Os meus antepassados
maternos nasceram dentro da mata, no interior do Amazonas, corre nas minhas veias
sangue indígena sim senhor.
Os meus antepassados
paternos eram nordestinos que vieram para a Amazônia, no Alto Juruá em busca do
látex, sou também um cabra da peste.
A minha mãe era cabocla
vinda de Terra Nova e o meu pai um arigó de Uruburetama, por aqui os dois viveram,
trabalharam, casaram, tiveram filhos e foram enterrados.
Nasci em Manaus, no Hospital
de Santa Casa de Misericórdia. Todos os meus irmãos são
manauaras e nasceram lá também.
Fui batizado, comungado,
crismado e casado na Igreja de São Sebastião, e quando morrer, nela talvez no
sétimo dia seja lembrado.
Sou católico e vou à missa,
mas não sei rezar, somente o Pai Nosso e olhe lá.
Morei com a minha família
dentro do Igarapé de Manaus, fomos ribeirinhos e acompanhávamos a seca e a
enchente do Rio Negro.
Ainda consegui alcançar uma
Manaus linda e pacata, quando começava no Porto e no Boulevard Amazonas
terminava.
Tomava banho de rio. andava
de canoa, pulava dentro do igarapé na Primeira Ponte.
Frequentava os cines
Guarany, Politheama, Avenida e o Odeon. Adorava o Carnaval da Eduardo Ribeiro.
Passeava no Ródo (Roadway),
Mercadão Adolpho Lisboa e no Aviaquário
e assistia ao Festival Folclórico do
General Osório.
Alcancei os banhos no V8,
Parque Dez, Tarumã, Tarumanzinho, Ponte da Bolívia e Ponta Negra.
Curti o arrocho na Festa do
Acocho. Frequentava os bailes do Luso Clube, Sheik Clube, Bancrévea Clube e da
União Esportiva Portuguesa.
Passava a régua nas primas
nos lupanares Maria das Patas/Saramandaia e lá pelas bandas da Prainha somente
detonava as gatinhas.
Assistia com muito
entusiasmo e vibração, o meu Fast Clube jogar contra o Rio Negro ou Nacional no
Parque Amazonense, Colina e no Vivaldão.
Gostava também de assistir o
ano inteiro, grandes partidas de Voleibol no Ginásio Renné Monteiro.
Estudei, inicialmente, no
Barão, depois, o fundamental no Benjamin e no Sólon de Lucena a conclusão.
Casei com uma cabocla na
Igreja de São Sebastião, depois de muita bronca acabou a união.
Os meus irmãos casaram,
tiveram filhos manauaras e tempo depois também descasaram.
Tenho três filhos manauaras
que me deram três netos manauaras também. Sou da Universidade do Amazonas com
muita satisfação, formado em ciência da Administração.
Estudei também alguns
períodos de Direito, não concluir o curso foi o meu grande erro e defeito.
Sempre gostei de suco de
Taperebá e Açaí com tapioca, melhor não há.
Nunca dispensei um Jaraqui,
muito menos uma Caldeirada de Tambaqui.
Gosto de degustar um Tacacá
e detonar uma Tapioca com Banana Frita e Castanha do Pará.
Para completar, gosto de roer
um Tucumã com farinha e tomar um suco de Cupuaçu para não entalar.
Não dou bobeira para um Pé
de Moleque e de um Bolo de Macaxeira.
Sou boêmio, sou da tradição,
gosto do Morro, mas sou de São Sebastião.
Curto o nosso ritmo
amazonense, a toada e o ritmo quente parintinense.
Frequento regularmente, o
Armando, Caldeira e o ETbar, os botecos tradicionais da nossa Manaus de
antigamente.
Passeio pelo Largo de São
Sebastião, Praça da Polícia, Praça da Saudade, Praça do Congresso, Mercado
Municipal e o Porto de Manaus.
Faço caminhadas pela minha
cidade toda semana.
Gosto ainda da Praia da
Ponta Negro, Praia da Lua e Tupé.
Vou aos grandes Shoppings e
ao Bate Palma também.
Gosto das Feiras e Mercados,
onde compro peixes e como Pastel com Caldo de Cana.
Sou blogueiro que escreve sobre
a cidade de Manaus o ano inteiro.
Escrevo livros sobre a sua
gente e sua história e a minha também.
Pretendo ainda conhecer toda
a extensão do Rio Negro, deste São Gabriel da Cachoeira, passar pelo Encontro
das Águas e entrar no Rio
Amazonas até a sua foz no Oceano
Atlântico.
Apesar de ter nascido na
Manaus de Antigamente, ainda tenho muito gás para casar com uma Cabocla
novamente.
Não sou mais reprodutor, pois
sendo vasectomizado, a fonte secou.
Falo o Amazonês e também gírias
do Carioquês.
Sou Manauara da Taba e o meu
herói é o índio Ajuricaba.
Não sou Manauense, mas, sim,
um Manauara Amazonense.
Sou Manauara, com muito
orgulho, com muito amor.
Se for a vontade de Deus,
hei de morrer aqui em Manaus e ser enterrado ou cremado tanto faz como tanto fez.
É isso ai.