Ficava no térreo de um prédio de três andares, bem em frente à Praça Antônio Bittencourt, mais conhecida como Praça do Congresso (em decorrência de um Congresso Eucarístico Diocesano de Manaus, realizado naquele logradouro em 1942) – um local que marcou toda uma geração de jovens que estudavam em seu entorno nas décadas de setenta e oitenta, sendo muito lembrada, atualmente, nas redes sociais.
Lembro-me muito bem - eu
era um jovem estudante do Instituto Benjamim Constant e saímos aos bandos para
tomar sorvete e paquerar as gatinhas do IEA que marcavam presença em peso na
sorveteria Pinguim – elas usavam uma farda constituída de uma blusa branca e
saia que virava minissaia, deixando os marmanjos babando. A Caixa era uma moça
muito bonita, acredito que era a filha do proprietário.
Na realidade, todo o
entorno era bonito e a Sorveteria Pinguim o ponto de encontro e paqueras dos
jovens, além de saboreávamos um sorvete tipo carioca (casquinha, o mais barato
que cabia nos bolsos dos estudantes). Somente não gostávamos dos estudantes do
Colégio Militar, pois eram muito assediados pelas meninas do IEA e do IBC.
A fotografia em preto e
branco um acervo do saudoso prefeito de Manaus, Frank Abrahim Lima, postado no
site do Instituto Durango Duarte (IDD), onde aparecem em destaque estudantes
normalistas (IEA), em 1973, além de uma lixeira em formato de uma Taça, com o
logotipo da Prefeitura Municipal de Manaus.
Tempos depois, fui estudar
à noite no IEA, acabaram os sonhos juvenis e começava a trabalhar e sentir o
peso da responsabilidade. O sorvete já não era mais a pedida, pois a sorveteria
montou um Bar ao lado onde é hoje a Biblioteca Pública.
Em 1973, o colunista
social Nogar publicou em sua coluna social o seguinte: “Dia 31 a Sorveteria
Pinguim Limitada, vai inaugurar um luxuoso salão de drinques, refeições e
dança, onde a família amazonense poderá divertir-se num ambiente seleto
usufruindo da direção da mesma a hospitalidade, a paz, a alegria e o respeito
merecido. A entrada é pela Rua Monsenhor Coutinho no. 529”.
Recentemente, recebi o
seguinte e-mail (motivador desta postagem): “Chamo-me André Varela. Sou de
Manaus, minha esposa está atualmente como diretora da Biblioteca Pública João
Pantoja Evangelista. A Sorveteria Pinguim possui um valor sentimental, pois na
década de 80 aos 14 anos de idade foi chapeiro com muito orgulho. Minha mãe
conhecia a dona do estabelecimento e foi por algum tempo sua empregada. O seu
trabalho é imprescindível para a nossa história. Parabéns”.
A fotografia atual é minha autoria – mostra o local onde era a Sorveteria Pinguim - está fechada e sem nenhuma atividade econômica, somente as lembranças dos velhos tempos.
No entanto, as aulas estão
voltando a normalidade, a Praça da Saudade está toda revitalizada e o palacete
da esquina virou biblioteca pública, faltando somente voltar a frequentar o
local as nova geração de estudantes.
A escrever essas linhas
saudosistas veio-me a mente a ideia de conversar com o meu filho Alexandre
Soares, que é do ramo de sorveteria, para conversar com o proprietário do
prédio e, caso o aluguel não for salgado, mas, sim, doce que nem um sorvete
misto de casquinha, quem sabe um dia abrirmos em novo estilo a nova Sorveteria
Pinguim.
É isso ai.