam que a caminhada por Manaus de tentação acabou, ledo engano!

Descendo a Rua Miranda Leão você é motivado a conhecer muito mais de Manaus! Parei numa esquina num casarão antigo aonde existe uma portuguesa que vende de tudo de bom e melhor. Fui gentilmente atendido por ela e por seus funcionários, acho que eles acharam que eu era um “Barão Falido da Borracha”.

Na tentação natalina pedi para o cidadão pesar apenas um pedaço de um “Filé de Bacalhau”. Meu Deus! Aquilo não é para mim, não! Para não fazer feio comprei algumas coisas que fazem bem “Ao Cidadão Levantar a Moral!”, tipo amendoim granulados e sementes que levantam até calçadão, imagem de um podre velho cidadão. Estás rindo, né?

Pois bem, meu bem. A portuguesa, uma senhora muito gentil e educada, mostrou-me vários tipos de azeites da melhor qualidade. Lembrei do meu amigo Fernando Gonçalves, que um dia me indicou àquele lugar para comprar o melhor azeite e bacalhau da cidade de Manaus.

Fui tentado, mas, o bacalhau estava “salgado para os meus bolsos” e o azeite por quarenta naus, digo, paus. Neste interim, apareceu um bacana português (pelo sotaque) e sua família e mandou pesar uma peça inteira, achando graça que estava barato demais e comprou uns quilos para o Natal, acho deve ter gasto uns mil contos de réis .

Quem pode, pode, quem não pode, se sacode! Sabe como é: “Pobre pensa em comprar bacalhau na promoção, no entanto, nunca existe esta situação!” Acho melhor comer Jaraqui no Natal, um peixe até o talo de ômega 3 no buxão.

E a caminhada continua. Tive a tentação de entrar na “Feira da Manaus Moderna”, mas abortei, pois nada de moderno existe lá.

Bem em frente entrei numa loja de produtos agropecuários. Fui tentado a comprar um monte de coisas, mas encarei apenas algumas sementes de plantas para os meus vasos “quase mortos vivos”. A dona sorriu para mim e me atendeu muito bem e aceitou no debito um valor tão pequeno.  Eu recomendo, pois, independentemente do valor o cliente deve ser bem atendido. Quem sabe um dia eu volte e compre um valor de mercadorias mais elevando se for bem atendido, é claro.

Segui pela Rua Barão de São Domingos. Olha, eu achei que estava na “Isla de Margarida”, em decorrência de existirem “Venezuelanos Quase Caindo de Maduro”.

Por lá encontrei limões de dois reais o quilo e um pacote com várias cabeças de alhos por dez reais. Fiquei tentado, mas, não resolvi comprar por pura invocação dos caras que não falam a nossa língua. Nada de xenofobia, coisas que existem em Portugal em relação aos brasileiros que nos chamam de “lixo”.

Segui no rumo do Mercadão Adolpho Lisboa, fiquei tentando em comer um pirarucu frito, mas tinha a intenção de almoçar em casa. Fui tentado em comprar castanhas do Brasil, goma, um chapéu e camarão, mas, fiquei somente na tentação.

Passei por frente do Bar Jangadeiro, pensei em parar e tomar uma água tônica, mas desisti, pois poderia ser tentado em tomar um puro malte e já era as minhas compras e a fezinha na lotérica.

Entrei na Loja Bemol da Eduardo Ribeiro, fui até o segundo andar para fazer a minha fezinha na lotérica, tinha gente saindo pelo ladrão. Sem condições. Peguei o beco.

Na saída, presenciei uma cena engraçada. Um sujeito com uma pequena caixa de som estava anunciando a venda de “pendrives” com centenas de músicas gospel. Passou em sua frente uma mulher se requebrando, o safado do evangélico foi atentado pelo satanás e falou: - Êh Manaus! Para quem não sabe é uma gíria que os camelôs usam para designar que uma “gostosona” está passando pela área.

Entrei no DB para umas comprinhas. O limão estava oito reais o quilo e o alho trinta reais! Caramba. Fiquei arrependido por não ter comprado lá pelas bandas do Mercadão.

Fui tentado a comprar uma cerveja Spaten de apenas R$ 3,99. Peguei três para tomar em casa. No caixa, falei na brincadeira: “Passa primeiro a cerveja que é prioridade e se sobrar dinheiro eu levo o resto”. Todos riram, mas quando a moça passou as três deu quase trinta reais! Dei um pulo e falei: “A unidade custa 3,99 e não 9,99”. Ela falou: “3,99 e a latinha, o senhor pegou foi a de garrafa”. Aí eu mordi a minha língua!

Finalmente, cheguei em casa, não fiz a fezinha e nem cortei o cabelo, mas estava “pelado de grana”. Égua! Chega de caminhada tentadora por Manaus.   

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 “pelado de grana”. Égua! Chega de caminhada tentadora por Manaus.