domingo, 24 de agosto de 2025

'CARTA DOIDA' PARA A NASA

Por José Rocha

Desafio de Reciclagem Lunar da NASA

Sugestões para Gestão de Dejetos Humanos no Espaço

Prezados Senhores,

Meu nome é José Martins Soares e moro no coração da Amazônia brasileira, na cidade de Manaus, Estado do Amazonas. Escrevo-lhes com profunda preocupação pelo nosso planeta e pela sobrevivência da espécie humana. Apesar de ser um problema global, estamos gradativamente destruindo nosso modo de vida.

Uma das leis da física afirma que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo. Este é um fato inegável. A população mundial está vivendo mais e a procura por alimentos e moradia é constante. Como consequência, estamos ocupando grandes áreas para a produção de alimentos e construção de moradias, o que implica na destruição do meio ambiente. Os sinais da natureza estão cada vez mais evidentes, com secas severas nos rios da Amazônia, enchentes devastadoras e temperaturas anormalmente altas.

Em minha opinião, a humanidade já habitou o planeta em grande escala, alcançando um estágio elevado de conhecimento e também de destruição. Talvez tenhamos habitado um lugar distante no espaço sideral e, após milênios, voltamos à Terra. Atualmente, estamos repetindo o ciclo, destruindo nosso planeta e obtendo conhecimento para voltar a habitar a Lua ou Marte. Este processo é cíclico. Precisaremos reaprender a viver no espaço para um dia retornarmos à Terra.

Entre os diversos desafios que teremos de enfrentar para viver em uma nova moradia no espaço, um deles é crucial: o gerenciamento dos dejetos humanos. Este é um desafio fundamental para missões de longa duração e habitações espaciais. A Estação Espacial Internacional (ISS) é uma base colaborativa para estudos científicos. Não tenho certeza, mas presumo que os senhores realizam todos os experimentos possíveis para encontrar uma solução para o gerenciamento dos dejetos humanos no espaço.

Aqui na Terra, os dejetos são um problema global. O lixo infiltra nos lençóis freáticos e os esgotos são despejados em córregos e igarapés, poluindo o meio ambiente, especialmente nos países mais pobres que sofrem pela falta de recursos. Se ainda não encontramos uma solução adequada e duradoura para a poluição global, imagine no espaço sideral, onde um dia voltaremos a morar enquanto a Terra se recupera ao longo dos milênios.

Embora muito tenha sido feito para amenizar o problema, a escala global de crescimento populacional, queimadas na Amazônia, derretimento de geleiras devido ao aumento das temperaturas, destruição do meio ambiente, erupções vulcânicas, tsunamis, ciclones, chuvas devastadoras, secas severas, poluição da atmosfera e inúmeros outros problemas causados pelo ser humano fazem com que seja imperativo começarmos a nos preocupar com uma nova moradia no espaço e preparar o 'terreno' para habitá-lo.

Antes de tudo, gostaria de esclarecer o seguinte: não sou pesquisador nem cientista, e não trabalho em nenhuma instituição ou laboratório, seja ele particular ou governamental. Sou um senhor de 68 anos, aposentado, formado em Administração de Empresas com especialização em Comércio Exterior pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Minha intenção é apenas contribuir e, quem sabe, participar das premiações caso o meu trabalho seja um dos vencedores do certame.

Fiz as adaptações possíveis dentro do formulário elaborado pela NASA. Todos os dados técnicos e sugestões aqui enumeradas vieram, em pequena parte, dos meus conhecimentos, mas contei praticamente cem por cento com a ajuda da Inteligência Artificial (IA). Esses estudos estão nos bancos de dados dos mega computadores instalados em algum lugar do nosso planeta.

Não tenho a pretensão de reinventar a roda, apenas fiz adaptações para colaborar de alguma forma no gerenciamento dos resíduos humanos no espaço. Minha equipe é formada apenas por mim, meu computador, a internet a cabo e a Inteligência Artificial (IA). Não domino a língua inglesa e falo apenas o português brasileiro. Portanto, utilizei a tradução da IA para converter o texto do português para o inglês dos Estados Unidos. Espero que a tradução esteja compreensível.

E assim, cobrimos todos os ângulos possíveis para transformar resíduos em recursos de valor tanto no espaço quanto na Terra.



quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Casa da Legião Brasileira de Assistência-Manaus

 

                                                                                                  LBA — acervo do Jornal A Crítica, 1984

Por José Rocha

Localizada na Avenida Joaquim Nabuco, nº 1193, esquina com a Rua 24 de Maio, no coração de Manaus, encontra-se a antiga residência do Desembargador Estevão de Sá Cavalcanti de Albuquerque, erguida no final do século XIX, durante o governo de Eduardo Ribeiro. Por muitos anos, o imóvel abrigou a Legião Brasileira de Assistência (LBA); depois, tornou-se sede do Tribunal de Contas da União (TCU) em Manaus e, atualmente, funciona como sede da Secretaria de Estado de Energia, Mineração e Gás.

Esse casarão faz parte das minhas lembranças de infância e adolescência, vividas junto aos amigos da Rua do Igarapé de Manaus.

                           Desembargador Estevão de Sá Cavalcanti de Albuquerque — acervo de Dudu Monteiro de Paula

Segundo relatos de Eduardo José Cavalcanti Monteiro de Paula, o radialista e jornalista Dudu Monteiro de Paula, seu bisavô, o Desembargador Estevão de Sá Cavalcanti de Albuquerque — pernambucano — foi um dos primeiros moradores daquele casarão. Seu avô, o engenheiro Estevão de Sá Cavalcanti de Albuquerque Filho, também viveu ali. Trabalhou na ferrovia Madeira-Mamoré, onde acabou desaparecendo. Já seu pai, o empresário Edgar Monteiro de Paula, conheceu a futura esposa, Helena Cavalcanti Monteiro de Paula, justamente nessa casa. Dudu conta que a primeira vez em que o pai viu Helena, ela estava ao lado do genitor tocando violino, enquanto uma das irmãs saboreava uma manga-rosa.

Originalmente, o casarão funcionava como casa de campo da família, cercado por jardins laterais e com um pomar nos fundos. Eram famosos os pés de manga-rosa — de casca avermelhada e polpa amarelo-ouro, suculenta e doce — e também os abricós, de casca marrom-clara e polpa alaranjada.

Em 1943, o governador do Estado do Amazonas, o interventor Álvaro Botelho Maia, comprou o imóvel e o transformou em sede da LBA-Manaus. A instituição, criada nacionalmente pela primeira-dama Darcy Vargas, em 1942, tinha como missão acolher as famílias de soldados brasileiros envolvidos na Segunda Guerra Mundial. Em Manaus, sob a presidência de Helena Cidade de Araújo (1942–1945), a LBA desenvolveu programas voltados à assistência social, maternidade, infância, geração de trabalho, saúde básica, cursos profissionalizantes e atendimento a idosos e pessoas com deficiência.

Entre as iniciativas mais marcantes, destacou-se o “Natal dos Pobres”, com distribuição de alimentos, brinquedos, material escolar, fardamentos e medicamentos a comunidades ribeirinhas.

Em 1987, a LBA transferiu-se para um novo prédio na Avenida Darcy Vargas, inaugurado por Marly Sarney e dirigido pela superintendente Mariza Cândida Freitas de Fonseca. A instituição foi extinta em 1º de janeiro de 1995, sendo substituída pelo Sistema Único de Assistência Social (SUAS), vinculado ao Ministério da Cidadania.

Memórias de antigos servidores relatam um episódio trágico ocorrido em 1967: o assassinato de Dona Marica, zeladora que vivia no porão do casarão. Dois suspeitos foram apontados, inclusive um neto da vítima. Além desse crime, circularam histórias de assombrações — vigias afirmavam ver vultos nos corredores e até sentir empurrões misteriosos.

                                                                                                                                                    Acervo José Rocha, 2025

Após anos de portas fechadas, o imóvel escapou da especulação imobiliária graças ao tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Por décadas, abrigou a sede do TCU-Manaus, responsável pela fiscalização contábil, financeira e patrimonial de entidades públicas federais. Desde 2023, passou a sediar a Secretaria de Estado de Energia, Mineração e Gás, encarregada de elaborar, coordenar e implementar políticas públicas para os setores de energia, energias renováveis e geodiversidade no Amazonas.

Nas décadas passadas, minha avó buscava ali atendimento médico e medicamentos fornecidos pela LBA, já na condição de idosa. Guardo na memória a figura do senhor Tabosa, zelador que morava com a família nos fundos do casarão. Seu filho Salvador foi meu colega no Colégio Barão do Rio Branco, e sempre separava mangas-rosa para a molecada colher.

Segundo meu amigo de infância Marcos Holanda — morador da antiga Casa do Dural e da Finada Dondon —, o senhor Tabosa e sua família se mudaram para a Vila Flacy,  próxima à fábrica de tubos do senhor Gadelha.

Recentemente, estive no local para registrar uma fotografia e, para minha surpresa, vi alguns funcionários colhendo mangas-rosas diretamente do velho pomar. Mesmo centenários, aqueles pés continuam a produzir frutos belíssimos.

São muitas as histórias que atravessam o tempo. Este casarão segue protegido por lei federal e preserva não apenas a arquitetura, mas também a memória afetiva de gerações em Manaus.

Fotos:

·        Desembargador Estevão de Sá Cavalcanti de Albuquerque — acervo de Dudu Monteiro de Paula

·        LBA — acervo do Jornal A Crítica, 1984

·        Em cores — acervo José Rocha, 2025