terça-feira, 30 de março de 2010

NAVIO JUSTO CHERMONT


Este navio ficou famoso Brasil afora, em decorrência da publicação em 1930, do livro “A Selva”, do grande romancista português Ferreira de Castro (1898-1974). Foi o navio que o levou de Belém do Pará para Manaus e, depois para o Seringal Paraíso, em Humaitá, nos idos de 1911, onde passou quatro anos na semi-escravidão, porém serviu de base para escrever o seu famoso romance.

É um navio muito antigo, data de 1890, funcionava a vapor, com o casco em ferro e proa direita, pesando em torno de 10 toneladas; imaginem como era o barco no início do século passado: era todo iluminado, reservado o primeiro passadiço para os comerciantes e passageiros da 1ª. Classe, ficando os camarotes ao centro; existia uma grande mesa, ao meio, onde eram servidas as refeições dos “barões dos seringais”, funcionários do Estado e os ricos bolivianos (BAZE, Abrahim. Ferreira de Castro – um imigrante português na Amazônia. Manaus: Editora Valer, 2005.).

• Conseguiu chegar ao século XXI, graças à intervenção da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas – estava num estado deplorável, foi todo recuperado e serviu como cenário para o filme “A Selva”, rodado no Tarumã-mirim, nos arredores de Manaus – a sinopse do filme é a seguinte: Alberto (Diogo Morgado) é um jovem da monarquia portuguesa que, em 1912, está exilado em Belém. Com ajuda do tio, é contratado para trabalhar no seringal de Juca Tristão (Cláudio Marzo), na selva Amazônica. Alberto é colocado no armazém do seringal, onde convive com Juca Tristão, Velasco (Karra Elejalde) e Caetano (Roberto Bonfim) – os capatazes do patrão -, Guerreiro (Gracindo Júnior) – o gerente -, e sua bela mulher, Dona Yayá (Maitê Proença). Em pouco tempo, Alberto apaixona-se por Dona Yayá, envolvendo-se em um romance inesperado.

• Depois das filmagens, a SEC/AM mandou fazer uma sala de jantar/bar no deck superior, montou um cenário e o navio passou a fazer carreira entre o centro da cidade de Manaus até o Seringal Vila Paraíso (Igarapé São João – Afluente do Igarapé do Tarumã Mirim (Zona Rural), este local foi transformado em Eco Museu e Museu do Seringueiro (onde fica guardada toda a documentação de “A Selva”), o sitio http://www.culturamazonas.am.gov.br/programas mostra em suas páginas que o museu está na ativa e oferece os seguintes serviços: Visitas Guiadas, direcionadas a estudantes, pesquisadores, turistas e ao público em geral. Roteiro de visitação: Trapiche; Barracão de armazenamento das pelas de borracha; Casarão do seringalista; Barracão de aviamento; Capela de N. Sra da Conceição; Banho das mulheres; Trilha das seringueiras; Casa do seringueiro; Tapiri de defumação da borracha; Cemitério cenográfico; Estrebaria; Casa de farinha; Barracão dos seringueiros. Preço: Inteira: R$ 5,00; Estudante R$ 2,50. De terça a domingo, das 08h às 16h.E-mail: demus@culturamazonas.am.gov.br  - Telefone/Fax: (92) 3234-8755.

• O navio ficou ainda mais famoso quando rumou para Iquitos, na Colômbia, para entrar num filme sobre Che Guevara.

Passado todo o glamour, o navio Justo Chermont, encontra-se abandonado na “Manaus Moderna!” bem atrás do Mercado Municipal Adolpho Lisboa (abandonado também!), não sei qual o destino que irão dar ao famoso e agora esquecido navio; não pertence ao Estado; o custo de manutenção é muito grande e o atual proprietário o deixou "ao léu". Caso eu tivesse "bala na agulha" para poder comprá-lo, iria montar um museu amazônico em seu interior e, promover belíssimos passeios do Rodoway até o Encontro das Águas, atraindo turistas e moradores da nossa querida Manaus.

Deixar como está, abandonado, não é nada JUSTO com o Justo Chermont!

Um comentário:

Eduardo Costa disse...

Rocha, essa é uma das muitas lembraças esquecidas de nossa história que se deteriorizam por falta de iniciativas de nossos governantes em recuperar nossa identidade, Manaus precisa ter uma identidade que vem se perdendo com o tempo, a nossa história não é mais lembrada, podemos citar o navio justo chermont, o museu do porto, os bondes. Abraços