terça-feira, 15 de julho de 2025

O Tombamento do Centro Histórico de Manaus


Por José Rocha

O termo "tombamento" é muito antigo e significa o registro de imóveis protegidos em um livro chamado Livro do Tombo. Seu uso remonta a 1375, quando D. Fernando o utilizou no Arquivo Nacional Português. Desde então, o termo permanece em uso nas cidades históricas, incluindo nossa querida Manaus.

O tombamento é um instrumento de reconhecimento e proteção do patrimônio cultural, e pode ser realizado pelos governos federal, estadual ou municipal.

O governo federal instituiu o tombamento por meio do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, que em seu artigo primeiro define:

“Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país, cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico, etnográfico, bibliográfico ou artístico.”

Para que um bem seja considerado patrimônio histórico e cultural, ele deve ser inscrito no Livro do Tombo, podendo se enquadrar nas categorias: arqueológico, etnográfico, paisagístico ou histórico, conforme previsto pelo decreto federal.

Antes da definição legal para o tombamento de todo o Centro Histórico de Manaus, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tombou alguns dos bens mais importantes da cidade, como:

  • Teatro Amazonas (1966)
  • Mercado Adolpho Lisboa (1987)
  • Reservatório do Mocó (1995)
  • Cemitério São João Batista (1988)

Infelizmente, grande parte das casas, casarões, palácios e palacetes foi severamente destruída ou desfigurada com o avanço do comércio de importados da Zona Franca de Manaus. O metro quadrado do centro da cidade chegou a ser o mais caro do Brasil, e muitos desses imóveis foram divididos em cubículos para abrigar pequenas lojas — algo que ainda se observa hoje.

Não tiveram a mesma sorte o Cine Guarany, Cine Odeon, Palacete Miranda Corrêa, o Prédio da Saúde (na Praça do Congresso), entre outros, que foram demolidos para dar lugar a prédios residenciais, bancos e lojas.

Somente em 2012, o IPHAN determinou o tombamento do Centro Histórico de Manaus, abrangendo a Orla do Rio Negro e os arredores do Teatro Amazonas. Nove anos depois, em 2021, o Ministério do Turismo homologou esse tombamento, reconhecendo-o como patrimônio cultural brasileiro. Manaus passou a integrar oficialmente a lista de cidades históricas do Brasil, conforme a Portaria nº 141/2021, publicada no Diário Oficial da União em 28 de julho.

O tombamento do Centro Histórico de Manaus é fundamental para a proteção do patrimônio histórico, arquitetônico e cultural da cidade. Preserva sua identidade, impulsiona o turismo e assegura o direito à memória, especialmente em relação ao período áureo do Ciclo da Borracha. Além disso, impede a destruição ou alteração dos bens tombados, garantindo que futuras gerações possam conhecer e valorizar o passado da capital amazonense.

Fontes consultadas: Google, Gemini, Copilot, IPHAN, Prefeitura de Manaus, Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, Portal Amazônia, Gov.br

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