quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

CORDAS DE AÇO


A cantora amazonense Celestina Maria encantou o Brasil inteiro, ao participar da segunda edição do programa global “The Voice Mais”, com uma magnífica interpretação do samba-canção “Cordas de Aço” do genial cantor e compositor carioca Cartola (Rio de janeiro,   11de outubro de 1908 – Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1980).

Quem gosta de violão se apaixona à primeira vista por esta música, cativando um grande numero de cantores (as), tanto profissionais como amadores.

Esta música fez o maior sucesso na voz do Luiz Melodia, Gal Costa, Beth Carvalho. E agora, conquistou o Brasil na voz da nossa querida Celestina Maria.

A música “Cordas de Aço” faz parte do disco “Cartola II” lançado em 1976. Fez muito sucesso juntamente com “As Rosas Não Falam” e “O Mundo É Um Moinho”.

Somente um poeta poderá falar com exatidão sobre os seus poemas. No entanto, irei tentar decifrar um pouco sobre o que o Cartola tentou levar ao público na sua canção.

Na realidade, conheço um pouco sobre o instrumento violão, pois o meu pai José Rocha foi um grande luthier na cidade de Manaus. Eu e os meus irmãos Rochinha e Henrique trabalhamos na oficina de violões do nosso velho até adquirirmos a maioridade. Os músicos e os poetas terão cada um a sua versão, aceito sugestão.

Ah, essas cordas de aço

(O Cartola está olhando e se encantando com as cordas de seu violão, onde inícia um monólogo. As cordas podem ser seis ou sete [utilizado em choro], de nylon [mais macias e para músicas suaves] e de aço [mais resistentes e emitem um som mais alto]. Alguns utilizam a mista. Primeira: MI. Segunda: Si. Terceira: Sol. Quarta: Ré. Quinta: Lá. Sexta: Mi. Sétima: Dó ou Si).

Este minúsculo braço

(o braço é do tamanho do corpo. Minúsculo [na forma poética], comparando ao tamanho do braço humano. É feito de dois tipos de madeira, geralmente de cedro [mais claro] e uma bem dura [escura] onde se coloca os trastes [latão] para dividir a escala).

Do violão que os dedos meus acariciam

(O destro fica suavemente [acariciando] com os dedos da mão esquerda a escala e dedilhando com os da direita, dando as notas musicais).

Ah, este bojo perfeito

(é a caixa de ressonância, formado pelo fundo, laterais e tampo, com uma abertura “boca do violão”).

Que trago junto ao meu peito

(a grande maioria dos músicos toca com o violão encostado no peito, outros tantos, apoiam na coxa. O Cartola faz uma analogia com o instrumento de seu coração).

Só você violão

(o poeta começa a falar com o seu violão, o seu amigo fiel e companheiro).

Compreende porque perdi toda alegria

(ao tocar musicas tristes e melancólicas, o seu violão sabe que o dono perdeu a alegria por estar longe de sua amada).

E no momento meu pinho

(quem tem um violão sempre coloca um nome nele, no caso do Cartola ela o chamava de “Meu Pinho”, um nome comum, pois antigamente o tampo dos violões eram feitos de Pinho).

Pode crer, eu adivinho

Aquela mulher

Até hoje está nos esperando

(continua falando com o seu violão, acreditando que a sua mulher amada ainda o está esperando).

Solte o teu som da madeira

(pede para o seu violão [que é feito em sua maior parte de madeira] solte um som musical com alta ressonância, para animá-lo e levar para bem longe a sua tristeza).

Eu você e a companheira

Na madrugada iremos pra casa

Cantando...

(para finalizar o monólogo com o violão, ele toca e canta imaginando voltando de madrugada para a sua casa com o violão e a sua companheira. Cantando...).

A cantora Celestina Maria foi muito feliz em escolher esta música para representar o nosso Estado do Amazonas na Rede Globo. Fico na torcida para que ela alcance outros voos. É isso ai.

Fotos: Só Cartola. Bar Caldeira. José Rocha

            Celestina Maria. Redes Sociais.

#TheVoiceMais