sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

A CHEIROSA


José Rocha

A “Cheirosa” é uma invenção dos indígenas da nossa América do Sul. Foi “descoberta” pelos portugueses quando eles chegaram por essas bandas e relataram aos seus chefes de além-mar que era um costume muito comum usá-la pelos habitantes do “Pau Brasil”.

A “Cheirosa” é cheia de histórias. Por incrível que pareça, ela também servia para enterrar mortos no meio rural. E não era só isso: os escravos também tinham que carregar os colonos para passear na cidade na “Cheirosa”. Pense num sossego para quem ia deitado na “Cheirosa”.

As mulheres dos portugueses deram um toque de classe na “Cheirosa”. Elas enfeitaram-na com franjas e fizeram de algodão.

Alguns caboclos, quando viajavam de avião, levavam a danada junto. Pense numa zoeira!

As famílias de antigamente usavam a “Cheirosa” sem falta, pois não tinha nada melhor para coçar e acabar com as frieiras.

Um velho amigo tinha um truque com a “Cheirosa”. Ele a colocava em cima de onde a mulher dormia. De manhã, ele descia para fazer amor e depois voltava para a “Cheirosa”.

Tem uns caboclos que dizem que a cobra pode entrar na “Cheirosa”, mas não sai dela nem com raiva. Eles preferem levar uma picada.

Hoje, quase fim do ano de 2023, resolvi dar um banho na “Cheirosa” para deixá-la mais cheirosa ainda. Mas, depois do banho merecido, caiu um toró que não foi moleza.

Amanhã ela vai estar sequinha e, com certeza, vou passar o Ano Novo dentro da minha “Cheirosa”.

Para quem não sabe, a minha rede de dormir se chama “Cheirosa”.