Ao passar pela Praça Antônio
Bittencourt, conhecida como Praça do Congresso, o transeunte encontrará bem
na cabeceira da Avenida Eduardo Ribeiro uma placa com os seguintes dizeres “
Iluminação Pública – Manaus foi uma das primeiras cidades brasileiras a ter
iluminação à gás, ainda no século XIX. Nesta praça a marca do progresso:
garrafa, exaustor, tubulação e tampa de ferro fundido, marcando história –
Secretária de Cultura do Governo do Amazonas”.
Na última reforma da
citada praça, ocorrida em 2012, os equipamentos acima descritos na placa
estavam enterrados, porém o administrador da cultura do Estado do Amazonas
resolveu colocar visível ao público, deixando incrédula a grande maioria dos
manauaras, pois somente uma pequena parcela conhece, através de estudos e
pesquisas, que a nossa cidade já foi dotada deste moderno, para a época,
sistema de iluminação pública.
Para entender como
funcionava este sistema, fui buscar no trabalho de dissertação de pós-graduação
em Engenharia de Produção, da Faculdade de Tecnologia da Universidade Federal
do Amazonas-UFAM, denominado “Levantamento Histórico da Matriz Energética em
Manaus”.
Segundo o autor, a cidade
de Manaus iniciou a utilização de diferentes sistemas de iluminação, usando várias
fontes como iluminantes até chegar a luz elétrica: banha de tartaruga, óleo de
andiroba, querosene, benzeno, acetileno, gás globo, gás liquido de carvão e gás
carbônico.
A partir de 2 de setembro
de 1856, a Lei Provincial no. 67, determinava a utilização de 25 lampiões
utilizando gás liquido de hidrogênio, mas até 01/10/1857 ainda não estavam
instalados. Por questões políticas, a
população padeceu muito com este sistema de gasogêneos.
Em 1869, foi contratado o
serviço de iluminação a querosene, executado pela firma Thury & Irmão, com
60 lampiões dispostos em postes de madeira de 12 palmos. Passando para 90
lampiões em 1871, depois para 110, mas mesmo assim eram insuficientes para
iluminar toda a cidade.
Em 1872, o contrato foi
reincidido, passando para outro fornecedor do Rio de Janeiro, para implantar o
serviço de iluminação à gás carbônico, com 300 lampiões. No entanto, o empresário faleceu e a cidade continuou
a utilizar o querosene, sendo este considerado penoso e inconveniente.
No Rio de Janeiro era
utilizado o sistema de iluminação chamado de Globe-Gaz. Foram reconhecidas as
suas vantagens em 1878. Através da Lei Provincial no. 411/78 foi autorizado o
presidente da província a substituir o querosene pelo Gás Globo.
Em 1882 tinham sidos
instalados 25 lampiões na Estrada Conselheiro Furtado e mais 25 assim
dispostos: Quatro no Bairro de São Vicente, na Rua dos Inocentes. Três na Rua
Municipal. Dois na Rua da Matriz. Quatro no
Bairro dos Remédios, na Rua Boa Vista. Seis na Rua Aurora, Estada da
Sete de Setembro até o Igarapé de Manaus. Quatro no Bairro do Espírito Santo,
no Paredão e na Praça Paissandu e Dois
na Rua Costa Azevedo.
As colunas de ferro e os
respectivos lampiões foram comprados pela empresa A. M. Baker & Co. Ltda.
de Nova York/ USA (aumente a foto acima e poderá observar o nome do
fabricante).
Anos depois foi efetivado
um contrato com o comendador Manoel da Silva Leal Loyo, para iluminação a gás carbônico,
saindo o de gás globo.
O contrato previa a duração
de trinta anos o que revoltou a população, pois era caro todos já queriam a iluminação elétrica.
O governador do Estado em
exercício na época, Eduardo Gonçalves Ribeiro anunciou, em 1893, que já estava
contratado o serviço de iluminação da capital do Amazonas por sistema de luz
elétrica.
Foi inaugurado em 22 de
outubro de 1896 (o ano da inauguração do Teatro Amazonas) pelo governador
Fileto Pires Ferreira, administrado pela empresa Manaós Electric Ligthing
Company.
Os equipamentos expostos na
Praça Antônio Bittencourt estão ali em torno de 140 anos! É pura história de
Manaus. Em 2012, o achado ficava exposto
com vidro temperado em cima de uma grade de ferro. Com o tempo, os vândalos quebraram
esta proteção de vidro, ficando a mercê do sol e da chuva. Faz pena ver o local tomado de lixo e
apodrecendo, sem nenhuma manutenção por parte da Secretaria de Cultura e
Economia Criativa. Isto é uma vergonha!
É isso ai.
Fotos: José Rocha
Nenhum comentário:
Postar um comentário